Fw: [etnolinguistica] 'Milho': difusão lexical?

W.F.H.Adelaar w.f.h.adelaar at LET.LEIDENUNIV.NL
Fri Aug 15 06:55:02 UTC 2003


 Prezado Eduardo,

 Uma fonte possível são as línguas Arawak: Waurá maiki, Palicur máyki,
 Wapishana: mazikh (z = retroflexa) (Douglas Payne 1991); é a mesma palavra
 que o 'maíz' do Espanhol (do Taíno).

> Willem Adelaar
>
>
> ----- Original Message -----
> From: <erribeir at uchicago.edu>
> To: <etnolinguistica at yahoogrupos.com.br>
> Sent: Sunday, August 10, 2003 6:52 PM
> Subject: [etnolinguistica] 'Milho': difusão lexical?
>
>
> > Prezados colegas,
> >
> > As palavras para 'milho' em algumas línguas Macro-Jê são extremamente
> > semelhantes (Karajá maki, Karirí masiki, Purí maki).  Este fato, em
> línguas tão
> > remotamente relacionadas (onde correspondências fonológicas são tudo,
> menos
> > óbvias), sugere a possibilidade de difusão lexical, em vez de retenção
de
> uma
> > proto-língua comum.  Se esta hipótese estiver correta, qual seria a
fonte
> > destes empréstimos?  Para tentar traçar a extensão geográfica de
prováveis
> > cognatos desta raiz, bem como a provável origem da mesma, criei um banco
> de
> > dados na página do grupo, que pode ser acessado no endereço seguinte:
> >
> > http://br.groups.yahoo.com/group/etnolinguistica/database
> >
> > Por enquanto, a tabela contém apenas dados das línguas Macro-Jê aqui
> > mencionadas.  Peço aos colegas que se interessarem por este assunto que,
> por
> > gentileza, contribuam com dados das línguas que estão estudando.
Qualquer
> > membro do grupo pode acrescentar dados à tabela. Ou, caso prefiram,
podem
> > enviar os dados para o meu endereço, que eu me encarrego de
acrescentá-los
> à
> > tabela, para que todos possam ter acesso a eles.
> >
> > Embora em algumas línguas as palavras para 'milho' sejam muito
> provavelmente
> > empréstimos recentes de uma língua Tupí-Guaraní (por exemplo, Krenák
> wati?,
> > Seki 2000:366), o mesmo não parece ser o caso do Karajá, do Purí e do
> Karirí.
> > Donahue, um antropólogo que estudou os Karajá, chegou a aventar a
hipótese
> de
> > que a palavra Karajá fosse um empréstimo de uma língua européia (em
última
> > instância, de origem Karib):
> >
> > "The Karajá word for corn is mai, which happens also to be the French
word
> for
> > corn, both surely derived from maize, a word of Carib origin.  It could
> well be
> > that corn was introduced to the Karajá by Europeans after contact, an
> > interesting case of circuitous diffusion.  If such an American staple of
> corn
> > were introduced by Europeans, it might indicate that the Karajá have
come
> to
> > horticulture quite a bit later than many other central Brazilian
tribes."
> > [Donahue 1982: 83]
> >
> > Se Donahue tivesse considerado a forma na fala feminina (maki), que é a
> fala
> > mais conservadora, talvez tivesse chegado a conclusão diferente.  O que
os
> > colegas que lidam com línguas Karib acham disso?  Se as formas nas
línguas
> > Karib contêm uma consoante quebrando o hiato (mahi, ma?i) talvez as
> palavras
> > Karajá, Purí e Karirí representem uma forma mais conservadora de uma
> palavra
> > cognata.  Todas estas conjecturas, naturalmente, são apenas isto -
> conjecturas -
> >  até que haja mais dados para que a hipótese de difusão lexical seja
> rejeitada
> > ou confirmada.  Seria possível que, no final, tanto formas como maki,
> quanto
> > formas como awaci e congêneres, provenham da mesma fonte?
> >
> > Desde já, muito obrigado aos colegas que responderem!
> >
> > Cordialmente,
> > Eduardo
> >
> >
> > Referências:
> >
> > Donahue Jr., George R. 1982. A Contribution to the Ethnography of the
> Karajá
> > Indians of Central Brazil. PhD dissertation. University of Virginia.
> > Seki, Lucy. 2000. Os Krenak (Botocudo Borum) e sua língua. In Actas del
I
> > Congreso de Lenguas Indigenas de Sudamérica. Tomo I. Lima: Universidad
> Ricardo
> > Palma.
> >
> > ---------------------
> > Eduardo Rivail Ribeiro
> > Museu Antropológico/Universidade Federal de Goiás
> > Department of Linguistics/University of Chicago
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