[etnolinguistica] Algumas notas sobre prefixos relacionais

Eduardo Rivail Ribeiro erribeir at MIDWAY.UCHICAGO.EDU
Sat Feb 1 19:19:40 UTC 2003


Dioney,
Você poderia nos enviar exemplos envolvendo a primeira e a segunda pessoas
(tanto na oração principal, quanto na oração subordinada)? Desde já, muito
obrigado. Aliás, só uma curiosidade: em (2), o segundo verbo é marcado por
je-; este prefixo não seria cognato com o reflexivo? Não seria este um caso
de marcação do tipo 'switch-reference' (quando o sujeito do verbo
subordinado é o mesmo da oração principal, o prefixo reflexivo seria usado;
com sujeitos diferentes, o prefixo de terceira pessoa não reflexiva
ocorreria)? Isto seria basicamente o mesmo que ocorre em outras línguas do
complexo Tupi-Karib-Jê, como o Kariri e o Bororo. É comum que orações
subordinadas (ou nominalizadas?) tenham marcação de pessoa reduzida,
limitando-se a exprimir switch-reference (quando muito). O que você acha?
Abraços,
Eduardo


----- Original Message -----
From: "Dioney Moreira Gomes" <dioney98 at unb.br>
To: <etnolinguistica at yahoogrupos.com.br>
Cc: <qxls at unb.br>
Sent: Saturday, February 01, 2003 9:41 AM
Subject: Re: [etnolinguistica] Algumas notas sobre prefixos relacionais


> Eduardo,
> Não me expressei bem. Ao lançar uma parte da bibliografia de Rodrigues
tinha em
> mente duas coisas: 1) revelar uma parte da minha fundamentação; 2)
fornecer aos
> demais colegas algumas referências. Me lembro bem da sua paixão
> pela "Morfologia do Verbo Tupi" (1953) quando estivemos em Belém em 95.
Sei que
> você é ávido leitor de Rodrigues. Me perdoe se passei uma idéia errada.
> Continuo pensando sobre o tópico em análise e agora que inicio uma
inspeção na
> subordinação do Mundurukú, percebo que, sistematicamente, uma das orações
não é
> marcada para pessoa. O fato é que justamente o que tenho tratado como
> relacional (e não como 3 pessoa) sobrevive em qualquer contexto de
subordinação
> que envolva um argumento absolutivo:
> 1. o'=ju wawa (3Sa=ir chorando) 'Ele foi chorando'. (aqui não há ambiente
para
> relacional; percebe-se que o marcador de pessoa só ocorre em uma das
orações.)
> 2. o'=t.i mu-dek je-kodododon (3Sa=NCNT.CL CAUS-atravessar INTR-nado) 'Ele
> atravessou o rio nadando.
> 3. akurice y-a-a buje y-aoka kuka o='e (cachorro NCNT-morder se NCNT-matar
ASP
> 3=AUX) 'Ele mataria o cachorro se o mordesse.'
> 4. t.irem o'=je-kororot puye (NCNT-estar.molhado 3Sa=INTR-nado porque)
'Está
> molhado porque nadou.'
>
> Nos exemplos 1 e 2, o marcador de pessoa só ocorre em uma das orações. O
mesmo
> se dá nos exemplos 3 e 4, porém no verbo sem marca de pessoa está o
relacional:
> em 3, ele informa a não ocorrência contígua do objeto tanto do verbo "a"
> (morder) quanto do verbo "aoka" (matar); em 4, como em qualquer verbo
> intransitivo estativo do Mundurukú, o verbo "tirem" está na forma
não-contígua,
> e o marcador de pessoa está no outro verbo. Assim, se fosse marcador de
pessoa
> o que trato como relacional não era de se esperar um comportamento similar
aos
> demais marcadores de pessoa (pergunta). Bom, é apenas um início de
discussão e
> reflexão, ficarei grato se puder(em) me ajudar a compreender esses fatos.
> Um abraço.
> Dioney




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