[etnolinguistica] Resumindo mesmo

Eduardo Rivail Ribeiro erribeir at MIDWAY.UCHICAGO.EDU
Fri Feb 7 17:14:08 UTC 2003


Andrés,
Concordo que a discussão foi, de fato, instrutiva, e agradeço a sua
disposição em participar dela.

> Nao vou lhe dizer como fazer linguistica diacronica, pois disso eu nao
> sei nada. Mas fiquei muito mais empolgado com suas primeiras

Agora, se você tivesse admitido isto desde o princípio, teria me poupado
muito do meu tempo.
Abraços a todos,
Eduardo

----- Original Message -----
From: "Andres P Salanova" <kaitire at mit.edu>
To: <etnolinguistica at yahoogrupos.com.br>
Sent: Friday, February 07, 2003 11:56 AM
Subject: [etnolinguistica] Resumindo mesmo


> Nao quero ficar batendo em cachorro morto, mas acho que a discussao
> que tivemos nos ultimos dias foi bastante instrutiva. Vou resumir os
> argumentos, ja que talvez desta forma sejam possiveis outras
> discussoes sobre o assunto mais adiante.
>
> (1) Eduardo acredita que os prefixos relacionais serviriam para
> demonstrar uma relac,ao entre Je, Tupi, Karib e uma serie de outras
> linguas tradicionalmente consideradas como sendo aparentadas a familia
> Je.
>
> (2) Nas linguas Tupi (e, repito, so me baseio no paradigma Tupinamba
> que Eduardo apresentou), aparentemente ha evidencias de que os
> relacionais realmente sao prefixos, ja que existem as formas r-oka,
> s-oka e oka.
>
> (3) Nao existe praticamente nenhuma evidencia para a existencia de
> prefixos relacionais em dois dos tres ramos da familia Je sobre os que
> temos informac,oes, nem na maioria das linguas consideradas Macro-Je.
>
> (4) Uma serie de artigos de titulo "Os prefixos relacionais em X",
> onde X e uma das linguas Je setentrionais, defendem a existencia de
> prefixos relacionais no ramo setentrional da familia Je.
>
> (5) Estes prefixos relacionais diferem do paradigma Tupinamba, pois
> nao contrastam com uma forma de citac,ao. Isto e minimizado por
> Eduardo, mas nao e trivial, do meu ponto de vista: se nao ha um
> prefixo que sirva para indicar a contiguidade do objeto, entao nao ha
> "prefixo relacional", ha apenas uma semelhanc,a superficial entre os
> prefixos relacionais e alguma outra coisa.
>
> (6) Com base em uma serie de fatos do Mebengokre, defendo que o
> apagamento dos ditos "prefixos relacionais" nao passa de um reflexo da
> flexao de pessoa, e adicionalmente que eles devem ser considerados
> parte do radical (i.e., que nao existe a categoria morfologica
> "relacional"). Fac,o duas apostas com o Eduardo, e ele responde me
> mandando ler os seus artigos. (Ja tinha lido o seu artigo sobre prefixos
> relacionais; a verdade e que nao aporta nenhuma novidade, tendo lido
> ja quatro ou cinco artigos da serie "Os relacionais em X"). Outrossim, nao
> entendo porque a gente nao pode discutir por emelho. Voce nao responde
> perguntas quando vai a congressos?
>
> (7) As convicc,oes historicistas de Eduardo o levam a descartar
> qualquer analise baseada em evidencias sincronicas se ela nao calha
> com "evidencias" diacronicas (note-se que eu ofereci nao so
> evidencias estruturais, senao ir ao campo fazer um experimento). As
> evidencias diacronicas de Eduardo, como mencionei acima, so sao
> evidencias com muita boa vontade, com a possivel excec,ao dos artigos
> escritos sobre os relacionais de X, para X={linguas Je setentrionais}.
>
> (8) Uma serie de considerac,oes sobre o que faz que uma analise
> lingu:istica seja melhor do que outra poderiam ser intercaladas aqui,
> mas provavelmente elas nao vem ao caso, pois me disponho a aceitar o
> desafio de mostrar que, mesmo levando em conta os artigos mencionados, nao
> ha evidencias independentes para se falar em relacionais na familia Je.
> (Veja bem, nao ha problema em insistir na hipotese Macro-Je+Tupi+Karib,
> mmesmo apos o dito aqui; mas tenho certeza que se as evidencias vao ser
> tao superficiais quanto esta, voce vai encontrar evidencias para
> agrupamentos muito maiores).
>
> (9) Tudo bem, entao. Quando entrei na discussao, nao tinha me dado
> conta que a coisa era tao facil. Como suas unicas evidencias provem do
> Mebengokre, Suya, Panara, Apinaye e Timbira, basta estender a nossa
> analise do Mebengokre a estas linguas, e constatar se em cada uma
> delas ela e muito superior a analise que lanc,a mao dos prefixos
> relacionais, seja por criterios estruturais, experimentais ou
> conceituais, como mantenho que ela e para o Mebengokre. O criterio
> diacronico nao vai ter o menor valor neste caso, pois ficaria
> demonstrado que a familia Je e livre de "relacionais" verdadeiros.
> Obviamente eu nao posso fazer isto so, pois nao conhec,o as linguas nem
> tenho acesso a elas. Mas proponho o seguinte aqueles colegas que tenham
> compromisso com a verdade: fac,am um experimento informal que consista em
> apresentar aos falantes logatomas inalienaveis (ou que representem verbos
> ou alguma outra palavra flexionavel) comec,ados na consoante que e
> chamada de "prefixo relacional marcador de contiguidade". Pago a cerveja
> de quem encontrar que essa consoante se mantem estavel em todo o
> paradigma flexional. Depois podemos discutir os resultados.
>
> (10) Finalmente, Eduardo mantem que nao levo em considerac,ao os
> trabalhos dos colegas por teimosia. Muito pelo contrario; a visao que os
> trabalhos sobre "Os relacionais em X" expressam e a minha propria ate o
> momento que me convenci do contrario (a nova ideia nem foi minha; foi
> sugerida a mim pela Malu Braga). Me convenci porque achei argumentos
> convincentes. Ate falei muito claramente o que considero um
> contraargumento, e o aceito, quando ele e bem formulado. O que eu acho
> desprezo, ou melhor dizendo, uma verdadeira vergonha, e que tenham sido
> publicados artigos sobre os "Relacionais em X" (onde X e uma lingua Je
> setentrional) apos a publicac,ao do nosso artigo, e que estes nao tentem
> responder a um so dos argumentos apresentados nele para defender a nossa
> analise. Isto evidentemente nao e porque o nosso artigo "nao esta
> disponivel no Brasil", pois eu sempre dei todos os meus manuscritos a
> quanto colega quisesse ler, e muitos no Brasil tem a versao que apareceu
> no livro do CNWS. Os motivos para ignora-lo sao outros, mas isto nao vem
> ao caso. Como eu acho que na ciencia a voz que prevalece so pode ser a de
> quem tem melhores argumentos, e nao a da maioria, vou continuar enchendo
> o saco de quem abrac,a uma hipotese obviamente falha apenas por ter a
> fantasia de mostrar relac,oes geneticas de longo alcance.
>
> Saudac,oes a todos,
> Andres
>
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