[etnolinguistica] Voltando aos "PR"

Andres P Salanova kaitire at MIT.EDU
Sat Feb 15 18:58:02 UTC 2003


Alo a todos

> ou ainda, sera que os prefixos relacionais (prefixos de fato ou
> alternancias morfofonemicas, seja la o que for) nao poderiam ser um
> traco tipologico areal, em vez de genetico? ou seja, sera que nao
> poderia ter havido um emprestimo massivo entre varias linguas por
> causa de contato entre povos?
> [Meira, S.]
>
> Isso eu acho difícil. Seria preciso, como você diz, um empréstimo massivo
> para que
> um detalhe tão idiossincrático da gramática também fosse transferido (note

E verdade que, ceteris paribus, e preferivel achar uma verdadeira
explicac,ao do que atribuir algo ao acaso ou falar em fenomeno areal, mas
o problema aqui e que os chamados "prefixos relacionais" NAO SAO um
fenomeno homogeneo. A noc,ao de "prefixo relacional" e perniciosa porque
ela esta definida de tal maneira ("marcador de contiguidade entre nucleo e
complemento, etc. etc.") que ela pode ser utilizada para botar coisas das
mais diversas no mesmo saco (por exemplo, os "aplicativizadores nominais"
do Kaingang com a flexao de terceira pessoa das linguas Je setentrionais,
com os "relacionais verdadeiros" das linguas Tupi,...; ate um fenomeno de
juntura fonologica pode entrar nessa definic,ao). Por outro lado, se a
coisa e um fenomeno suficientemente superficial ("morfologia esquisita na
margem esquerda de um nucleo"), a hipotese de um fenomeno areal e tao
ou mais plausivel do que a hipotese das relac,oes geneticas.

> que o
> português tem um monte de empréstimos às línguas tupí, mas não adquiriu
> nenhum
> 'alternância' ou 'prefixo' relacional).

Bem, o motivo para isto provavelmente e que o contato entre o portugues e
as linguas tupi, se tomamos perspectiva, foi insignificante. Nao sei nada
do assunto (novamente), mas acredito que em nenhum momento houve diglossia
entre Lingua Geral e Portugues numa porc,ao muito significativa da
populac,ao brasileira, como para que houvesse emprestimos alem dos termos
de flora e fauna (algo virtualmente inevitavel).
Outrossim, nao me parece que as situac,oes de contato lingu:istico possam
ser pensadas atraves de um unico modelo. A contribuic,ao lexica das
linguas africanas ao crioulo haitiano e minima, mas, se Lefebvre tem
razao, uma serie de elementos gramaticais foram trazidos sem modificac,ao
significativa das linguas Gbe. Portanto gramatica e lexico nem sempre vao
um da mao do outro.

> eu concordo com a amelia: seria legal poder ver correspondencias
> sistematicas entre coisas mais, em varios dominios da gramatica --
> seja morfologia, fonologia, o escambal...
>
> Creio que todos concordam. Mas este trabalho ainda está por fazer. Afinal,
> trata-se de
> línguas que, se forem aparentadas, estão já muito distantes e diferentes
> umas das outras,
> separadas que estão já há muito tempo. Encontrar semelhanças entre elas é
> duro, e
> demanda muito esforço e muita familiriadade com as suas gramáticas e
> vocabulários.
> E, as the saying goes, as descrições ainda são, em muitos casos, tão
> incompletas...
> Mas esse é o caminho a seguir.

Eu acho que ja sabemos o suficiente sobre os "relacionais" em varias
linguas como para evitar certas confusoes elementais. E comec,amos a ter
informac,oes bastantes sobre as linguas Je, por exemplo, como para tentar
uma comparac,ao que fac,a justic,a a complexidade de sua morfologia.
(Alias, alguem sabe se tem havido trabalho lingu:istico sistematico -
publicado - sobre as linguas Je centrais nos ultimos anos?)

Saudac,oes afetuosas,
	Andres

PD: Sergio, finalmente li seu artigo sobre classes de palavras em Karib.
Mais tarde te envio alguns comentarios. Um abrac,o, Andres.


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