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Eduardo Rivail Ribeiro erribeir at MIDWAY.UCHICAGO.EDU
Wed Jan 29 19:16:29 UTC 2003


Prezado Dioney (e pessoal 'na escuta'),
Tudo beleza? Obrigado por sua mensagem (e pelas dicas sobre o Mundurukú).
Finalmente encontrei os dados do Mundurukú a que me referia; trata-se de um
capítulo da tese da Mary Angotti (gentilmente enviado pela colega Gessiane
Picanço); exemplo do prefixo e- com verbos (Angotti 1998: 12; ela traduz o
prefixo e- como 'nome genérico'):

o'-je-a-e-bãg  wa'e
3S-INTR-CLASS-N.GEN-quebrar  cuia.CLASS
'A cuia quebrou.'

O interessante, no caso do Mundurukú, é o fato de que o prefixo e- não
parece pertencer à classe que
recebe prefixos relacionais ("classe II"). Em Tupinambá, Emérillon (segundo
Françoise Rose) e Sateré-Mawé (levando-se em consideração a análise da Dulce
Franceschini), parece que sim, o mesmo se dando em Macro-Jê. Em termos
histórico-comparativos,  creio que isto tem um importante valor
'diagnóstico', diminuindo as chances de que as semelhanças entre os
diferentes troncos seja pura coincidência. Também denuncia uma origem
lexical para o prefixo (algo semelhante ao que ocorre com o marcador de
antipassiva em Karajá, que também pertence à classe II e parece ser cognato
do morfema õ 'coisa' em outras línguas do tronco).
Mas, se entendo bem (a partir da leitura do seu artigo nos anais do Encontro
de Belém), mesmo como relíquias, 'relacionais' (ou o que sobrou deles) são
extremamente raros em
Mundurukú. Talvez o prefixo e- forneça pistas sobre o que pode ter ocorrido
com outras raízes da classe II nesta língua, não?
Também acho interessante o quanto as línguas Jê são conservadoras (não
apenas em comparação com o Tupí, mas em comparação com outras famílias do
tronco Macro-Jê, como o Karajá e o Karirí; tanto morfológica e
sintaticamente, quanto fonologicamente).
Mais uma vez, muito obrigado, e um grande abraço,
Eduardo


----- Original Message -----
From: "Dioney Moreira Gomes" <dioney98 at unb.br>
To: <etnolinguistica at yahoogrupos.com.br>
Sent: Wednesday, January 29, 2003 10:15 AM
Subject: Re: [etnolinguistica] Sobre o 'marcador de posse alienável' em Jê


> Primeiramente, um grande abraço ao meu amigo Eduarrrrdo e um alô a todos
os
> demais colegas.
> Em Mundurukú, com nomes existe o prefixo alienador e- (w-e-kobe 'minha
canoa')
> e o prefixo reflexivo je- (je-ba 'braço dele mesmo'). Há também o
> reflexivo/recíproco jewe- (talvez, apenas we-), como em [akurice] [o' jewe
aha
> ip]([cachorro] [3sa OCS morder eles])'os cachorros se mordiam'.(OCS:
Objeto
> correfencial ao sujeito).
> Até mais.
> Dioney
>





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