[etnolinguistica] o debate continua

M.O. Souza Cruz mo.souza-cruz at LET.VU.NL
Thu Jul 3 16:43:37 UTC 2003


Caros colegas,

As recentes discussões sobre a questão dos futuros
representantes da ABRALIN no MEC têm sido interessantes.
Considero que os profissionais interessados estão
contribuindo de algum modo para com o debate, pois, a
despeito dos diferentes pontos de vista, o objetivo é o
mesmo: fazer o melhor para a lingüística no Brasil e para
as comunidades indígenas. Neste sentido, achei pertinentes
algumas das questões levantadas pelos mediadores do grupo e
outros debatedores no que concerne à questão de material
didático. Quero dizer que nenhum lingüista estará isento de
cometer ?erros? ou de mitigar todos os problemas de uma
língua indígena; o fato de o lingüista ser o mais
criterioso possível, quando na confecção de um material
didático, ainda não o exime das revisões. Construir
material didático em línguas indígenas, analogamente
falando, é como esculpir uma obra de arte que vai sendo
trabalhada, lapidada e modelada ao longo do tempo. A língua
portuguesa é um exemplo, há mais de 500 anos que ela vem
sendo desenhada e tratada por diversas mãos que se apóiam
sob as mais variadas teorias, mas nem por isso os problemas
que a língua apresenta foram todos resolvidos.

Acabo de ler os comentários gerais de Storto e Sândalo.
Entretanto, não foram apresentados metas de ação ou mesmo
um plano de trabalho a ser desenvolvido pelos
representantes no MEC, sinto falta disso.
A minha sugestão para qualquer uma das chapas é que definam
como meta de ação: 1) a tradução, principalmente do inglês
para o português, das ?boas? gramáticas de línguas
indígenas. Defendo que a tradução seja para o português,
não por questões políticas ou ideológicas, mas por ser ela
a segunda língua da maioria dos falantes nativos, ou senão
a primeira. De fato, o ideal mesmo seria preparar o falante
nativo para que ele dominasse o inglês, o espanhol, o
francês etc. e pudesse ler o material que foi produzido
sobre sua língua, mas enquanto isso não é possível, algo
precisa ser feito; 2) revisão sobre a postura do MEC no que
concerne à educação infantil (Pré-escolar) nas áreas
indígenas. Tenho acompanhado a angústia dos professores
indígenas de Roraima, os quais ainda estão discutindo o
ensino de língua materna/bilíngüe, no que concerne à
demanda do MEC para que os mesmos já apresentem planos,
discussões, propostas sobre a educação infantil. A educação
é um processo lento e, nesse caso específico, a realidade
de cada povo, aldeia e contexto dos professores precisa ser
ouvida e considerada.

Saudações acadêmicas,

Odileiz Cruz

Universidade Federal de Roraima/Vrije Universiteit
Amsterdam
mo.souza-cruz at let.vu.nl


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