[etnolinguistica] Candidatos a representantes da Abralin no MEC: um convite ao debate

Linguistica no Museu linguasindigenas at YAHOO.COM
Mon Jun 23 15:47:20 UTC 2003


Caros colegas,

Aproxima-se a data para a eleição da nova diretoria da Abralin, que ocorrerá em Assembléia da entidade a ser realizada em 15 de  julho, na UFPE. Na mesma ocasião, deverão ser também indicados dois nomes (um titular e um suplente) para representar a Abralin na Comissão de Análise de Projetos na Área de Educação Escolar Indígena do MEC. Até o momento, duas chapas disputam tais posições: a primeira (em ordem de lançamento) é composta pelas colegas Luciana Storto (USP) e Filomena Sândalo (Unicamp) e a segunda, pelos colegas Marília Facó (Museu Nacional) e Wilmar D'Angelis (Unicamp).

As mensagens de lançamento de ambas as chapas (enviadas à lista CVL, mas não a esta lista; vide 'links' abaixo) contêm informações curriculares dos candidatos (em alguns casos, quilométricas listas de trabalhos publicados e apresentados, projetos assessorados, etc.), mas seria interessante saber mais a respeito das opiniões de ambas as chapas com relação a questões cruciais da educação indígena no País. Mais do que listas de trabalhos publicados e atividades de assessoria, a resposta a tais questões seria mais informativa com relação à atuação dos candidatos e ao tipo de contribuição que eles poderiam trazer à melhoria da qualidade da educação indígena brasileira.

Qual seria, por exemplo, a opinião dos candidatos com relação ao papel da educação escolar indígena em iniciativas de preservação e revitalização lingüística? Qual seria a importância de uma ortografia fonemicamente bem fundamentada? E qual seria a opinião dos candidatos com relação ao papel dos chamados 'assessores lingüísticos' em projetos de educação indígena? É claro que a produção de material escrito em língua indígena, por si só, não é suficiente para evitar que uma língua desapareça. Mas, ao mesmo tempo, nenhum lingüista em sã consciência negaria que a produção de materiais escritos em língua indígena desempenha um papel importante em seu fortalecimento e revitalização. Em vários casos, crianças que não falam a língua indígena virão a aprendê-la na escola (pelo menos em parte). Portanto, embora certos lingüistas pareçam dar pouca importância a questões ortográficas, a existência de uma ortografia fonologicamente correta pode vir a ser fundamental para o aprendizado da língua.
 Uma ortografia deficiente, que ignore as peculiaridades fonológicas da língua e a aproxime, artificialmente, da língua majoritária, é no mínimo irresponsável.

Níveis de alfabetização obtidos são, em geral, usados como argumentos para se avaliar o progresso de um programa. Mas pouco se diz a respeito do que acontece com o alfabetizado depois de sua experiência escolar. Não é difícil encontrar adultos que não conseguem mais escrever em sua língua, mesmo depois de terem sido 'alfabetizados' na escola indígena. A menos que se tornem professores (um mercado de trabalho que, apesar de estar em expansão, dificilmente absorveria todos os alfabetizados), haverá pouco ou nenhum uso para a língua indígena escrita. Até que ponto a produção de material didático tem contribuído para a criação de uma tradição de escrita que ultrapasse os limites da escola? Que estratégias, na opinião dos candidatos, podem ser usadas para ampliar o uso da escrita, caso necessário?

Estas são apenas algumas das questões que merecem ser discutidas e levadas em consideração na escolha dos representantes da Abralin no MEC; convidamos os demais colegas a apresentarem outras questões que considerarem pertinentes. Presume-se que a existência de duas chapas indique diversidade de idéias -- o que é saudável, sempre. Se, no final, resultar que ambas as chapas compartilham as mesmas opiniões e defendem as mesmas idéias, ficamos, então, com mais uma pergunta incômoda: por que duas chapas, e não apenas uma?

Sinceramente,

Mônica Veloso Borges
Eduardo Rivail Ribeiro
(moderadores da lista 'Etnolingüística')

PS. Para ler mais sobre ambas as chapas, clique nas conexões abaixo:
http://br.groups.yahoo.com/group/etnolinguistica/files/Chapa_1.pdf
http://br.groups.yahoo.com/group/etnolinguistica/files/Chapa_2.pdf




Seção de Etnolingüística
Museu Antropológico, Universidade Federal de Goiás
Avenida Universitária, 1166, Setor Universitário
74605-010 Goiânia, Goiás, BRASIL

"Linguista sum: linguistici nihil a me alienum puto."
(Roman Jakobson, 1896 - 1982)

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