[etnolinguistica] Cantadores dos povos Timbira se encontram no Maranhão

Flavia de Castro Alves pahno at IEL.UNICAMP.BR
Wed Feb 4 12:02:22 UTC 2004


Brasília, 30/01/04 - A riqueza dos cantos rituais timbira estará em
exibição entre os dia 2 e 6 de fevereiro na cidade de Carolina, no sul do
Maranhão, durante um evento que deve reunir 130 cantadores e cantadoras
tradicionais de seis povos que vivem na região. O Primeiro Encontro de
Cantadores Timbira é parte de um projeto de documentação e de
fortalecimento cultural denominado Arquivo Musical Timbira, desenvolvido
pelo CTI (Centro de Trabalho Indigenista) desde 1996. Esse projeto foi um
dos 12 selecionados pelo Programa Petrobrás Música entre 466 propostas
apresentadas em 2002.

"É a primeira vez que estarão reunidos tantos increlcatê (os cantadores) e
tantas hõkrepôj, (as cantadoras) num mesmo lugar. Será uma ocasião de
intensa troca de repertórios", afirma a antropóloga e coordenadora do CTI,
Maria Elisa Ladeira, que integra um grupo de pesquisadores que há 20 anos
investiga o modo de vida dos Apinajé, Krahô, Apanjêkra-Kanela,
Ramkokamekra-Kanela, Pykobjê-Gavião e Krikati, os seis povos timbira que
vivem entre o sul do Maranhão e o norte do Tocantins, em uma região de
transição entre o cerrado e a floresta amazônica.

Poética da natureza

Ainda pouco pesquisado, o cancioneiro timbira é parte fundamental da vida
ritual desses povos, organizada em torno das estações seca e chuvosa. "Na
estação seca há um conjunto de rituais que se distinguem dos rituais que
marcam a estação chuvosa. Essa dualidade é tão importante na cultura dos
Timbira que todos os humanos, no momento em que nascem e recebem seus
nomes, passam a pertencer a uma dessas duas metades de seu cosmos",
esclarece a antropóloga.

Durante as duas estações, os Timbira se dedicam a uma intensa vida ritual,
com festas e reuniões em que são entoadas uma grande diversidade de cantos
tradicionais. Cada um desses cantos tem seu momento preciso e uma forma
específica de ser cantado. O domínio desse repertório confere prestígio ao
cantador, propiciando convites para festas e atividades rituais em outras
aldeias. "Os cantos do hõkrepôj, por exemplo, são um conjunto de
observações sobre a natureza e essa poética não tem um sentido linear.
Trata-se de um descrição estética de detalhes mundo natural, cuja relação
faz sentido sob o modo de ver dos Timbira", informa Maria Elisa Ladeira.

Repertório valorizado

O encontro de Carolina propiciará um contato privilegiado de velhos
cantadores e cantadoras com jovens que estão sendo formados na arte dos
cantos timbira. É essa relação entre gerações que está no cerne do projeto
Arquivo Musical Timbira, uma atividade do Programa de Educação e
Referência Cultural do CTI em parceria com a associação timbira Vyty-Cati:
seu objetivo de longo prazo é estimular os jovens timbira a uma constante
valorização de seus repertórios rituais, visando assegurar sua identidade
cultural por meio da língua e da música.

O projeto envolve a realização de oficinas periódicas nas quais jovens
selecionados em suas respectivas aldeias são treinados para coletar,
organizar e cuidar do acervo de cantos presentes em seu cotidiano. "A
circulação e o intercâmbio do material gravado entre as aldeias vêm
fortalecendo a prática musical e estimulando o interesse entre os índios
pela continuidade dessa prática, sobretudo nas comunidades onde, em
virtude das conseqüências do contato com a sociedade do entorno, esse
patrimônio musical encontrava-se enfraquecido", explica a etnomusicóloga
Kilza Setti, coordenadora do projeto.

Além do repertório recolhido pelos Timbira, o atual acervo de cantos
rituais tem registros feitos por pesquisadores não-índios desde a década
de 70. Com o apoio do Programa Petrobrás Música, parte desse acervo, a ser
selecionado pelos índios no encontro de Carolina, será gravado em CD. No
futuro, todo esse material será copiado e digitalizado, ficando à
disposição para uso dos próprios índios e de pesquisadores.




fonte: http://www.trabalhoindigenista.org.br/atualidade.asp



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