Re: [etnolinguistica] Sobre a suposta origem Tupi dos pronomes do Pirahã

Daniel Everett dan.everett at MAN.AC.UK
Sun Feb 8 18:41:53 UTC 2004


Nao vai supreender ninguem que vou responder a carta do Eduardo sobre o
emprestimo dos pronomes do Piraha.

Enviei uma copia da carta do Eduardo para Profa. Thomason em Michigan e
ate ela tiver tempo de ler, eu nao vou responder com muitos detalhes.

No entanto, encorajo quem estiver interessado no assunto a ler o
artigo, que se encontra no meu website e no website de Thomason.  O meu
URL esta abaixo e o artigo e facil de encontrar. O artigo vai sair ou
ja saiu nos Proceedings of the Berkeley Linguistic Society.

Os Piraha e os Mura tem contacto continuo com Nheengatu e Tenharim por
mais de 200 anos. Na epoca do emprestimo, e a primeira observacao sobre
isso vem do Nimuendaju, os Mura (Piraha e dialeto, provavelmente
mutuamente inteligivel) mantinham contacto quase diario com falantes de
Nheengatu (como Nimuendaju observa) e com os Tenharim. Isso e facil de
estabelecer (os Parintintin, os Tenharim, e os Mundurucu sao quase os
unicos grupos indigenas a terem nomes em lingua piraha e os piraha tem
muito historias de contacto, como tambem ha bastante evidencia
historica). Enquanto as evidencias especificas a favor da nossa
hipotese, elas sao foneticas, semanticas e sintacticas.

Eu acho o caso bem forte e que as ideias do Eduardo abaixo simplesmente
nao dao conta dos varios argumentos apresentados em nosso trabalho. Por
outro lado, a minha observacao a etnolinguistica foi de fato, como
Eduardo observa, menos cautelosa que a do artigo. Isso e natural,
devido a natureza bem menos informal de uma lista tal como esta que um
artigo publicado.

Diria que, se Eduardo tiver realmente alguns argumentos contra as nossa
hipoteses (ele nao apresenta nenhum na realidade na sua carta), entao a
maneira mais util seria de publicar uma replica ao nosso estudo.

Ha varios exemplos de emprestimos de pronomes na literatura. E claro
que este tipo de emprestimo e considerado impossivel por varios
linguistas. A melhor tentativa de responder ao nosso artigo esta sendo
elaborado, de fato, por o meu colega aqui de Manchester, Prof. Yaron
Matras. Yaron e eu descordamos completamente sobre isso, mas as nossas
discussoes sao bem amigaveis. Alias, se for errado a nossa hipotese,
quero saber. Nao tenho nenhum dinheiro apostado no negocio, nem
compromisso emotivo.

Por outro lado, como disse, vou ver se a Profa. Thomason quer
responder. Mas peco primeiro que os interessados leiam o artigo em
questao e que as respostas, se quiser fazer nesta lista, sejam bem mais
cuidadosos, consideradando cada um de nossos argumentos. Nao basta
simplesmente dizer que 'nao me parecem convincentes', ou que 'hi'
ocorre em outras linguas (afinal hi 'he' existe em ingles tambem!).
Nosso artigo fornece argumentos semanticos, nao somente foneticos.

Agora, deixo aceitar o conselho do Eduardo e voltar a cautela: nao
provamos NADA no artigo. Eduardo tem razao. E dissemos que nao provamos
NADA. Mas apresentamos o que consideramos um caso forte.

Por outro lado quando expresso a minha opiniao em forum informal, se
achar a ideia forte, digo e disse.

Abracos,

Daniel


------------------------------------------

Daniel L. Everett
Professor of Phonetics & Phonology
Postgraduate Programme Director
Department of Linguistics
The University of Manchester
Oxford Road
Manchester, UK M13 9PL
http://ling.man.ac.uk/info/staff/de
Fax: 44-161-275-3187
Office: 44-161-275-3158

-------------- next part --------------
A non-text attachment was scrubbed...
Name: not available
Type: text/enriched
Size: 3386 bytes
Desc: not available
URL: <http://listserv.linguistlist.org/pipermail/etnolinguistica/attachments/20040208/1de9912b/attachment.bin>


More information about the Etnolinguistica mailing list