Cartilha da língua Ofaié

Mateus Oliveira oliveira-mateus at UOL.COM.BR
Tue Aug 23 18:52:52 UTC 2005


Cartilha está a cargo de uma índia 
DA REPORTAGEM LOCAL 

Doutoranda em lingüística pela Universidade Federal de Alagoas e 
professora da Funai, Maria das Dores de Oliveira pertence à etnia 
indígena pancararú (do município de Tacaratú, Pernambuco). Sua tese 
intitula-se "Descrição de uma Língua Indígena Brasileira" e tem 
ênfase na fonologia e gramática ofaié, com aplicação dos resultados 
na educação escolar da etnia. Leia a seguir a entrevista que ela deu 
à Folha. (ES) 

Folha - De que consiste sua pesquisa?
Maria das Dores de Oliveira - Minha pesquisa está orientada para duas 
perspectivas: uma puramente lingüística, que é verificar como a 
língua está organizada internamente e descrever tal organização; 
outra, direcionada para aplicação dos resultados na educação escolar 
dos ofaiés, com sugestões de escrita da língua.


Folha - Quais são algumas peculiaridades da língua?
Maria das Dores - O ofaié não faz a distinção morfológica entre 
presente, passado e futuro, como o português, para termos um 
parâmetro de comparação. Assim, enquanto em português dizemos "eu 
mato" e "eu matei", em ofaié há apenas uma forma para os dois 
tempos: "ta oketxi kãj". O falante pode fazer a distinção, mas isso é 
feito com advérbios e não mudando o verbo.


Folha - Quais as reais chances de sobrevivência do ofaié?
Maria das Dores - Acredito ser possível a revitalização da língua, 
pois ainda existem falantes e há um conjunto de situações que pode 
contribuir com seu fortalecimento. Como a atitude mais positiva dos 
falantes em relação à língua, ou seja, a vontade declarada de que ela 
seja preservada. Para isso, um caminho é propor meios de fazê-la ser 
utilizada mais intensamente e colocá-la na escola para que as 
crianças compreendam que a sua língua tem uma função social na 
comunidade. Isso não depende somente dos ofaiés. Eles precisam do 
nosso apoio através da pesquisa lingüística.


Folha - Como o fato da sra. também vir de uma comunidade indígena 
influencia sua pesquisa?
Maria das Dores - A minha condição étnica sempre pesa nas minhas 
decisões de atuação. Primeiro porque desde cedo aprendi que se deve 
lutar contra uma série de situações que tornam o índio invisível 
socialmente. Então, manter valores socioculturais é fortalecer a 
identidade e marcar nossa existência enquanto povo distinto. A língua 
é um símbolo importante de identidade étnica dos ofaiés. Por isso, 
eles não querem perdê-la.
(http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2108200516.htm)






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