Matéria sobre o Ethnologue

Mateus Oliveira oliveira-mateus at UOL.COM.BR
Tue Aug 23 18:44:32 UTC 2005


Caros associados, estou anexando o texto publicado na Folha (seção 
Ilustrada), no dia 21 deste mês, sobre o Ethnologue:

Enciclopédia de Babel


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Maior estudo sobre línguas, "Ethnologue" conta 6.912 idiomas no 
mundo; 497 estão ameaçados 
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PEDRO DIAS LEITE
DE NOVA YORK 

Mais de 860 milhões de chineses falam mandarim. Apenas dois 
brasileiros, se ainda estiverem vivos, falam apiacá. A lista pode 
continuar indefinidamente, porque é longa, muito longa, ao menos a 
julgar pela nova edição do "Ethnologue", o maior compêndio sobre 
línguas já feito no planeta. De acordo com o livro, são 6.912 línguas 
em todo o mundo.
O trabalho começou em 1951 como uma espécie de guia, com apenas 40 
línguas, para missionários cristãos, e hoje lista quase 7.000 
idiomas, quantas pessoas os falam e onde fica essa população. O livro 
não ensina nenhuma das línguas, apenas cataloga, e é editado de 
quatro em quatro anos -por problemas tecnológicos, a atual edição 
levou cinco anos.
Mas essa busca por descobrir todas as línguas do mundo pode estar 
perto de ser concluída, segundo disse à Folha o editor do livro, Ray 
Gordon. "Eu suspeito que estejamos próximos de determinar todas as 
novas línguas. Talvez haja mais 300 ou 400 que ainda não estão 
identificadas, que se separaram de grupos no Pacífico e na Ásia e que 
ainda não tivemos pesquisa local suficiente."
No Brasil, o trabalho está praticamente completo: são 188 línguas (o 
português é de longe a principal), muitas delas faladas por pequenos 
e isolados grupos indígenas. Existem outras 47 que já foram extintas. 
O número vem oscilando pouco ao longo dos últimos 20 anos. Em 1982, 
eram 238 línguas no total, com 30 extintas. Na edição anterior, de 
2000, contavam-se 234 línguas, 42 extintas.
O "Ethnologue" considera como línguas diferentes aquelas em que dois 
povos não conseguem se comunicar se cada um falar a sua. Povoados 
asiáticos que têm uma origem num dialeto comum, mas com o passar dos 
tempos não se entendem mais, são considerados povos com línguas 
diferentes.
"Nos anos recentes, o número de línguas subiu e desceu ao mesmo 
tempo. Subiu, porque há situações em que algumas línguas se 
dividiram. E desceu porque, em outras, descobrimos que onde 
identificamos mais de uma língua, na verdade, falavam a mesma 
variedade. Então reduzimos o número e classificamos essas linguagens 
como dialetos", explica o editor, Gordon.
Para chegar às línguas, são utilizadas basicamente três fontes: 
bibliografia, contatos com lingüistas e antropólogos e trabalho de 
campo. Na atual edição, cerca de cem pessoas contribuíram diretamente.
No Brasil, o trabalho é feito desde 1950. "Acredito que já cobrimos 
todas as línguas lá. Ao longo das últimas edições, o número tem sido 
relativamente estável. Em outras palavras, o número de línguas 
extintas tem crescido levemente, e nós tivemos mais informações sobre 
o restante", diz Gordon, cujo estudo tem confiabilidade questionada 
por especialistas brasileiros.
A tendência é que as línguas em risco de extinção desapareçam no 
espaço de uma geração. Ao todo, são 497 ameaçadas no mundo, e o 
Brasil concentra 30 delas. Em algumas, pouquíssimos falam a língua, 
caso do ofaié, idioma indígena dominado só por 11 pessoas, em 
Brasilândia (MS).
"Tenho certeza de que, ao longo de cinco anos, algumas delas já devem 
ter sido extintas. Prevemos que nos próximos 25 anos a maioria dessas 
[497] línguas tenha sido ou esteja próxima de terem sido extintas", 
conta.
Ao mesmo tempo em que ajuda a preservar essas línguas por registrar 
sua existência, o "Ethnologue" é criticado por estudiosos justamente 
por isso. Como até hoje a empresa que o produz utiliza o livro como 
base para traduzir a Bíblia para missionários, alguns especialistas 
afirmam que isso acaba por extinguir esses idiomas.
"É absurdo pensar no SIL [que produz o livro] como uma agência de 
preservação, quando eles fazem o oposto. Junto ao extermínio da 
religião nativa, todas as formas cerimoniais de discurso, músicas e 
arte associadas com a religião desaparecem também", disse ao "New 
York Times" Denny Moore, um lingüista que trabalha no Estado do Pará 
há 18 anos.
O SIL (Summer Institute of Linguistics, instituto de verão para 
lingüística) treina missionários para aprender as línguas locais e 
traduzir a Bíblia. "Os funcionários do SIL realmente trabalham com 
isso, mas a proposta do "Ethnologue" é fornecer documentos de 
referência nas línguas do mundo", diz o editor da atual edição.
Ainda neste ano, o livro deve ser comercializado em larga escala -
hoje a obra só está disponível pelo site ethnologue.com, mas a 
intenção é vendê-la em livrarias.
(http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2108200513.htm)






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