[etnolinguistica] Colóquios Lingüísticos do MA (Goiânia, 01/04/2005)

Setor de Etnolingüística/MA linguasindigenas at YAHOO.COM
Sat Mar 19 15:15:45 UTC 2005


Museu Antropológico

Colóquios Lingüísticos





Estudo descritivo da língua Tapajúna-Goronã:

Aspectos fonético-fonológicos e morfossintáticos


Marília FerreiraUniversidade Federal do Pará




Este trabalho tem por objetivo apresentar alguns resultados preliminares do estudo da língua Tapajúna-Goronã, falada por cerca de quarenta e oito indivíduos que vivem na aldeia Metyktíre, no Estado do Mato Grosso. O Tapajúna-Goronã é aparentemente bastante próximo à língua Suyá (Jê), da qual é considerada uma forma antiga. Meu trabalho com os Tapajúna-Goronã teve início em outubro de 2003, com o objetivo de auxiliar os professores em formação na elaboração de um sistema ortográfico para a língua. Entretanto, devido à carência de estudos descritivos, iniciei a pesquisa de outros aspectos da língua.

Do ponto de vista fonético-fonológico, o Tapajúna-Goronã é bastante semelhante tipologicamente às línguas Jê, com um número expressivo de vogais e de consoantes. Entretanto há alguns segmentos surdos problemáticos tais como a consoante oclusiva velar aspirada, que parece ter status fonológico; porém, esta hipótese ainda não foi confirmada. O programa PRAAT para análise acústica vem sendo utilizado no tratamento dos dados a fim de se verificar nuances que possam distinguir e elucidar a articulação desses sons. Alguns exemplos que serão mostrados são khra ‘filho’ e khrã ‘cabeça’.

Morfossintaticamente, a língua apresenta várias características assemelhadas a línguas como o Parkatêjê, a saber, núcleo final e marcação no núcleo; séries de pronomes livres e pronomes dependentes; propriedades verbais típicas de línguas Jê, com ocorrência em posição final na sentença; partículas pós-verbais e os chamados prefixos relacionais. Por outro lado, há semelhanças entre o Tapajúna-Goronã e o Mebengôkre, as quais podem dever-se tanto ao fato de tais línguas pertencerem ao mesmo agrupamento lingüístico, como também ao fato de estarem em contato num mesmo espaço geográfico, em uma situação caracterizada como sendo de atrito lingüístico.
Os resultados esperados a partir deste projeto de pesquisa são: (i) a descrição da língua; (ii) a disponibilização do acervo de dados inéditos para a realização de estudos histórico-comparativos, o que já está sendo feito; (iii) os registros de informações sobre a cultura e a cosmologia do grupo indígena em questão, por meio da coleta de dados para a elaboração dos dicionários e da coletânea de textos; e (iv) a ampliação do uso de material lingüístico, o que será de grande utilidade para fins pedagógicos.


1 de Abril de 2005

15:00 – 16:30 h
Miniauditório do MA– Entrada Franca –


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Setor de Etnolingüística, Museu Antropológico
Universidade Federal de Goiás
Avenida Universitária, 1166, Setor Universitário
74605-010 Goiânia, Goiás, BRASIL





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