Ainda Kaingang (Brasil e Argentina)

Renato Athias renato.athias at GMAIL.COM
Thu Feb 8 08:52:26 UTC 2007


Eduardo
muito obrigado pelo seu e-mail. Porém, acredito que a Maria das Dores poderá
responder melhor as tuas indagações. Pois, pelo conhecimento que tenho, o
léxico existente da língua Pankararu (pelo menos, aquele que eu tive acesso)
está muito parecido aos termos tupinambá.
Esse debate é muito interessante e de interesse dos próprios índios.

Renato

Em 07/02/07, eduardo_rivail <kariri at gmail.com> escreveu:
>
>   Caro Pedro (e demas colegas),
>
> Matutando sobre os dados que vocês vêm compartiinlhando com a lista,
> ocorre-me agora que, afinal, talvez não se possa descartar uma
> possibilidade de certa forma oposta à que expresso em minha primeira
> mensagem ("não parece tratar-se de Kaingáng", etc.): talvez não haja razões
> suficientes pra se falar em uma língua Jê Meridional a mais. Os dados que
> coincidem indubitavelmente com os do Kaingáng não parecem permitir uma
> conclusão a favor da existência de uma língua diferente -- como, aliás,
> qualquer conclusão definitiva.
>
> Eu acho interessantes as duas hipóteses aventadas por você, mas tendo a
> ser cético com relação a "línguas mistas", especialmente com base em dados
> insuficientes. Seria interessante investigarmos mais sobre as circunstâncias
> da coleta. Eu tenho algumas dúvidas que, se possível, ficaria muito grato se
> alguém pudesse esclarecer:
>
> 1. Quantos registros separados (diferentes coletores *e* diferentes
> informantes) há para o Ingain e o Guayaná?
>
> 2. Além dos termos em comum entre o Ingain e o Guayaná que você menciona
> ('água', 'lua'), o que mais compartilham?
>
> 3. Alguém teria alguma pista quanto à possível origem dos termos
> não-Kaingang nestes vocabulários?
>
> 4. Qual a proximidade entre as áreas onde se coletaram dados do Ingain e
> do Guayaná?
>
> Mesmo que os vocabulários contenham itens de origens diferentes, eu acho
> que um conhecimento mais detalhado das circunstâncias de campo talvez ajude
> a se pensar em outras hipóteses. Meu ceticismo quanto ao valor de
> vocabulários como esses para tentativas de classificação lingüística
> baseia-se em alguns exemplos da literatura:
>
> 1. O caso do Kukura, uma "língua" que, apesar de fictícia (como denunciado
> por Nimuendaju), foi classificada geneticamente por Greenberg (o que dá uma
> idéia dos méritos classificatórios dele...); não estou dizendo que se trata
> da mesma situação aqui, mas a resposta a minha pergunta (1) acima ajudaria a
> termos uma idéia mais precisa.
>
> 2. Vocabulários coletados, principalmente na segunda metade do século
> passado, no Nordeste brasileiro, em que ficam evidentes diferentes "camadas"
> de influência lexical. Os vocabulários coletados entre os Pankararu, por
> exemplo, são particularmente interessantes: o léxico básico (incluindo
> pronomes, partes do corpo, termos de parentesco, descritivos, etc.) é
> claramente de origem Tupi-Guarani (talvez o mesmo Tupinambá da costa); por
> outro lado, há vários termos (itens culturais, fauna, etc.). que são
> obviamente de origem Iatê. Neste caso, não creio que se possa falar em
> língua mista, como se tivesse havido uma fase em que os Pankararu teriam
> falado uma língua resultante da mistura de duas outras. É mais provável que
> a parte Iatê do vocabulário seja resultado de contatos recentes, quando o
> português já havia se tornado a língua nativa da tribo.
>
> [A julgar pelos dados, parece provável que os ancestrais dos Pankararu
> teriam falado o Tupinambá (ou uma língua muito aparentada) a uma certa
> altura, mas se esta era a língua original da tribo, ou se a adotaram por
> influência missionária, é algo a se discutir.  Se possível, eu gostaria
> muito de ouvir a opinião de colegas aqui na lista que certamente conhecem
> melhor a situação etnográfica do Nordeste, como a Maria das Dores Pankararu,
> o Renato Athias, etc.]
>
> Bem, aguardo a opinião de vocês!
>
> Abraços,
>
> Eduardo
>
>
> --- Em etnolinguistica at yahoogrupos.com.br, Pedro Viegas Barros
> <peviegas2003 at ...> escreveu
> >
> > 3) La cuestión del Guayaná / Ingáin
> >
> > Cuando envié mi primer mail, yo creía que el vocabulario Guayaná de
> Lista, al que había mirado sólo superficialmente, representaba sin duda
> alguna variedad de Kaingáng, como debía serlo el "Ingáin" de Ambrosetti;
> esta era la postura única existente en los trabajos que yo conocía sobre el
> Kaingáng en la Argentina (p. ej. Canals Frau 1953). Por eso, el hecho de que
> un investigador en lenguas Jê y Macro-Jê tan importante como Eduardo dijera
> que "…não parece se tratar do Kaingáng (Jê do Sul) ou de língua
> geneticamente próxima" realmente me sorprendió, y me llevó a revisar con
> mayor profundidad el vocabulario Guayaná.
> > Tras la lectura del trabajo de D'Angelis (2006) me parece ahora claro
> que el Guayaná de Patiño y Lista y el Ingáin de Ambrosetti no son "100%"
> Kaingáng. Creo que sólo hay dos posibilidades:
> > A) Se trataría de una lengua de la rama Jê Meridional, que conservó
> ítems léxicos Proto-Jê desaparecidos de las otras lenguas de esta rama de la
> familia, y que posee además otras particularidades léxicas –incluso en el
> llamado "vocabulario básico"- no compartidas con ninguna otra lengua de la
> familia (p. ej. Guayaná pirihí : Ingáin puiri, puiré `luna', Guayaná cran,
> pranl : Ingáin kran `agua', etc.) y quizás también con peculiaridades
> gramaticales (como ciertos prefijos no compartidos con otras lenguas
> emparentadas), o bien:
> > B) Se trataría de una especie de lengua mixta en la que se habrían
> mezclado el Kaingáng (que sería preponderante) con otras lenguas Jê
> (inclusive Jê septentrionales) y (quizás) otras lenguas (desconocidas),
> lengua mixta surgida posiblemente a raíz de la "… épica migração das missões
> jesuíticas do Guairá para o sul, em 1632" como sugiere D'Angelis (2006: 13,
> nota 38).
> > No tengo modo de decidir cuál de estas dos posibilidades es la correcta,
> pero personalmente la posibilidad B) me parece más plausible.
> > ¿Uds. qué opinan?
>
>  
>
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