ABELI e xenofobia

Raquel Guirardello-Damian R.Guirardello-Damian at BRISTOL.AC.UK
Tue Jun 5 08:23:09 UTC 2007


Caro Raimundo Nonato e demais colegas,

Obrigada por sua mensagem. Acho válido que esta discussão esteja
ocorrendo, pois como disse anteriormente, vai ajudar a ABELI a definir
melhor sua forma de funcionamento. Por favor, não me entenda mal, não
estou criticando o que você disse. Meu objetivo é apenas ajudar certos
pontos a ficarem melhor delineados.

Deixe-me mencionar alguns tópicos que você levantou:


"1. Em primeiro lugar, advirto que está havendo
confusão entre os termos “associação de pesquisadores”
e “instituição de pesquisa”. O CNPQ refere-se a esta e
não àquela. Além disso, não há relação de dependência
entre uma e outra, a menos que nos estatutos de ambas,
ou pelo menos no de uma delas, isto esteja claramente
expresso."

Não há uma dependência formal, mas ainda assim é de se esperar que ambas
as instituições trabalhem em sintonia uma com a outra, já que ambas se
referem à pesquisa que se faz no país.


"2. Em segundo lugar, considero exagero valer-se da
Constituição Federal a propósito da suposta
“xenofobia” existente no aludido texto de Aryon
Rodrigues sobre a fundação da ABELI porque: a) Não há
qualquer parte do texto de, ou a pedido de, Aryon
Rodrigues em que esteja expresso o impedimento à
participação de estrangeiros ou tampouco que somente
brasileiros podem dela participar"

Sei que não é intenção do Prof. Aryon excluir pesquisadores estrangeiros,
pois o conheço (já fui aluna dele) e sei que o Prof. não faria isso. Além
disso, ele já trabalhou em parceria com pesquisadores de outros países e
sabe como esse tipo de colaboração pode ser muito produtiva. No entanto,
existem no Brasil (como em qualquer país) pessoas que às vezes tem
atitudes de xenofobia. Eu mesma já vi isso acontecer em uma reunião de
pesquisadores anos atrás. Por isso, considero que não devemos dar chances
para que isso ocorra. O texto da ABELI tem que ser bem claro quanto a este
ponto, para não haver possibilidade de discriminação contra ninguém. Citei
a constituição federal porque é o texto que mais claramente fala deste
ponto, mas imagino que devem haver outras leis brasileiras que garantam os
direitos de todos.


"3. Outras associações brasileiras. Dei-me
ao trabalho de procurar os estatutos de algumas, cujos
excertos atinentes ao tema em tela ora apresento"

Aqui, concordo com o que o Eduardo Ribeiro falou: os estatutos dessas
outras associações não mencionam explicitamente que se destinam a
congregar membros "brasileiros".  Elas dizem que pretendem congregar
profissionais em todo o território nacional, ou profissionais que de
alguma forma atuem no Brasil. Como você pode ver, essas associações foram
cuidadosas com os termos que usaram em seus estatutos. É isso que
gostaríamos de ver no estatuto da ABELI.


"4. Salvo engano, o texto que foi divulgado a pedido do
professor Aryon Rodrigues é apenas e tão-somente um
informativo, uma carta-convite, uma carta circular, ou
algo congênere, à falta de outros termos ad hoc. Ou
seja, aquilo não é o estatuto da ABELI, o qual, é de
se pressupor, ainda será construído e aprovado em
assembléia."

Esse é justamente o ponto que está sendo discutido aqui na
Etnolinguística. Vários colegas (Ana Carla Bruno, Nilson Gabas, Ludovico
Santos) solicitaram informações sobre como a ABELI irá funcionar (ou pelo
menos, qual é a proposta que se tem no momento). Até agora, não temos
maiores informações sobre a associação, exceto por essa carta que você
menciona.


"5. Mesmo que já existisse tal estatuto, este
poderia ser modificado a qualquer tempo, desde que
votado em Assembléia Geral. "

É esse realmente o caso? Por enquanto, não há informações sobre esse ponto.


"5. POR ÚLTIMO, QUE INSEGURANÇA É ESSA DE ACHAR QUE A
ABELI SOMENTE TERÁ LEGITIMIDADE SE CONTIVER
PESQUISADORES ESTRANGEIROS?"

Por uma razão muito simples: vários linguistas brasileiros trabalham em
colaboração com pesquisadores de outros países, e essa colaboração em
muitos casos é vital para o projeto que está sendo feito. Veja o caso da
Ana Carla Bruno, que tem dois colaboradores americanos que são importante
para o trabalho que ela desenvolve em Manaus. Eu mesma colaboro com dois
franceses, que são pessoas centrais nos projetos que faço. Não gostaria de
ver meus colegas sendo deixados de lado porque o estatuto foi redigido de
tal forma que não abre espaço para a participação de estrangeiros.


"SERÁ QUE NOSSOS LINGÜISTAS
 NÃO TÊM COMPETÊNCIA PARA GERIR SEUS PRÓPRIOS CAMINHOS ?? !!!! "

Certamente tem. Mas muitos de nossos linguistas também trabalham em
colaboração com pesquisadores de outros países, porque consideram o
intercâmbio uma atividade interessante e produtiva. Esse fato deve ser
reconhecido.

Para encerrar, reforço o que outros colegas já disseram: gostaríamos de
ter maiores informações sobre como a ABELI irá funcionar ou quais são as
propostas para ela.


Um abraço cordial,

Raquel Guirardello Damian
Museu P. Emílio Goeldi




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