MISSION ÁRIOS EM TERRAS I NDÍGENAS

carla silva niukuta at YAHOO.COM.BR
Fri Oct 5 13:20:28 UTC 2007


Caro Sandro, 
  acho que a presença de pesquisadores, criação de curso universitários, manejo com câmeras são atitudes totalmente diferentes das atitudes missionárias. As primeiras são realizadas com a intenção de instrumentalizá-los, capacitá-los para uma visão crítica do mundo que os rodeiam, e essas atitudes são necessárias pelo fato de históricamente esses indivíduos serem sempre colocados como atores passivos nas decisões dos seus destinos. Acho que eles têm o direito à boa informação, instrumentalização para que numa situação de defesa saibam como agir. Já, as atitudes missionárias trabalham ao contrário, tentam destruir o pouco, que ainda resta, de auto-estima desses povos e transferem o seu poder de luta a uma entidade chamada Deus, que para chegar a este Deus eles têm que esquecer tudo que aprenderam desde que nasceram e canalizar as suas crenças neste novo salvador, que por hora, que deve ser o que os missionários dizem, já conseguem mudar as suas realidades, definidas por um
 governo ausente, e que agora os enviados DELE mudarão lhes indicando o caminho dos céus.
  Acho que se vc procurar saber dos grupos que hoje estão envolvidos de alguma maneira, mas ativamente, das práticas positivas, assim como: universidade; manejo de equipamentos (pq não?); encontros indígenas e outras, acho que estão bem melhores do aqueles que estão vivendo práticas missionárias. 
  Só mais uma coisinha, o fato do "surgimento de uma espécie de filosofia de levar vantagem em tudo" com certeza não são atitudes ensinados por nós (Brancos), mas acredito que pelo fato de serem índios, não estão isentos desses "desvios de conduta".
   
   
  "C. Sandro Campos" <csampos at yahoo.de> escreveu:
          Ainda apenas para botar mais lenha na fogueira que acenderam, gostaria de fazer uma pergunta que não me deixa em paz: a presença intensa de pesquisadores em áreas indígenas, a profusão de projetos  sobre vários temas propostos aos índios, criação de cursos universitários, surgimento de cargos remunerados de professores nas aldeias, manejo com câmeras, encontros indígenas, além do surgimento entre os índios de uma espécie de filosofia de levar vantagem em tudo (conseqüência talvez das nossas constantes e lucrativas ofertas) não são também tão nefastos quanto a tentativa por missionários de levar aos índios "a mensagem de Deus"? Faço a comparação porque, como vejo,  também essas ações que fazemos acontecer descaracterizam a cultura e a rotina dos índios...
Adianto que não sou religioso e muito menos missionário, quero apenas debater sobre o tema de modo mais crítico. 
Aguardo...

Valdir Vegini <vvegini at gmail.com> schrieb:       Apenas para botar mais lenha na fogueira, aqui força de expressão e não aquele método milhares de vezes utilizado pelos catesquisas durante longo período da cristianização das almas atéias: quando Colombo chegou às Índias Ocidentais notou que os "selvagens" viviam em harmonia e felizes, mas faltava-lhes a conversão ao cristianismo!  Pra quê? Recentemente, o banzer do Vaticano afirmou  os indígenas foram atraídos e não catequisados. Alguém ainda acredita nisso além dos vaticanólogos?????????? 


  Em 01/10/07, Victor A. Petrucci <vicpetru at hotmail.com> escreveu:             Caros Amigos Listeiros

Mais de uma vez pronunciei-me sobre a presença de missionários em
terras indígenas e quanto mais leio e pesquiso mais tenho certeza de
que isso é inaceitável. A tentatíva espúria de substituir o Estado, de 
dar apoio às carências de nossos irmãos indígenas é apenas a cunha
para dominá-los com as idéias também espúrias de um deus alienígena.

É necessário nos posicionarmos claramente sobre isso.

Defender suas culturas, preservar suas línguas são ações incompatíveis 
com um trabalho missionário catequético. Sabemos que essa catequese é
radical e interfere profundamente na vida das comunidades. 

Veja o trecho de uma brilhante tese de mestrado recentemente divulgada
em nossa lista, dedicada ao estudo da fonologia Taurepang, que nos dá 
um exemplo real do que ocorre:

"2.5 - A evangelização e sua importância na vida dos índios Taurepang"

"No que se refere à religião, os Taurepang do lado brasileiro são
praticantes da religião Adventista do Sétimo Dia. Os dias de sábado 
são guardados zelosamente para a prática do culto, que ocorrem em
língua indígena e em português ou espanhol, dependendo da competência
comunicativa dos falantes. A vida deste grupo está marcada pelas
outrinas e atividades da igreja. Da mesma forma, os hábitos 
Alimentícios são orientados por meio da religião. A prática adventista
proíbe-lhes a pajelança, antiga prática xamanística anterior ao
contato com os missionários, que consiste na invocação dos espíritos
para promover um ato de cura..." 

KATIA NEPOMUCENO PESSOA (2006 - RECIFE)

FONOLOGIA TAUREPANG E COMPARAÇÃO PRELIMINAR DA FONOLOGIA DE LÍNGUAS DO
GRUPO PEMÓNG (FAMÍLIA CARIBE

Katia parabéns por sua coragem de tocar no assunto.

Exemplos como este existem às centenas. Alguém pode imaginar uma
cultura sem pajelança? O que significa uma comunidade indígena com
regras alimentares impostas sem respeito? O que significa ter que
banhar-se com roupa como os amigos citaram em mensagens anteriores? O 
que significa a presença nefasta de missionários no dia a dia das
comunidades?

Até quando vão nos empulhar com pílulas douradas quando vemos que as
culturas estão sendo destruídas por fanáticos religiosos. Onde está a 
FUNAI que não aplica seus próprios estatutos?

Nossa mensagem frente a tais agressões e violações dos direitos
indígenas é uma só e volto a repetí-la nesta lista: 

FORA COM A INTERFERÊNCIA RELIGIOSA NAS ÁREAS INDÍGENAS. 

Estudar língua e cultura indígena é incompatível com alteração de
costumes da comunidade.

Um abraço a todos.

Victor A. Petrucci








  


    
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