Carta ao Comitê Fundador da ABELI (Associa ção Brasileira para o Estudo das Línguas Indígenas)

Monica Veloso Borges mvborges8 at YAHOO.COM.BR
Thu Sep 6 02:15:10 UTC 2007


Prezados Colegas,
  Atendendo à solicitação das pesquisadoras Ana Vilacy Galucio e Raquel Guirardello-Damian, do Museu Paraense Emílio Goeldi, encaminho a carta a seguir.
  Atenciosamente,
  Profa. Mônica Veloso Borges (Moderadora)
    

Avilacy <avilacy at museu-goeldi.br> escreveu:
  Data: Wed, 5 Sep 2007 22:20:47 -0300
Para: mvborges8 at yahoo.com.br
De: Avilacy <avilacy at museu-goeldi.br>
Cc: psrgd at bris.ac.uk
Assunto: Mensagem para a Etnolinguistica


Prezada Mônica, 

Em nosso nome e de um grupo de colegas, gostaríamos de solicitar que você
divulgue a seguinte carta através da Etnolingüística. Esta carta trata de
assuntos 
relativos à ABELI (Associação Brasileira para o Estudo das Línguas 
Indígenas). 

Gratas pela atenção, 

Ana Vilacy Galucio & Raquel Guirardello-Damian (psrgd at bris.ac.uk)


********************************

Ao Comitê Fundador da ABELI (Associação Brasileira para o Estudo das Línguas
Indígenas)

Cc: ABRALIN (Associação Brasileira de Lingüística) e lista Etnolingüística
(etnolinguistica at yahoogrupos.com.br)


Prezado Prof. Aryon Rodrigues e colegas da ABELI em fundação,
prezados interessados (tendo solicitado afiliação à ABELI ou não),

Há algumas semanas recebemos a carta-circular apresentada abaixo,
direcionada aos "sócios fundadores e co-fundadores" da ABELI (Associação
Brasileira para o Estudo das Línguas Indígenas). Esta é uma resposta àquela
circular, direcionada em primeiro lugar aos presentes representantes da
ABELI, mas em forma de carta aberta. Como a distribuição da circular foi
individual, não podemos mandar esta carta para uma lista de divulgação a não
ser pela Etnolingüística, esperando que esta alcance todos os interessados
no assunto, e em particular, os atuais "sócios".

Gostaríamos de fazer algumas observações e pedidos com respeito à ABELI.
Nosso objetivo aqui não é criar polêmica, mas apenas auxiliar a esclarecer
certos fatos, de modo a colaborar na condução do processo de organização da
associação, para que esta seja, de fato, representativa da categoria. 

1) Através da Etnolingüística, questionamentos foram feitos com relação à
ABELI, e vários interessados pediram esclarecimentos sobre diversos pontos
na organização e no regulamento da associação, inclusive no que diz respeito
aos processos de representação democrática interna, à eleição da diretoria,
como e quando seriam feitas as eleições, sobre o estatuto social, etc.
Nenhuma destas perguntas foi respondida até hoje.

Por isso entendemos que não está implícito que todos que pediram afiliação
concordam com todos os passos já tomados, diferentemente do que se diz na
circular a nós enviada. Além disso, tal assentimento não foi especificado
como condição para se efetivar a adesão, conforme o comunicado do dia 8 de
maio. Ao contrário, sabemos que várias pessoas se afiliaram apesar de terem
questionamentos e ressalvas à maneira em que foi iniciada a fundação da
ABELI. Elas aderiram para participar na fundação, sem necessariamente
concordar com todos os procedimentos do passado. 

Um ponto que criou objeções foi o fato de não ter havido consulta à
comunidade de lingüistas que atuam na área sobre a proposta de se criar a
ABELI. A fundação de uma associação é um processo que requer reflexão e
amadurecimento, e deve ser cuidadosamente discutida pela comunidade de
lingüistas a ser representada por ela. Quanto à assembléia fundadora, deve
ser amplamente divulgada, para que o maior número possível de interessados
possa dela participar – isto inclusive é o recomendado pela lei, segundo
fontes especializadas no assunto a quem consultamos. 

No caso da ABELI, isto não ocorreu. Não houve discussão geral entre os
lingüistas da área sobre a proposta de se fundar a associação. A reunião
para a fundação, ocorrida em São Paulo no dia 5 de maio, não foi anunciada
com antecedência e nem mesmo estava prevista na pauta do "V Encontro
Macro-Jê" anteriormente divulgada. Vários participantes do evento sequer
sabiam desta proposta até a hora da reunião em questão (realizada no horário
/ local onde constava da programação a realização da Mesa-Redonda 6). Isto
impossibilitou pessoas possivelmente interessadas de estarem presentes nesta
reunião. Somente 24 pessoas a ela compareceram, o que é apenas uma fração do
número de lingüistas que atuam na área de estudos de línguas indígenas
brasileiras. Por fim, não foi disponibilizada ao público a ata assinada
naquela ocasião, informando o que exatamente foi acordado durante o encontro
e quais foram os procedimentos tomados. Teria sido mais produtivo se tivesse
havido uma maior divulgação e discussão sobre a fundação da ABELI. O fato de
isto não ter ocorrido infelizmente torna o processo menos democrático e
representativo.

2) Porém, acreditamos que ainda há oportunidade para se acertarem os passos,
tornando a criação da ABELI mais participativa e transparente. 
Conforme informações que obtivemos junto a fontes especializadas, para se
registrar uma associação é preciso que haja uma ata da assembléia fundadora,
contendo o resultado da discussão e votação do estatuto, assinada por todos
os presentes, os quais são então considerados como sendo sócios fundadores.

A discussão do estatuto não ocorreu na reunião realizada em São Paulo, pois
como a carta-circular agora nos informa, ele ainda vai ser elaborado. Sendo
este o caso, consideramos primordial que a proposta de estatuto seja
circulada, para que haja discussão e aperfeiçoamento do texto. Gostaríamos
de enfatizar este pedido, pois apesar de ter havido questionamentos a
respeito disto através da Etnolingüística, a representação da ABELI não se
pronunciou sobre o assunto.

Consideramos também ser fundamental que o comitê fundador consulte todos os
que solicitaram afiliação antes de tomar quaisquer medidas formais. Depois
da proposta de estatuto ser plenamente discutida, parece-nos importante dar
a oportunidade a todos que concordam com a mesma de participarem na fundação
da ABELI, na qualidade de sócios fundadores. 

Quanto à votação da presente diretoria, é necessário que esta seja
confirmada por uma votação de todos os membros, tendo firme embasamento em
um estatuto, uma vez que é atualmente provisória, tendo sido constituída com
a missão específica de "organizar formalmente a associação" (conforme se
menciona na carta-circular).

3) Um ponto que merece atenção especial diz respeito à questão de eleições.
Se queremos dar continuidade ao processo de fundar uma ABELI com grande
representatividade, a precondição mais importante é que o maior número
possível de lingüistas da área participe das discussões e das votações.
Considerando que estamos localizados por todo o país, e que raras vezes
temos a possibilidade de reunir fisicamente todos os interessados, propomos
que a Etnolingüística seja o fórum para as discussões relativas à ABELI e
seu futuro estatuto, até que uma lista de discussão específica da associação
seja constituída, se necessário. A Etnolingüística possui 425 participantes
interessados nas línguas indígenas do país, sendo, na prática, o principal
meio de comunicação geral entre especialistas deste campo de pesquisa. 

Quanto às votações, propomos que se adote o voto por e-mail ou à distância
(correio), procedimento usado por outras associações relacionadas ao nosso
meio, como a 'Society for the Study of the Indigenous Languages of the
Americas' (S.S.I.L.A.). Mesmo que se realize uma eventual assembléia geral
para votação do estatuto, ela deve ser complementada com os votos à
distância.

Estas são as constatações e comentários que gostaríamos de fazer sobre a
ABELI. Acreditamos que para se fundar uma associação que verdadeiramente
represente a vontade da comunidade de especialistas em línguas indígenas
brasileiras, é preciso que isto ocorra em um processo aberto, democrático e
transparente, onde há pleno espaço para discussão da proposta, onde a
elaboração do estatuto é um processo coletivo ou participativo, e onde
reuniões são amplamente anunciadas com antecedência.

Gostaríamos de reforçar os principais pedidos, que consideramos normais no
contexto de criação de uma associação como a ABELI, seguindo a boa prática
de um processo democrático e transparente:
- que seja disponibilizada a ata da reunião em São Paulo, para que se tenha
transparência sobre os procedimentos adotados;
- que a proposta de estatuto seja circulada, para discussão e re-elaboração
da mesma;
- que todos os interessados sejam consultados antes de quaisquer passos
formais;
- que a Etnolingüística seja o fórum para as discussões relativas à ABELI,
para se atingir um alto número de interessados;
- depois de se discutir o estatuto, que haja uma assembléia, onde todos
possam chegar a um acordo sobre o mesmo;
- que após a definição do estatuto, seja votada uma diretoria regular para a
associação, confirmando a atual diretoria-provisória ou (se a comunidade
lingüística julgar necessário) escolhendo outra;
- que haja voto à distância.


Encaminhamos estes pedidos para a diretoria-provisória da ABELI em fundação,
na qualidade atual de "sócios (co-)fundadores", ficando no aguardo de
resposta para os mesmos.

Atenciosamente,

Ana Carla Bruno
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)

Ana Vilacy Galucio 
Museu P. Emílio Goeldi (MPEG)

Denny Moore
Museu P. Emílio Goeldi (MPEG)

Eva-Maria Rössler
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Gessiane Picanço 
Universidade Federal do Pará (UFPA)

Kristine Stenzel
Museu Nacional
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Marília Ferreira
Universidade Federal do Pará (UFPA)

Patience L. Epps 
University of Texas, Austin, EUA

Raquel Guirardello-Damian
Museu P. Emílio Goeldi (MPEG)

Sebastian Drude
Museu P. Emílio Goeldi (MPEG)

Sidney Facundes
Universidade Federal do Pará (UFPA)
....................................................................
Anexo:

Carta-circular aos membros fundadores e co-fundadores da ABELI

Na qualidade de presidente da nova Associação Brasileira para o Estudo das
Línguas Indígenas, tenho o prazer de dirigir-me a todos os membros
fundadores (os que assinaram a ata de fundação em 5 de maio de 2007) e
co-fundadores (os que expressamente pediram filiação por correspondência
entre 8 de maio e 6 de junho de 2007).

A Associação Brasileira para o Estudo das Línguas Indígenas (ABELI) foi
fundada no dia 5 de maio de 2007, na cidade de São Paulo, durante o V
Encontro Macro-Jê, realizado na Universidade de São Paulo, em sessão
especialmente convocada para esse fim pelos lingüistas Aryon Dall’Igna
Rodrigues (UnB), Stella Telles (UFPE) e Ana Suelly Arruda Câmara Cabral
(UnB), que expuseram aos presentes a necessidade da criação de uma sociedade
profissional e científica que congregue os lingüistas e outros especialistas
que se dedicam ao estudo e à preservação das línguas indígenas do Brasil. A
lista dos presentes à sessão específica de fundação foi assinada por vinte e
um lingüistas de sete instituições de ensino e pesquisa localizadas nas
regiões sul, sueste, nordeste, centro-oeste e norte do país (UEL, UFAM,
UFMS, UFPE, UnB, UNICAMP e USP). Foi eleita então uma primeira diretoria
para organizar formalmente a associação: presidente Aryon Dall’Igna
Rodrigues, vice-presidente Stella Telles, secretária Ana Suelly Arruda
Câmara Cabral, 1º tesoureiro Wilmar da Rocha d’Angelis e 2ª tesoureira
Rosane de Sá Amado. Foram aprovados também os nomes de Adair Pimentel
Palácio e Lucy Seki para conselheiras. A primeira providência da nova
diretoria foi a de definir um prazo para adesão de quem, não tendo estado na
reunião de São Paulo, quisesse ser considerado membro co-fundador da
associação.

No dia 8 de maio o presidente da ABELI emitiu comunicado amplamente
difundido, informando sobre a fundação da associação, seus propósitos e a
constituição de sua diretoria e abrindo o prazo de trinta dias para adesão
de quem, concordando com a proposta e com os passos já tomados, quisesse
aderir na qualidade de co-fundador da ABELI. Este prazo expirou no dia 6 de
junho e durante o mesmo foram recebidos 96 (noventa e seis) pedidos de
admissão, número que, somado aos 24 signatários da ata de fundação,
consolida a ABELI como sociedade brasileira representativa dos pesquisadores
e professores que se dedicam ao estudo das línguas indígenas. É óbvio que,
como devem ter entendido todos os que leram com atenção o comunicado de 5 de
maio, a partir de 7 de junho outras pessoas poderão associar-se, observadas
as normas que para isso forem estabelecidas nos estatutos.

Agora, as tarefa mais imediatas da diretoria eleita em São Paulo para
organização da associação são a elaboração dos estatutos, a definição da
contribuição regular dos membros para a manutenção dos serviços da entidade,
os procedimentos para o registro legal da associação e a abertura de um site
específico da ABELI para comunicação e informação de toda a comunidade de
sócios.

A correspondência dos sócios com a diretoria da ABELI deve ser dirigida por
e-mail para o endereço abelisec at gmail.com . Em nome da diretoria, agradeço
a confiança e o apoio de todos que se associaram à Associação Brasileira
para o Estudo das Línguas Indígenas.

Brasília, 3 de agosto de 2007
Aryon Dall’Igna Rodrigues, presidente
Associação Brasileira para o Estudo das Línguas Indígenas
abelisec at gmail.com






Mônica Veloso Borges
Universidade Federal de Goiás
Faculdade de Letras/ Museu Antropológico
www.etnolinguistica.org
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