Artigo sobre PC Social Indigena

Wilmar R. D'Angelis dangelis at UNICAMP.BR
Fri Sep 28 10:06:34 UTC 2007


Colegas da lista

li a matéria que Kristine destacou, incluindo as declarações do Beto
Ricardo, em nome do ISA.
Desculpem, mas tudo isso é pouco mais que um circo montado.
Dizer - como faz o Beto Ricardo - que o gesto do Lula foi inovador, porque
foi lá falar com os índios, só se explica porque o ISA assumiu ser parte
da sustentação do atual presidente da FUNAI.
Lula ouvir ou não ouvir daria no mesmo, se isso afetasse a forma como
governa ou vai governar para os índios. Lula ouviu do mesmo modo que o
Geisel ouvia os índios, quando visitou aldeias no Mato Grosso do Sul.
O ato organizado pela Funai no Alto Rio Negro queria a visibilidade da
imprensa para o "gesto do governo" e obteve; trata-se de dar um "doce" aos
índios, cujas populações vão arcar com a violência da implantação das
obras do PAC. Esse "PAC Social" ou Indígena busca diminuir alguns dos
prejuízos, compensando os índios de alguma forma, mas o presidente da
Funai, que é antropólogo, sabe que nada vai salvar os índios dos desastres
do PAC empresarial. A título de exemplo, onde, no Mato Grosso do Sul,
havia 12 usinas de álcool (invadindo terras indígenas e explorando a mão
de obra indígena) estão agora aprovadas mais 40 ou 45 usinas novas. Há
mesmo consultores (externos) da FUNAI que sugerem que se demarque, ali,
para os índios, as barrancas dos rios (ali onde deveria haver mata ciliar
preservada), e as terras dos interflúvios, em mãos das usinas para o
plantio de cana, permitiria uma "boa combinação" de "preservação" com
"sustentabilidade".
Quanto ao ISA dizer ou insinuar que não se sabe quais são as terras que
serão demarcadas, é no mínimo estranho, seja porque está na base de apoio
do Presidente da FUNAI que, da parte do governo, foi quem coordenou a
elaboração do PC Social Indígena, seja porque a coordenação de
Identificação e Delimitação de terras da FUNAI é ocupada por um
profissional que sempre trabalhou para e com o ISA.
Então, concluo que toda a encenação não é apenas para adoçar e acalmar os
índios, diante do que virá sobre eles por aí, mas também para acalmar os
possíveis aliados.
É como vejo o mundo, com 30 anos de indigenismo nas costas.

Wilmar D'Angelis







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> Aos colegas da etnolinguistica - notícias importantes!
> Kristine Stenzel
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>
>   O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atendendo
>   sugestão do presidente da Funai, Márcio Meira,
>   escolheu a sede do município mais indígena do
>   Brasil, no extremo noroeste da Amazônia, para
>   lançar, em 21 de setembro,  a Agenda Social dos
>   Povos Indígenas ou Programação de Aceleração do
>   Crescimento (PAC) Social Indígena. Lula estava
>   acompanhado pelos ministros da Saúde e da Justiça e
>   do governador do Amazonas, entre outras autoridades.
>   Em reunião com as lideranças indígenas da região e
>   em ato público, Lula ouviu denúncias, propostas e
>   queixas. Passados cinco anos, as reivindicações
>   contidas no Programa Regional de Desenvolvimento
>   Indígena Sustentável do Rio Negro e entregues à
>   equipe do governo de transição de Lula, no final de
>   2002, nunca receberam resposta. Mas o PAC Indígena
>   ainda requer explicações. Veja análise do ISA no
>   final do texto.
>
>
>   Link:
>   http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=2532
>
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-- 
Wilmar R. D'Angelis
Professor Doutor - Depto de Lingüística
Instituto de Estudos da Linguagem - IEL
UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas)
Estado de São Paulo - Brasil

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