Museu do Índio inicia programa de documentação das línguas indígenas

Renato Athias renato.athias at GMAIL.COM
Fri Sep 28 12:37:58 UTC 2007


Prezados Colegas,

Achei super legal essa iniciativa do Museu, Parabéns Bruna!. Legal.
Nesses últimos anos, como conhecedor da língua Hup, como alguns de vocês
sabem, nós organizamos várias atividades entre os Hupdah: oficinas de
grafia, calendários, preparação de material didáctico, cartilhas, livros de
contos, e mais recentemente organizei um dicionário juntamente com o Henri
Ramirez da língua hup. E ainda, estou assessorando o Curso de Magistério
Indígena <http://video.google.com/videoplay?docid=8308823370295301961&hl=en>Paak
Sak Teg, um grande espaço de discussão entre eles, o que me deixa
muito
alegre com todas as possibilidades que se apresentam. Ali agrupamos 42
jovens falantes da línguas Daw, Yuhup e Hup... Pois é, tudo isso é super
legal. Os Hupdah, que conheço, gostaram e se sentiram muito orgulhosos disso
tudo. Esse material é divulgado. Porém, o que me chama a atenção é que
grande parte de nossos esforços vai parar em atividades de missionarização e
catequese. Como vocês sabem, na área que há anos eu venho trabalhando,
nesses últimos anos entrou um grupo de missionários evangélicos,
inicialmente através de uma proposta de um projeto de piscicultura (com o
apoio da FUNAI), e se instalaram nessa mesma área que trabalhamos e estão
com propostas bem claras nessa linha do
evangelismo<http://www.ronaldo.lidorio.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=41&Itemid=32http://>e
criando uma dependência dos índios com relação as suas presenças nessa
área. E isso inclusive contra o antigo (ainda em vigor) Estatuto do Índio
quanto 'a catequese. Pois bem, estes são os mesmos que participam em
congresso de linguística e são os mesmos quem fazem propostas de preservação
da línguas indígenas.
Sei que muitos de vocês conhecem exatamente o que estou falando. Conversando
com alguns índios, eles dizem não estar contentes com essa situação. E agora
eles sentem medo de falar abertamente, têm medo de represálias. As crianças,
homens e mulheres, antes alegres agora sentem medo. Tomam banho, no rio,
vestidos e passam o sabão na roupa, coisas que não aconteciam antes. Tenho
visto  mudanças nos comportamentos dos índios. Estou colocando isso, pois eu
não tenho clareza como agir. E também por que acredito que essas pessoas
deveriam ter a liberdade de escolher seus próprios caminhos. Infelizmente
não é assim que está acontecendo. E eu acreditava que eles estariam, de
certa forma, protegidos dessas atividades nefastas de um proselitismo
barato. Os missionários, no início do século passado, conseguiram queimar e
destruir a maloca onde viviam. Agora a maloca que existe dentro de cada um
deles, onde a cultura está sendo vivida,  e construída, ao  longos de muitos
e muitos anos lugar da antiga maloca, está em perigo, fortemente ameaçada
por essas ações.

Mais informação sobre essa situação abram o link abaixo:

http://www.ronaldo.lidorio.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=30&Itemid=28

Outras informações também posso fornecer a quem me solicitar.

Atenciosamente

Renato Athias
http://renatoathias.blogspot.com





Em 27/09/07, E&M Reesink <reesink at ufba.br> escreveu:
>
>   Cara Bruna e Colegas,
>
> Muito interessante de fato para reverter a
> falta de atenção para com línguas ameaçadas. Só
> não achei na notícia nada sobre como será
> definido o quadro destas línguas a serem
> escolhidas. Gostaria de pedir que mande
> informações depois sobre este processo e o andamento dos trabalhos.
>
> grato desde já e desejando muito trabalho para você....
>
> Edwin Reesink
>
> At 13:17 26/09/2007, you wrote:
> >Encaminho esta excitante notícia!
> >Bruna Franchetto
> >
> >
> >---------------------------------
> >
> >NO MUSEU
> >Ano II ­ No. 20
> >Informativo do Museu do Índio
> >http://www.museudoindio.gov.br/template_01/default.asp?ID_S=29&ID_M=432
> >
> >Museu do Índio inicia programa de documentação das línguas indígenas
> >
> >O Programa de Documentação de Línguas e Culturas
> >Indígenas Brasileiras, um dos destaques da
> >Agenda Social do Governo Lula, pretende, sob a
> >coordenação do Museu do Índio/FUNAI, documentar
> >e fortalecer 20 línguas indígenas.
> >
> >Os trabalhos serão desenvolvidos, sob a
> >coordenação da professora Bruna Franchetto, em
> >conjunto com diversas instituições acadêmicas e
> >científicas, entre elas: Museu Nacional/UFRJ,
> >Museu Paraense Emílio Goeldi/MCT e o Instituto
> >Max Planck para Psicolingüística, sediado em Nijmegen, Holanda.
> >
> >Atualmente, restam cerca de 180 línguas nativas
> >no Brasil, das mais de 1200 existentes no país
> >na época do descobrimento. Em abril deste ano,
> >um novo passo para a preservação do patrimônio
> >cultural lingüístico dos povos indígenas foi
> >dado com a assinatura de um acordo entre a FUNAI
> >e o Instituto Max Planck para Psicolingüística ­
> >MPI, que, entre outras iniciativas, resultou na
> >criação no Museu do Índio de um Centro de Documentação Lingüística.
> >
> >O Programa de Documentação de Línguas e Culturas
> >Indígenas Brasileiras inclui a documentação de
> >35 línguas, das quais deverão ser inicialmente
> >escolhidas 20 para a execução de sua primeira
> >fase, com base em critérios tais como: o grau de
> >ameaça a sua sobrevivência; condições de
> >realização de um bom trabalho por equipes
> >compostas por lingüistas competentes e das quais
> >deverão participar indígenas em formação como
> >pesquisadores; atitude positiva das comunidades
> >quanto a iniciativas de preservação ou resgate de suas línguas nativas.
> >
> >Os 20 projetos incluídos no programa
> >apresentarão, no final de três anos, um
> >levantamento ou diagnóstico sócio-lingüístico;
> >um acervo digital com 'textos' a partir de
> >gravações áudio e vídeo de aspectos
> >culturalmente relevantes, com anotação que
> >contenha, no mínimo, uma transcrição e uma
> >tradução dos enunciados; um dicionário; uma
> >gramática básica; subsídios didáticos, materiais
> >de divulgação (vídeos, CDs, DVDs), além de publicações de natureza
> científica.
> >
> >Fonte: ACS/Museu do Índio
> >24/09/2007
> >
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