Imprensa: "Lingüista defende preservação de lí nguas indígenas para manter cultura dos povos"

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Mon Jul 28 00:28:55 UTC 2008


 Matéria da Agência Brasil, de 27/jul/2008
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/07/27/materia.2008-07-27.3666556033/view
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*Lingüista defende preservação de línguas indígenas para manter cultura dos
povos *

Morillo Carvalho
Enviado especial

 Alto Paraíso de Goiás (GO) - A presença de 17 etnias indígenas na primeira
semana do 8º Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros
levou o professor de linguística da Universidade de Brasília (UnB) Ayron
Rodrigues ao local, para falar sobre a importância de se preservar suas
línguas originais.
 De acordo com o professor, que é especialista em línguas indígenas, cada
povo tem uma língua. Hoje, eles são cerca de 200 no país, mas já foram bem
mais.
 "Calculamos que, há 500 anos, havia cerca de 1.250 línguas. Note que já
houve uma perda de 85% das línguas e cada língua corresponde a um povo,
portanto são tantos povos também que desapareceram, são cerca de mil povos,
uma média de 20 povos por ano. Desaparecendo as línguas, estão desaparecendo
as culturas também. Essa é a importância de preservar as línguas, os povos,
porque é conhecimento humano que está desaparecendo", explicou.
 Segundo ele, este processo ainda está acontecendo. Ou seja, ainda hoje,
povos indígenas desaparecem a cada dia, no mundo todo. O professor atribuiu
as causas do fenômeno à globalização.
 "Há 15 anos, a Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura] alertou às nações que o conhecimento cultural do mundo
está diminuindo. A variedade de conhecimento. Com a globalização, está se
intensificando o processo de eliminar as minorias, de uma maneira ou de
outra. E isso leva embora as línguas e o conhecimento que é transmitido
através delas. E isso é um fenômeno global", apontou Ayron Rodrigues.
 Entretanto, o professor é otimista em relação ao Brasil. Para ele, há pelo
menos 10 anos, o Ministério da Cultura percebeu o problema, após o alerta da
Unesco, quando encarregou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan) de criar um programa de salvaguarda do patrimônio imaterial
do país.
 "Nesse sentido, foi constituída uma comissão no Iphan, há menos de três
anos, para estudar as maneiras de realizar isso com respeito às linguas.
Agora, também conseguiu-se motivar o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística], a incluir perguntas sobre as línguas que são faladas no
país", relatou.
 Ele disse que, embora oneroso para o governo, o processo de inclusão das
perguntas sobre as línguas faladas pelas famílias no Censo de 2010 (medição
geral feita pelo IBGE de 10 em 10 anos) permitirá que os trabalhos de
pesquisa linguística tenham mais precisão.
 "É a primeira vez que vamos ter um levantamento oficial, porque o que se
sabe até hoje, não é de fonte oficial, é reunindo informações de
pesquisadores que trabalham, cada um cuidando de uma área. É assim que
sabemos que temos cerca de 200 línguas ainda", contou o professor.
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