conferências do V Encontro da ABECS

ABECS abecs at ABECS.NET
Mon Jun 30 23:20:41 UTC 2008


Caro colega,

temos a honra de divulgar os resumos dos conferencistas do V Encontro da
ABECS (FFLCH, USP, 12, 13 e 14 de novembro).

Inscrições até 1 de setembro de 2008.

www.abecs.net


***************

V Encontro da ABECS



Resumo das conferências:



1.    John Holm (Universidade de Coimbra, Portugal): *The genesis of the
Brazilian vernacular: insights from the indigenization of Portuguese in
Angola*

*2.    *Dante Lucchesi (Universidade Federal da Bahia/CNPq): *O Contato
entre línguas e a polarização sociolingüística do Brasil*

3.    Ana Suelly Arruda Câmara Cabral (LALI/Universidade de Brasília):
*Histórias
diferentes, resultados diferentes: origem e desenvolvimento de duas línguas
amazônicas*

*4.    *Isabella Mozillo (Universidade Federal de Pelotas): *O falar
bilíngüe e sua característica própria: *o code-switching**





*1.            John Holm, Universidade de Coimbra, Portugal*

*The genesis of the Brazilian vernacular: insights from the indigenization
of Portuguese in Angola***



This study uses the model of partial restructuring developed in Holm (2004),
which compared the sociolinguistic history and synchronic structure of
Brazilian Vernacular Portuguese (BVP) with that of four other non-creole
vernaculars. The book argued that the transmission of the European source
languages from native to non-native speakers had led to partial
restructuring, in which part of the source languages' morphosyntax was
retained, but a significant number of substrate and interlanguage features
were introduced. It identified the linguistic processes that lead to partial
restructuring, bringing into focus a key span on the continuum of
contact-induced language change which has not previously been analyzed. The
present study focuses more tightly on the genesis of BVP and attempts to
reconstruct with greater precision the contribution of Bantu languages to
its development in the seventeenth and eighteenth centuries by comparing
specific areas of its synchronic syntax to corresponding structures in
Angolan Vernacular Portuguese, which is currently undergoing indigenization
(Holm and Inverno 2005; Inverno forthcoming a, b).  The main focus is on the
verb phrase (verbal morphology, auxiliaries, negation, and non-verbal
predicates) and the noun phrase (number and gender agreement, possessive
constructions and pronouns).

References

Holm, John.  2004. *Languages in contact: the partial restructuring of
vernaculars.  *Cambridge: Cambridge University Press.

Holm, John, and Liliana Inverno. 2005. The vernacular Portuguese of Angola
and Brazil: partial restructuring of the noun phrase. (Presented to the *
Associação:* *Crioulos de Base Lexical Portuguesa e Espanhola*, Université
de Orléans (France)).

Inverno, Liliana.  forthcoming a.  A transição de Angola para o português
vernáculo: estudo morfossintáctico do sintagma nominal.  In Ana Carvalho,
ed. *O Português em Contacto*.  Madrid, Frankfurt: Iberoamericana, Vervuert.

—.  forthcoming b.  *The transition to vernacular Portuguese in northeastern
interior Angola: the restructuring of Portuguese morphology and syntax in
Dundo*.  University of Coimbra, Ph.D. dissertation.  Supported by the Fundação
para a Ciência e a Tecnologia; advisor: John Holm.





*2.            Dante Lucchesi (UFBa/CNPq)     *

*O Contato entre Línguas e a Polarização Sociolingüística do Brasil*



Para compreender adequadamente a papel desempenhado pelo contato entre
línguas na formação do português brasileiro, é preciso ter em conta a
polarização sociolingüística do país, desde o início da colonização até os
dias atuais. O Brasil é hoje um país dividido lingüisticamente, pois o
padrão de fala de uma minoria da população que tem acesso à escolaridade e à
cidadania, a norma culta brasileira, distingue-se do observado na maior
parte da população, tanto no que concerne ao uso lingüístico, quando no que
diz respeito à avaliação subjetiva das variantes lingüísticas. Tal
polarização está presente ao longo de toda a história da sociedade
brasileira. Desde o início da colonização até o início do século XX, a elite
do Brasil buscou no cânone coimbrão os seus modelos de normatização
lingüística. Paralelamente, o português passava por profundas alterações ao
ser adquirido em condições bastante adversas por índios aculturados e
africanos escravizados. Tais alterações se foram sedimentando na medida em
que essa variedade defectiva de português se foi socializando entre esses
grupos e se nativizando entre seus descendentes. Portanto, o multilingüismo
generalizado que marca os primeiros séculos da sociedade brasileira tem
reflexos diretos na norma popular do Brasil de hoje, refletindo-se, apenas
de forma indireta, na sua norma culta. Análises de processos de variação
atuais na norma culta e na norma popular, que afetam a concordância nominal
e verbal e a flexão de caso dos pronomes, demonstram que a variação na norma
culta reflete processos de mudança fortemente restringidos por fatores
estruturais e pressões funcionais. Já o quadro muito mais amplo e profundo
de variação que se observa na norma popular implode esses esquemas
estruturais e funcionais; só encontrando uma explicação satisfatória na
história do contato entre línguas. Os paralelos que se podem traçar entre os
crioulos de base lexical portuguesa da África e norma popular brasileira,
inclusive em estruturas como as construções de duplo objeto, que são
absolutamente estranhas à elite urbana brasileira, revelam que o quadro
atual de variação na fala popular tem as suas origens em mudanças induzidas
pelo contato entre línguas. Os algoritmos estruturais e funcionais que se
apresentam para explicar as mudanças ocorridas no português brasileiro só se
aplicam a norma culta, que apenas indiretamente foi afetada pelo contato
entre línguas. Portanto, o *proton pseudos* da grande maioria dos argumentos
contrários à relevância do contato entre línguas na formação da realidade
lingüística brasileira é tomar a história sociolingüística do Brasil como um
processo único, quando a realidade lingüística do Brasil foi formada por
processos históricos independentes, não obstante a sua mútua influência. As
alegadas propensões estruturais só têm alguma pertinência nos processos
formadores da norma culta brasileira. Quando se descortina o universo mais
amplo das variedades populares e rurais, esses esquemas são subvertidos em
função de processos mais radicais de mudança, típicos das situações de
contato entre línguas. Assim sendo, o resgate do contato entre línguas passa
necessariamente pelo resgate da voz popular na história do Brasil.



*3.            Ana Suelly Arruda Câmara Cabral (LALI/Universidade de
Brasília)*

*Histórias diferentes, resultados diferentes: origem e desenvolvimento de
duas línguas amazônicas*



O Tupinambá, membro do sub-ramo III da família lingüística Tupí-Guaraní,
Tronco Tupí (Rodrigues 1985), foi, até onde é sabido, a única língua
indígena brasileira que teve papel fundamental no desenvolvimento de duas
outras línguas amazônicas, o Kokáma/Omágwa e a Língua Geral Amazônica ou
Nheengatú. Trata-se de dois casos de línguas que se desenvolveram em
situações de contato e que, apesar de terem tido em comum uma língua fonte,
o Tupínambá, as peculiaridades da história social dos falantes de cada uma
delas foram fundamentais para que resultassem em línguas tipologicamente
diferentes em vários aspectos. Há três visões principais sobre a origem da
língua Kokáma/Omágua: (a) a de que é uma língua da família Tupí-Guaraní, (b)
a de que se desenvolveu a partir da Língua Geral Amazônica, e (c) a de que
se desenvolveu a partir do contato de falantes de uma variante conservadora
do Tupinambá com falantes de outras línguas, dentre as quais uma língua
Aruák, e que não é a continuidade de nenhuma língua em particular. Quanto à
Língua Geral Amazônica, para alguns é uma língua crioula e para outros, a
continuidade do Tupinambá, mas falada fora do contexto das aldeias e tendo
sido sujeita a interferências externas ao longo de sua existência. Aproveito
a oportunidade deste encontro da ABECS para expor argumentos em favor dos
diferentes caminhos de desenvolvimento do Kokáma/Omágua, por um lado, e da
LGA por outro. Os argumentos incluem aspectos da história social dos
falantes de cada uma das duas línguas e aspectos dos seus respectivos
léxicos e respectivas gramáticas. Esta é também uma oportunidade para
ressaltar a necessidade de ampliar as investigações sobre estas duas
línguas, que muito têm a contribuir para a teoria das línguas em contato e
para a teoria das mudanças lingüísticas, seja pela especificidade do
contexto em que cada uma delas se desenvolveu, seja pelas especificidades de
suas estruturas lingüísticas, comparadas à língua ou às línguas que lhes
deram origem.



*4.            Isabella Mozzillo (UFPel)*

*O falar bilíngüe e sua característica própria: *o code-switching**



Todo falante bilíngüe apresenta um comportamento lingüístico próprio no
momento em que interage com um interlocutor que detenha o seu mesmo par de
línguas: a ampla utilização do *code-switching*.

Tal fenômeno lingüístico tem sido estudado e descrito pelos pesquisadores do
bilingüismo como natural e inerente à condição de usuário de mais de um
idioma. Trata-se de uma estratégia de adaptação comunicativa altamente
desejável e benéfica do ponto de vista pragmático, constituindo um
comportamento de ativação-desativação de uma ou de outra língua conforme os
elementos particulares a cada situação interativa.

Analisaremos o conceito, bem como as atitudes e as motivações para a
alternância de código por parte de locutores em contato com mais de um
sistema lingüístico.


-- 
______________________
V Encontro da ABECS
12, 13 e 14 de novembro
FFLCH-USP
www.abecs.net

Desculpe pelo transtorno gerado pelo recebimento múltiplo desta mensagem.
Caso não queira receber emails da ABECS/PAPIA, envie uma mensagem para
abecs at abecs.net com o assunto/subject: remover.
-------------- next part --------------
An HTML attachment was scrubbed...
URL: <http://listserv.linguistlist.org/pipermail/etnolinguistica/attachments/20080630/9d5ac0e6/attachment.htm>


More information about the Etnolinguistica mailing list