saudação

eduardo_rivail kariri at GMAIL.COM
Mon Feb 9 18:51:12 UTC 2009


Prezado Carlito,

Olá, e bem vindo ao grupo. Este é, de fato, um fascinante tema de
pesquisa e te desejo muito sucesso. Até o momento, não pude encontrar
evidências lexicais de contato entre os Ofayé e povos Jê -- exceto,
talvez, pela palavra para 'machado', que parece ter a mesma origem em
Ofayé (kâtâr) e Akwén-Xavánte (hâtâra); discuti esse assunto aqui
antes (http://lista.etnolinguistica.org/1711).  Não posso afirmar se
isto constituiria evidência de contato direto entre povos do ramo Jê
Central e os Ofayé (o que implicaria uma localização mais ao norte
para estes últimos?); é possível também que a palavra seja de uma
terceira origem, em cujo caso teria sido tomada de empréstimo pelo
Ofayé e o Xavánte (ou o Proto-Jê Central) independentemente.

Outras palavras semelhantes (como te 'carrapato') podem ter sido
herdadas diretamente do ancestral comum a ambas as famílias. Aliás, há
várias evidências adicionais para a inclusão do Ofayé no tronco
Macro-Jê, além daquelas detectadas por Gudschinsky (de fato, muitas
das "evidências" apontadas por ela são equivocadas; mesmo assim, o
número de cognatos -- inclusive gramaticais -- se amplia).  Haveria
também a possibilidade de contato entre os Ofayé e os Otí? Caso te
interessem, as principais fontes sobre os Otí estão agora disponíveis
online (como a 'Memória' de Quadros:
http://biblio.etnolinguistica.org/quadros_1892_memoria). 

Agora, mudando um pouquinho de assunto. A posição geográfica dos
Cayapó do Sul sempre tem me intrigado. Se sua língua é, de fato, uma
língua Jê Setentrional (o que parece ser o caso, embora seja a mais
divergente entre elas), como explicar sua posição tão ao sul? Uma
possibilidade que andei matutando é a de que a localização
contemporânea dos Panará seria mais antiga (quando em comparação com
sua localização meridional), por ser consistente com as tendências
migratórias (de leste para oeste) dos povos Jê Setentrionais (que
formariam, de certa forma, um arco, desde os Timbíra, a leste, aos
Panará, a oeste). A partir daí, alguns grupos Panará teriam migrado
para o sul. Do ponto de vista lingüístico, é uma hipótese plausível,
embora não seja considerada em trabalhos de cunho etno-histórico, pelo
que tenho visto.

Abraços,

Eduardo

--- Em etnolinguistica at yahoogrupos.com.br, "Carlos Alberto dos Santos
Dutra" <dutracarlito at ...> escreveu
>
> Olá amigos. 
> Sou Carlos Alberto dos Santos Dutra, popular Carlito, 52 anos, e
estudo sobre a etnohistória Ofaié (Ofayé) desde 1985. 
> Minha produção intelectual sobre esse povo (em que pese minha
formação eclética --medicina veterinária/UFPel, teologia/PUCRS,
filosofia/UCPel, ciências sociais/UNESP e direito/UFMS-- e forte viés
menos acadêmico e mais militante (missionário do CIMI por 15 anos)
levaram-me nos últimos anos a trilhar pelos caminhos da história
(especialização e mestrado/UFMS). 
> Trocar idéias e dividir saberes será uma honra para este aprendiz de
historiador. 
> Almejo a possibilidade de cursar doutorado. Meu esboço de pesquisa
me leva a solicitar dos colegas apoio e indicações de bibliografias na
área de lingüística e áreas fins no seguinte tema: leituras e
pesquisas que demonstrem ou sinalizam haver alguma aproximação entre
os Ofaié (Ofayé), do tronco macro-Jê e os Kaiapó meridionais. 
> Na pesquisa proposta, abordo o fato deles terem convivido no século
XIX e início do século XX no espaço físico compreendido entre a
desembocadura do rio Tietê (SP) e as margens dos rio Sucuriú e Verde
(MS) e região. 
> Indicações de bibliografia sobre essa possibilidade, a de haver
algum elo de ligação lingüístico entre estes dois povos serão
bem-vindas. Desculpe o texto longo. 
> Uma saudação especial ao Prof. Eduardo Rivail Ribeiro. 
> Obrigado. Carlito.
>


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