Imprensa: "Kuarup em imagens"

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Tue Mar 3 23:44:25 UTC 2009


A matéria abaixo saiu na versão online da edição mais recente da
Revista de História da Biblioteca Nacional
(http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=2206).

O curta-documentário mencionado está disponível no YouTube
(http://www.youtube.com/watch?v=iyWWtTelLn8) -- e já foi devidamente
incluído no nosso grupo
(http://www.youtube.com/group/etnolinguistica)!

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Kuarup em imagens
por Adriano Belisário

Em cena fúnebre, as pessoas choram por horas seguidas. No centro, ao
invés do corpo, um tronco de árvore. É assim a noite do kuarup. A
homenagem indígena aos mortos ilustres ocorre anualmente no Alto Xingu
cercada por demonstrações de poder e... câmeras.

Neste curta-metragem de Valentina Homem, a cerimônia é exposta através
de fragmentos que revelam todos as etapas do grande do dia do ritual.
A cinegrafista foi à aldeia Kalapalo para produzir uma série
televisiva chilena. Entre as tarefas, captou o kuarup de um ângulo
próprio. “Pagamos 15 mil reais para poder entrar e filmar, além de
outros agrados. Havia mais quatro equipes, inclusive a BBC”, diz.

Os familiares da pessoa falecida não podem cortar o cabelo até a
homenagem. No grande dia, portam objetos valiosos, como os colares de
caracol, que podem custar até 500 reais. Aos anfitriões cabe também
toda produção do evento. Eles e alguns poucos convidados vão para o
meio da floresta por uma semana. Lá, organizam acampamentos e
barragens para recolher a comida, que é levada para a cerimônia já
pronta.

“Tudo é muito rápido. Eles pegam cipós com venenos nocivos aos peixes,
vão para água e batem. De repente, os peixes bóiam”, lembra Valetina.
Beju (tapioca) e peixes são a dieta básica do Alto Xingu.

Os primeiros segundos do filme mostram as tribos chegando na
aldeia-sede cantando e tocando instrumentos musicais. Trata-se de um
privilégio, pois nem todas etnias são convidadas. Em fila, as mulheres
com presilhas nas pernas são apresentadas aos presentes. A primeira
menstruação marca o início de um período de isolamento da vida pública
que termina apenas no kuarup.

Na parte da noite, chora-se compulsivamente pelos mortos durante
horas. Algumas pessoas entram em transe neste processo. No segundo
minuto do curta-metragem, é possível ver alguns índios fumando
cigarros de tabaco e prendendo a respiração. No ritual, a substância
auxilia o contato com entidades divinas.

A noite passa sem sono para os lutadores de huka-huka. O esporte
indígena de combate é realizado na manhã seguinte ao kuarup. Além de
dormir, seus participantes também não podem ter relações sexuais ou
ficar próximos de mulheres menstruadas durante nas 24 horas antes da
apresentação. Os jovens fazem escoriações com dentes de piranha no
corpo e depois jogam ervas ardentes para se tornarem mais fortes. Ao
meio-dia, todas as tribos vão embora.

Porém, nem todos estão satisfeitos com o kuarup. Segundo Valentina,
alguns índios ficavam irritados com a presença das equipes de
filmagens e atiravam areia nas câmeras. Provavelmente, uma
manifestação de desagrado com a exploração comercial de um ritual que
oscila entre a tradição e o espetáculo moderno.


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