Oi

Waldemar Ferreira Netto waldemar.ferreiranetto at GMAIL.COM
Fri May 15 10:55:10 UTC 2009


Caros,
Se não me falha a memória (o que é bem possível que ocorra), a
expressão "oi" ocorre no Auto de São Lourenço, quando o autor
(Anchieta) quer caracterizar a entrada de alguma das persogens. Não
tenho o texto aqui, mas creio que é possível se certificar disso na
edição da IV Centenário, organizada por Maria de Lourdes de Paula
Martins, que colocou uns míni fac-símiles. Com uma lupa poderosa, acho
que dá para ver.
Abraços,
Waldemar

2009/5/15 eduardo_rivail <kariri at gmail.com>:
> Caro Renato,
>
> Muito obrigado pelo apoio e o incentivo. Obrigado, também, ao Nonato Costa, ao Victor Petrucci e ao Beni Borja, pela acolhida. Esperamos contar com a participaçăo de todos. Sim, "quarar" foi o primeiro lexema registrado (simbolicamente, até; afinal, o objetivo é, de certa forma, pôr algumas velhas idéias para quarar). Dę uma olhada:
>
> http://www.etnolinguistica.org/tupi:quarar
>
> Quanto ŕ provável origem do cumprimento "oi", tendo a concordar com a explicaçăo do colega Geraldo Faria. Interjeiçőes tendem a coincidir em línguas as mais diversas e, por outro lado, podem variar bastante dentro de uma mesma língua. A exemplo das chamadas "palavras de berçário" (papa, mama, caca), săo pouco confiáveis para o estabelecimento de relaçőes genéticas ou de contato lingüístico. A propósito: alguém sabe se algo parecido com "oi!" teria ocorrido em Tupinambá?
>
> Agora, em resposta a algumas das questőes levantadas pelo Victor, seria mesmo interessante incluir, na discussăo dos verbetes, informaçőes sobre o seu tratamento por outros autores (tanto a definiçăo, quanto sugestőes etimológicas). É o que faço, a título de ilustraçăo, no verbete 'quarar' (citando Amadeu Amaral). No caso de 'jirau', pode ser que afinal o Aurélio é que estivesse correto (no possível original Tupí que menciono, com base em Lemos Barbosa, fica sem explicaçăo a semivogal final). Colegas com acesso a fontes mais completas -- sem falar nos vários especialistas em Tupinambá e na família Tupí-Guaraní, membros desta lista -- podem ajudar a esclarecer este e outros pontos duvidosos (e esta é uma das vantagens de um trabalho cooperativo como este).
>
> Há, claro, centenas de termos de origem Tupí cujo uso é restrito (inclusive nomes científicos de plantas e animais). Embora estes lexemas sejam também importantes, eu sugiro, no entanto, que cada entrada a ser introduzida se baseie no repertório lingüístico do autor do lexema, como falante nativo de uma dada variedade do portuguęs brasileiro. É isso que tenho em mente ao falar do Tupí nosso de cada dia. Por exemplo, embora a forma de dicionário seja algo como "teiú", a forma que adquiri desde menino é "tiú" (um lagarto preto, comestível, que tem uma predileçăo por ovos, dando prejuízo ao dono do galinheiro). Posso afirmar, com um certo grau de certeza, que essa é a forma usada em Goiás. Colegas falantes de outros dialetos podem acrescentar informaçőes sobre sua própria pronúncia. Assim, pouco a pouco, vamos tendo uma visăo mais precisa da distribuiçăo e variaçăo de um determinado lexema.
>
> Achei bacana a idéia do texto do Victor, como ferramenta didática. Mas, para os nossos propósitos atuais, é bom deixar inicialmente de lado palavras cuja difusăo se deu muito mais por meio literário e escolar. Por exemplo, Tupă, saci e curupira săo, para mim, termos puramente escolares (ou seja, năo fazem parte do meu universo etnolingüístico de caipira goiano; só aprendi sobre eles nos velhos livros de Educaçăo Moral e Cívica e no Sítio do Pica-Pau Amarelo, na TV). Por outro lado, perebas, catapora e taturanas (infelizmente) e paçoca, beiju, arapuca e pirăo (felizmente), sim, fazem parte do meu universo lingüístico extra-escolar. Certas palavras, inclusive, fazem parte de provérbios ou "dizeres", o que ajuda a ilustrar seu valor etnolingüístico. Por exemplo: "Por vocę, fulana, eu carrego água em jacá."
>
> Aqui vai, a propósito, uma pequena lista de palavras (Tupi, será?) que me ocorreram (e cuja etimologia ainda năo pude encontrar nas fontes de que disponho no momento):
>
> suă
> capiau
> catira
> potoca
> coró
> jia (ou gia?)
> curau
>
> Se tais termos fazem parte do repertório lingüístico de qualquer um de vocęs (e se sua origem e, talvez, etimologia podem ser determinadas), por favor, sintam-se "cordialmene intimados" a incluí-los como verbetes.
>
> Uai, entăo "cambota" também seria Tupí? Se for, que maravilha. Fazia tempo que năo ouvia esta palavra; valeu, Victor, pelo presente!
>
> Abraços,
>
> Eduardo
>
> --- Em etnolinguistica at yahoogrupos.com.br, Renato Athias <renato.athias at ...> escreveu
>>
>> Eduardo,
>> GENIAL! PARABENS pela iniciativa.
>> Năo vi a palavra QUARAR no vocabulario.... quem vai colocar?
>> A palavra  "oi" também na seria de origem tupi?
>>
>> Renato
>>
>> 2009/5/14 eduardo_rivail <kariri at ...>
>>
>> >
>> >
>> > Prezados,
>> >
>> > Recentemente, eu e o colega Emerson José Silveira da Costa (que mantém,
>> > entre outras iniciativas, o site http://tupi.wikispaces.com/) demos início
>> > a um projeto de compilaçăo do vocabulário de origem Tupí que ocorre no nosso
>> > portuguęs do dia-a-dia. A participaçăo é aberta a todos os interessados. O
>> > endereço é o seguinte:
>> >
>> > http://www.etnolinguistica.org/tupi
>> >
>> > Usuários do Twitter podem se manter informados acerca de novos verbetes
>> > acompanhando-nos no seguinte endereço:
>> >
>> > http://twitter.com/abanheenga
>> >
>> > Cada verbete deverá incluir informaçőes etimológicas, indicaçăo de fontes
>> > bibliográficas e exemplos concretos de uso (năo apenas literários ou da
>> > mídia, mas também exemplos pessoais fornecidos pelos usuários e membros do
>> > projeto), com a devida indicaçăo de sua distribuiçăo geográfica. A exemplo
>> > dos demais recursos disponíveis em Etnolinguistica.Org, cada verbete pode
>> > ser comentado por qualquer um que se cadastre no site.
>> >
>> > Um dos objetivos principais é fornecer, ao público geral, uma fonte
>> > confiável (e interativa) sobre a presença da herança cultural indígena no
>> > cotidano do brasileiro. Além disso, o projeto pode vir a ter resultados
>> > científicos igualmente relevantes, contribuindo para esclarecer a
>> > distribuiçăo geográfica dos vocábulos de origem Tupí, detectar diferenças
>> > regionais em pronúncia e escopo semântico, etc.
>> >
>> > Esperamos poder contar com a participaçăo de todos os interessados!
>> >
>> > Atenciosamente,
>> >
>> > Eduardo
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