TCC

eduardo_rivail kariri at GMAIL.COM
Sun May 17 13:52:18 UTC 2009


Prezados,

Acrescentando às sugestões do Wilmar, gostaria de mencionar um outro excelente artigo de Aryon Rodrigues, "As Línguas Gerais Sul-Americanas" (publicado originalmente, creio, na revista Papia), disponível online:

http://www.unb.br/il/lali/publicacoes/publ_002.html

O texto de Sérgio Buarque de Holanda (realmente, fundamental) é parte do clássico Raízes do Brasil (caso você não encontre o livro de Schaden, mencionado pelo Wilmar).

Infelizmente, em comparação com a LGA, sabemos muito pouco sobre a Língua Geral Paulista. Dado meu interesse na história do(s) dialeto(s) caipira(s), falado(s) justamente em áreas de expansão bandeirante, essa falta de informação é particularmente frustrante.

Por isso, informações marginais, anedóticas até, acabam assumindo um valor importante. É o caso de um pequeno trecho de Viagem ao Araguaya, em que Couto de Magalhães menciona o uso, pelos caipiras paulistas, de várias palavras Tupí que depois viriam a cair em desuso (testemunhando um período de transição, talvez, entre a LGP e o português caipira): http://tr.im/avati

A propósito, venho há um bom tempo tentando encontrar este artigo de Aryon Rodrigues sobre o nome "Curitiba", mas não o acho nas bibliotecas a que tenho acesso. Será que algum colega nos poderia fazer a gentileza de torná-lo disponível eletronicamente?

Abraços,

Eduardo

--- Em etnolinguistica at yahoogrupos.com.br, "Wilmar R. D'Angelis" <dangelis at ...> escreveu
>
> Caro amigo,
> 
> vou dar duas ou três informações que te podem ser úteis, mas em uma lista
> de discussão como essa, de caráter eminentemente acadêmico, não me parece
> de bom tom manter um anonimato.
> A informação que te pode ser útil é:
> - no Sul do Brasil nunca se falou Nheengatu. Nheengatu foi um termo
> surgido no século XIX para designar a Língua Geral da Amazônia, de base
> Tupinambá do Maranhão, introduzida pelos portugueses ao longo da calha do
> Amazonas e Rio Negro nos séculos XVII e XVII e que sobrevive, viva, ainda
> lá.
> - de forma algo semelhante, algo distinta, houve uma Língua Geral do Sul,
> um Tupi paulista ou "Tupi Austral" (como o designou von Martius, embora o
> termo, no caso dele, tenha conotação mais ampla), a partir do uso dos
> bandeirantes sobretudo (mas também os jesuítas) e descendentes paulistas,
> e que desapareceu no início do século XIX. Sobre ele há um artigo
> fundamental de Sérgio Buarque de Hollanda, inserido na obra "Leituras de
> Etnologia Brasileira", organizada por Egon Schaden (Cia Editora Nacional.
> 1976).
> - Sobre as línguas gerais você encontrará um capítulo do professor Aryon
> Rodrigues, na obra dele "Línguas brasileiras. Para o estudo das línguas
> indígenas" (Ed. Loyola).
> - Obviamente as duas línguas gerais são muito semelhantes, em muitas
> coisas, e outras tantas se assemelharam ao longo dos séculos. Por exemplo,
> no Nheengatu a vogal alta posterior não-arredondada típica das línguas
> Tupi, em geral grafada com "y", desaparece por completo, porque foi uma
> língua difundida por muito tempo por falantes não-nativos de Tupinambá,
> isto é, por portuguêses, que converteram essa vogal em "i" (parece que,
> algumas vezes, em "u"). Na toponímia do Sul, muitos nomes mostram as
> mesmas "simplificações" (adaptações à fonologia do Português), seja porque
> foram anotadas, adotadas e difundidas por portugueses, seja porque o
> passar dos anos e o desaparecimento dos falantes da Língua Geral fez com
> que os que vieram depois lessem aqueles registros com sua pronúncia, seja
> porque os próprios falantes da Língua Geral fossem, a cada nova geração,
> mais bilíngües, o que implicava em maiores "influências" de uma língua na
> outra. Assim, "uba-tyb-a" deu "Ubatuba", enquanto "itá-tyb-a" deu
> "Itatiba".
> - E uma vez que você está em Curitiba, é fundamental que leia o primoroso
> texto do Prof. Aryon Rodrigues sobre "O nome Curitiba", publicado no
> Boletim Informativo da Casa Romário Martins, vol. 21, n. 105 (1995):
> "Curitiba. Origens, fundação, nome".
> 
> Um abraço
> 
> Wilmar R. D'Angelis
> 
> 
> > Auê anãitá! Eu estou fazendo meu tcc em Tecnologia da comunicação
> > institucional na UNiversidade Tecnológica Federal do Paraná sobre o
> > nhe´engatu e a divulgação da importâncias do idioma para a cultura da
> > região
> > sul. Digo porque percebo que há uma forte influência na toponímia e já
> > tenho
> > os principaes autores e uma pesquisa intensiva sobre o nhe´engatu e
> > história, mas gostaria de saber se alguém conhece algum artigo ou material
> > que aborde a questão da região sul, sem ser aquele do tupiniquim, que já
> > tenho e já o citei! :D
> > Obrigado, Araryboîa nhe´engetá
> >
> 
> 
> -- 
> Wilmar R. D'Angelis
> Professor Doutor - Depto de Lingüística
> Instituto de Estudos da Linguagem - IEL
> UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas)
> Estado de São Paulo - Brasil
>


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