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<BODY bgColor=#ffffff>
<DIV><FONT size=2>Dioney,</FONT></DIV>
<DIV><FONT size=2>Muito obrigado pela lista de trabalhos de Rodrigues lidando
com a questão dos relacionais (entre outras). Mas o fato de que não os
mencionei não significa desconhecimento da minha parte (sendo eu um ávido
leitor das obras do professor Aryon). Significa, simplesmente, que discordo da
análise lá apresentada. A análise apresentada em 1953, apesar de mais simples
(ou justamente por isso), é, no meu ponto de vista, mais acurada. E não é a mais
acurada do ponto de vista comparativo apenas; é a que encontra maior respaldo
nos dados da(s) língua(s).</FONT></DIV>
<DIV><FONT size=2></FONT> </DIV>
<DIV><FONT size=2>> No meu artigo (Gomes 2001), falo que a classe II (uk'a /
João d-uk'a/ t-uk'a: <BR>> casa, casa de João, casa dele) reanalisou os
prefixos relacionais como parte da <BR>> raiz, mas afirmo também que a função
relacional continua existindo (agora, <BR>> alternância entre itens lexicais
provocada por regra sintática) e não disse ter <BR>> sido ela obscurecida
pela regra fonológica regular de alternância entre <BR>> oclusivas surdas e
sonoras. </FONT></DIV>
<DIV><FONT size=2><FONT face=Arial></FONT> </DIV>
<DIV><BR></DIV></FONT>
<DIV><FONT size=2>Ah, sim. Desculpe-me. Não era minha intenção deturpar o que
você diz no seu artigo. Na verdade, estava apenas usando a sua descrição dos
fatos para chegar a minhas próprias conclusões (que podem, naturalmente, estar
redondamente equivocadas). </FONT></DIV>
<DIV><FONT size=2></FONT> </DIV>
<DIV><FONT size=2>> O fato de os relacionais d- e t- ocuparem
paradigmaticamete a mesma posição não <BR>> é, necessariamente, um tratamento
morfológico nem muito menos puramente <BR>> sintático. Foi bom você ter
citado que não é nenhuma excepcionalidade a <BR>> terceira pessoa não ter um
marcador de pessoa específico (isso é um fato para <BR>> os nomes em
Mundurukú e para a classe de verbos estativos, que recebem os <BR>> mesmos
marcadores objetivos de pessoa). </FONT></DIV>
<DIV><FONT size=2></FONT> </DIV>
<DIV><FONT size=2>Naturalmente: terceiras pessoas comumente recebem
tratamento especial nas línguas do mundo. Mas continuo achando que este não é
exatamente o caso em Tupi ou Macro-Jê, onde claramente parece haver marcadores
de terceira pessoa. Justamente por causa dessas diferenças de
tratamento entre a terceira e as demais pessoas a que você refere, acho natural
que a terceira pessoa seja expressa através de prefixos, enquanto as demais
seriam expressas através de clíticos. Mas, no caso do Tupi, isto reflete
simplesmente uma situação diacrônica em que prefixos de terceira pessoa são
mais antigos do que os demais. Repare que, em Macro-Jê, além do marcador de
terceira pessoa, o prefixo de segunda pessoa também se liga diretamente à
raiz. Se observamos as línguas Karib, Tupi e Macro-Jê atuais, é possível
imaginar que, na proto-língua (como na maioria das línguas atuais), raízes
nominais e verbais (talvez adposições também) teriam uma única posição prefixal,
que poderia ser preenchida pelo prefixo relacional (ou o seu ancestral, que,
como hipótese, sugiro ter sido o marcador de terceira pessoa) ou outros prefixos
que eventualmente existissem, mas não dois prefixos
simultaneamente.</FONT></DIV>
<DIV><FONT size=2></FONT> </DIV>
<DIV><FONT size=2>Aliás, sobre o tratamento diferenciado da terceira pessoa, um
exemplo mais perto de casa: no português coloquial, é comum termos um pronome
tônico referindo-se à terceira pessoa objeto, mas os marcadores
clíticos de segunda e terceira pessoa sobrevivem: <EM>eu vi
<STRONG>ele</STRONG></EM>, mas <EM>ele <STRONG>me</STRONG> viu</EM> e <EM>ele
<STRONG>te</STRONG> viu</EM>. Fosse o português uma língua indígena, já teriam
surgido propostas para tratar alternâncias deste tipo como um caso de "split",
motivado por hierarquias pessoais, etc. e tal. Quem sabe, né? Mas, apesar das
diferenças morfológicas óbvias entre os marcadores de primeira e segunda pessoa,
de um lado, e o marcador de terceira, do outro, parece-me claro que todos
desempenham a mesma função (como marcadores de objeto).</FONT></DIV>
<DIV><FONT size=2></FONT> </DIV>
<DIV><FONT size=2>É ótimo poder trocar idéias sobre lingüística com você (e
os demais colegas).</FONT></DIV>
<DIV><FONT size=2>Muitíssimo obrigado, e boa viagem!</FONT></DIV>
<DIV><FONT size=2>Abraço,</FONT></DIV>
<DIV><FONT size=2>Eduardo</FONT></DIV>
<DIV><FONT size=2></FONT> </DIV>
<DIV><FONT size=2></FONT> </DIV>
<DIV><FONT size=2></FONT> </DIV>
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<DIV><BR><FONT size=2> </FONT></DIV>
<br>
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