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<DIV><FONT face=Arial size=2>Prezado Sérgio,</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV>
<DIV>
<DIV><SPAN class=084434711-09022003><FONT face=Arial color=#0000ff
size=2>[Meira, S.] </FONT></SPAN></DIV>
<DIV><SPAN class=084434711-09022003><FONT face=Arial color=#0000ff size=2>Não,
nenhum. Tanto quanto eu saiba, nas línguas onde o /y/ ocorre
regularmente (entre um verbo transitivo e seu argumento P, entre uma
posposição e seu objeto, ou entre um substantivo e seu possuidor), não há
nenhuma exceção. Há palavras que contêm um /y/ como parte da raíz (p.ex.
Hixkaryana /yo/ 'dente'), o qual nunca desaparece em nenhum contexto; mas não
parece haver nenhuma palavra começada por vogal que possa tomar um argumento sem
que apareça o /y/.</FONT></SPAN></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>Interessante. Esta raiz, 'dente', seria um dos
candidatos a encontrar cognatos tanto em Macro-Jê, quanto em Karib e Tupí
(quando finalmente tivermos tempo para uma comparação sistemática). Em Macro-Jê,
prováveis cognatos ocorrem pelo menos em Jê, Karajá, Kariri, Ofayé e Bororo. É
possível que, mais uma vez, a forma Jê, reconstruível como *<EM>REL-ua</EM>
para a proto-língua, seja a forma fonologicamente mais conservadora, o que
explicaria resultados tão díspares quanto <EM>j-u</EM> em Karajá (<EM>t-o</EM>
em Boróro) e <EM>dza</EM> em Karirí. Mesmo que a consoante inicial não tenha
sido originalmente um prefixo 'relacional', é interessante notar as
correspondências fonológicas: em todas essas línguas, a consoante inicial
coincide com a forma do prefixo relacional. Uma coisa curiosa, quanto aos
relacionais em Karajá (quando em comparação com dados da família Jê): palavras
da classe II que são monossilábicas em Jê (e foram reconstruídas como tais por
Davis) são monomorfêmicas em Karajá. Os exemplos que me ocorrem agora são PJ
<EM>*ñ-y</EM> 'sentar-se', Karajá <EM>dã</EM>; PJ <EM>*ñ-i</EM> 'carne', Karajá
<EM>de</EM>; PJ <EM>ñ-õ</EM> 'comida', Karajá <EM>do</EM>. É claro que o Karajá
também tem raízes monossilábicas na classe II, mas estas parecem corresponder a
palavras di- ou polissilábicas em Jê (o caso de 'dente' e, provavelmente,
<EM>d-e</EM> 'pena, asa'). Isto parece refletir uma tendência um tanto comum no
tronco: raízes monossilábicas da classe II são reanalisadas como sendo
monomorfêmicas, o que explicaria a aparente não-ocorrência de raízes
monossilábicas da classe II em Kariri e Ofayé (exceto nos casos em que tais
morfemas se tornaram prefixos, como é o caso do morfema alienador <EM>u-</EM> em
Karirí). É claro que a hipótese contrária (que Jê tenha inovado, tratando a
consoante inicial como prefixo) seria também plausível; mas o importante aqui é
o caráter razoavelmente sistemático das correspondências.</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face=Arial size=2>[Citando Sérgio]</FONT></DIV>
<DIV>
<DIV><SPAN class=084434711-09022003><FONT face=Arial color=#0000ff size=2>demais
prefixos de pessoa. Minha idéia foi apenas que o y- -- caso ele
tenha</FONT></SPAN></DIV>
<DIV><SPAN class=084434711-09022003><FONT face=Arial color=#0000ff
size=2>realmente sido um prefixo -- ocupava a mesma posição morfológica que este
k-,</FONT></SPAN></DIV>
<DIV><SPAN class=084434711-09022003><FONT face=Arial color=#0000ff size=2>isto
é, que eles estariam, em priscas eras, em oposição paradigmática.
Esta</FONT></SPAN></DIV>
<DIV><SPAN class=084434711-09022003><FONT face=Arial color=#0000ff
size=2>hipótese o Spike não levantou, mas me parece que valeria a pena
examiná-la. </FONT></SPAN></DIV>
<DIV><SPAN class=084434711-09022003><FONT face=Arial
size=2></FONT></SPAN> </DIV>
<DIV><SPAN class=084434711-09022003><FONT face=Arial size=2>Bacana! Isto é
exatamente o que eu sugiro naquela mensagem que mencionei (e mensagens
subseqüentes, na minha discussão com o Dioney).</FONT></SPAN></DIV>
<DIV><SPAN class=084434711-09022003><FONT face=Arial
size=2></FONT></SPAN> </DIV>
<DIV><SPAN class=084434711-09022003><FONT face=Arial size=2>Agora, só para
acrescentar às suas "coincidências curiosas":</FONT></SPAN></DIV>
<DIV><SPAN class=084434711-09022003><FONT face=Arial
size=2></FONT></SPAN> </DIV>
<DIV><SPAN class=084434711-09022003><FONT face=Arial size=2>(a) Em Karajá, há
quatro ou cinco verbos para 'comer', com distinções semânticas similares às que
você aponta para o Karib. 'Comer grãos' é <EM>ky</EM>.</FONT></SPAN></DIV>
<DIV><SPAN class=084434711-09022003><FONT face=Arial
size=2></FONT></SPAN> </DIV>
<DIV><SPAN class=084434711-09022003><FONT face=Arial size=2>(b) Em Karirí, temos
<EM>ku</EM> 'líquido' (que não parece ter sido mencionado ainda como um provável
cognato da palavra para 'água' em Jê).</FONT></SPAN></DIV>
<DIV><SPAN class=084434711-09022003><FONT face=Arial
size=2></FONT></SPAN> </DIV>
<DIV><SPAN class=084434711-09022003><FONT face=Arial
size=2>Abraços,</FONT></SPAN></DIV>
<DIV><SPAN class=084434711-09022003><FONT face=Arial
size=2>Eduardo</FONT></SPAN></DIV>
<DIV><SPAN class=084434711-09022003><FONT face=Arial
size=2></FONT></SPAN> </DIV></DIV>
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