<html>
Eduardo:<br>
<x-tab>        </x-tab>Como você
novamente se refere publicamente ao meu nome, não posso deixar de fazer
alguns reparos ao que você diz. Seguindo o texto de sua mensagem de
ontem, dirigido aos "Caros colegas", mas de fato diretamente ao
Wilmar, refiro-me primeiramente à parcialidade, da qual lhe reclamei, mas
em particular (minha mensagem foi diretamente a você e à Mônica, em seus
endereços particulares, e vocês é que a disseminaram na rede), pelo que
você me pediu desculpas. Pensei que depois daquele escorregãozinho ficava
tudo tranqüilo, mas agora você diz que o que eu lhe dissera foi
"extremamente ofensivo", numa mudança de avaliação que muito me
surpreende e para a qual não vejo razão. Afinal tratava-se apenas de um
alerta, lembrando que ao moderador de uma rede não cabe precipitar
insinuações sobre os debatedores, como você fez então, criticando (com a
qualificação de "quilométrica") a relação dos trabalhos sobre
educação indígena dos dois candidatos que recomendei.<br>
<x-tab>        </x-tab>No final
de sua mensagem ao Wilmar, você retoma a questão da extensão das listas
de publicações pertinentes à área de educação indígena, ao insinuar -
não, ao declarar que o Wilmar espera que a lista fale por si só e ao
acrescentar, mais ainda, que isso seria um caso de "curriculismo,
uma mania nefasta da academia brasileira que faz com que antigüidade (e
conseqüente quantidade) fale mais alto do que qualidade". Será que
você não está querendo simplesmente ofender os dois candidatos que eu
apresentei e mais o seu apresentador e querendo confundir os
freqüentadores da Etnolingüística, ao dizer que a intenção nossa ser ia a
de esperar que as listas falem por si só?. Você e qualquer outra pessoa
de boa formação acadêmica, jovem ou velho, sabe, e sabe muito bem, que a
única maneira de conhecer a qualidade, boa ou má, de um trabalhador
intelectual é tendo acesso às suas publicações e que a finalidade das
listas bibliográficas é precisamente a de fornecer as indicações
necessárias para esse acesso. Aos moderadores da lista caberia, na melhor
das hipóteses, estimular as outras pessoas que se candidataram a fornecer
o mesmo tipo de indicação, não importa se suas publicações são muitas ou
poucas, pois o que conta, como você bem sabe, não é a quantidade, mas a
qualidade.<br>
<x-tab>        </x-tab>Aryon
Rodrigues<br><br>
<br><br>
<br><br>
<br><br>
<br>
At 14:28 6/7/2003 -0700, you wrote:<br>
<blockquote type=cite class=cite cite>Caros colegas,<br>
 <br>
Antes de tudo, gostaria de deixar claro que eu e a Mônica não 'elegemos'
ortografia como um 'critério' para a escolha dos representantes. Era
<i>apenas uma</i> das questões que sugerimos que fossem discutidas, uma
vez que é um dos problemas mais comumente levantados por professores e
estudantes indígenas. O debate seria realmente 'pobre e equivocado' se se
limitasse a isto. Mas quem se apegou a este tema foi você, Vilmar, não os
moderadores da lista. Desde o princípio, sugerimos aos colegas que
propusessem outros temas; afinal, isto é uma lista de <i>discussão</i>,
em que todos os participantes têm o mesmo peso; não é o comitê central
dos sovietes.<br>
 <br>
Repito que a nossa intenção, ao propormos o debate, era simplesmente
conhecer melhor as idéias de cada um dos candidatos. Não há nada de
ofensivo nisso -- a não ser que alguns candidatos se vejam, por alguma
razão, como 'ungidos' e intocáveis (na posição, portanto, de se negarem a
debater suas idéias com seus pares).  Acho a insinuação de
'parcialidade', sugerida por Aryon Rodrigues, extremamente ofensiva. Ao
mencionarmos as longas listas curriculares dos candidatos, queríamos
apenas sugerir que se evitasse o argumento de autoridade, algo tão comum
na academia brasileira e que é, obviamente, um fator que atravanca o
progresso da área.<br>
 <br>
Assim como você, Vilmar, confessa ignorar a obra de um Ken Hale, muitos
colegas não terão tido a oportunidade de ler as obras listadas no seu
extenso currículo (bem como nos da Marília, da Luciana e da Filomena).
Daí  o convite à exposição de idéias, nesta lista ou em qualquer
outro fórum a que os colegas tenham acesso -- algo de que todos nós,
candidatos ou eleitores, nos beneficiaríamos. Surpreende-me que um
convite desta natureza tenha causado tanta desconfiança em colegas que
deveriam, dada sua longa experiência, estar mais abertos ao debate
acadêmico.<br>
 <br>
É claro que a menção gratuita ao Ken Hale para corroborar idéias
triviais, no texto da Luciana e da Filomena, pode ser vista como mais uma
manifestação do argumento de autoridade. Mas o mesmo ocorre quando se
aponta para uma lista longa de trabalhos, esperando que isto fale por si
só. É o puro e simples <i>curriculismo</i>, uma mania nefasta da academia
brasileira que faz com que antigüidade (e conseqüente quantidade) fale
mais alto do que qualidade. Um extenso currículo pode ser, de fato, a
manifestação de uma profunda experiência, de uma dedicação responsável e
produtiva a uma causa. Mas não necessariamente. Em uma área como esta,
eivada de problemas (éticos, técnicos, sociais etc.), um currículo
extenso pode também indicar que o seu possuidor é muito mais parte do
problema do que da solução. Daí a nossa ênfase na necessidade do
debate.<br>
 <br>
Agradeço a todos os colegas que têm contribuído com esta instrutiva
discussão.<br>
 <br>
Abraços,<br>
Eduardo<br>
 <br>
 <br>
 <br>
 <br>
 <br>
 <br>
 <br>
 <br>
 <br><br>
<br>
<b><i>dangelis@unicamp.br</i></b> wrote:
<dl><tt>
<dd>Eduardo e Mônica<br><br>

<dd>Há, evidentemente, vários critérios que cada um pode eleger para
escolher
<dd>seus representantes em cada contexto ou para cada tipo de
representação.
<dd>Aquele que vocês elegem (o da definição de ortografias) é um, mas
não
<dd>necessariamente o mais importante do ponto de vista de outras
pessoas.
<dd>Entretanto, como a Prof. Marília Facó e eu aceitamos a indicação de
nossos
<dd>nomes para a candidatura à representação da Abralin junto ao MEC
(para os
<dd>programas de educação escolar indígena), penso poder ao menos indicar
um
<dd>caminho à questão que lhes preocupa.
<dd>Vocês se queixaram da extensa lista de atuações e de trabalhos
publicados
<dd>(eram apenas aqueles ligados à questões de educação escolar
indígena),
<dd>divulgados  pelo Prof. Aryon Rodrigues, com o lançamento dos
nomes da
<dd>Prof. Marília e meu. Penso que o Prof. Aryon já respondeu a i sso,
mas não
<dd>custa dizer de novo: a lista é grande porque fazemos isso há muito
tempo,
<dd>e com muita intensidade. E não apenas atuamos, como produzimos uma
<dd>reflexão e uma elaboração teórica que têm merecido reconhecimento.
<dd>E é justamente nessa elaboração teórica que sugiro que busquem, tanto
no
<dd>caso da Profa. Marília como no meu, as posições já tornadas públicas
em
<dd>relação ao tema que lhes preocupa. De fato, pouquíssimos lingüistas
têm
<dd>publicado, no Brasil, estudos que revelem e reflitam suas
experiências no
<dd>trabalho de definição de ortografia de uma língua indígena; entre
esses,
<dd>estamos Marília e eu. No caso dela, publicou um primeiro trabalho
sobre o
<dd>assunto já há 20 anos atrás (!) e alguns outros desde então. No meu
caso,
<dd>publiquei um primeiro há quase 10 anos, e voltei ao tema das
ortografias
<dd>em texto apresentado no encontro da ANPOLL do ano passado (GT
Línguas
<dd>Indígenas). Aliás, fui o responsável por propor e organizar, pela
primeira
<dd>vez e m um congresso aberto no Brasil, uma mesa tematizando os
“aspectos
<dd>técnicos e políticos na definição de ortografias de línguas
indígenas” (no
<dd>10o. COLE – Congresso de Leitura do Brasil, em 1995), com
participação dos
<dd>profs. Angel Corbera Mori, Lucy Seki e a própria Marília (veja-se
<dd>D´Angelis e Veiga 1997: “Leitura e Escrita em Sociedades Indígenas”,
pp.
<dd>23-52).
<dd>Certamente nem eu, nem a Profa. Marília, já teremos tratado de todos
os
<dd>temas relevantes relacionados à participação dos lingüistas em
programas
<dd>de educação escolar indígena, mas não é pouca, por outro lado, a
<dd>elaboração teórica e o registro que temos feito de nossas
experiências.
<dd>E, é importante que se diga, nossa compreensão política sobre as
questões
<dd>relacionadas à educação escolar indígena, é igualmente pública,
porque
<dd>está expressa, de diversas maneiras, nos trabalhos que apresentamos
em
<dd>congressos e publicamos. Entendemos que seria inaceitável (e
desonesto)
<dd>reduzir a particip ação dos lingüistas em educação escolar indígena a
um
<dd>papel de técnicos (como é inaceitável reduzir a lingüística a uma
técnica
<dd>ou conjunto de técnicas). Mas se restringirmos o debate sobre nossa
<dd>participação à questão das técnicas de análise fonológica e
<dd>estabelecimento de ortografias, podemos facilmente cair nesses
equívocos.
<dd>Não temos qualquer dificuldade em discutir esses temas, por isso já
<dd>tornamos públicas nossas posições, e temos trabalhos de qualidade
nesse
<dd>campo, mas insistimos em evitarmos essa redução.
<dd>Do mesmo modo – recusando certas práticas que, por influência
estrangeira,
<dd>por muito tempo foram valorizadas aqui –  nós entendemos que são
as
<dd>comunidades indígenas as principais gestoras e beneficiárias das
práticas
<dd>educacionais, ou seja, elas devem ser sujeitos do processo, e não
apenas
<dd>objeto da ação de um agente externo que acredita deter,
unilateralmente
<dd>(quase sempre, com alguma arrogância) as soluções para a educação
indígen a
<dd>no Brasil. Essas, aliás, não existem prontas nem na cabeça nem na
prática
<dd>de uma só pessoa ou mesmo de uma boa equipe, em um único lugar.
Trata-se
<dd>de um processo em construção coletiva, e que só acontece em um
diálogo
<dd>verdadeiro e em práticas concretas no chão da aldeia, sob o teto de
suas
<dd>escolas. Essa é a nossa prática, ou talvez melhor dizendo, nossa
práxis,
<dd>que não concebe separar ação de reflexão.
<dd>Por fim, acho que a divulgação da relação de nossos trabalhos não
deve ser
<dd>entendida como um preenchimento métrico de linhas de um currículo;
jamais
<dd>tivemos essa intenção, e nenhum de nós dois precisa disso. Entendo
que a
<dd>divulgação pretendia, além de mostrar a existência dessa reflexão
escrita,
<dd>indicar sobre que coisas temos escrito, em educação escolar indígena,
e
<dd>dizer onde estão esses escritos, para quem queira conhecer-nos
melhor.<br><br>

<dd>Bem, o que está escrito acima era basicamente a minha mensagem, em
<dd>atendimento ao convite/proposição de vocês, mas não tinha tido a
<dd>oportunidade de enviá-la. Ao fazê-lo, agora, vejo que é oportuno
comentar
<dd>alguns tópicos da mensagem que Luciana e Filomena escreveram e
divulgaram
<dd>há poucos dias.<br><br>

<dd>A primeira coisa que me chama a atenção, naquela mensagem, é sua
abertura,
<dd>ao anunciarem que “as posições sobre questões educacionais” que
gostariam
<dd>de tratar “são empíricas e voltadas para os resultados”. A passagem
revela
<dd>uma evidente preocupação consciente de demarcar uma recusa de
posições
<dd>“não-empíricas” e “não voltadas para os resultados”. O que seriam
essas
<dd>posições? Imagino que seriam as que se classificaria como “teóricas”
e
<dd>“diletantes”. De quem seriam tais posições? Qual é o discurso que
está
<dd>sendo recusado e negado, mas ao mesmo tempo, apagado?
<dd>Bem, no nosso caso, de certo modo já esclareci anteriormente: temos
um
<dd>trabalho de ação direta junto a comunidades indígenas, e também na
<dd>formação de professores índios, do qual não separamos nos so trabalho
de
<dd>reflexão teórica. O problema da redução ao empirismo e a uma
“lingüística
<dd>de resultados” é que isso não é uma fuga de discussões e posições
<dd>teóricas: ao contrário, é uma posição teórica bastante conhecida que,
no
<dd>caso da Lingüística, é um eco das abordagens anti-mentalistas do
<dd>estruturalismo norte-americano (de recorte bloomfieldiano). Mas foi
<dd>exatamente esse o aparato teórico que fundamentou o trabalho de
“redução à
<dd>escrita” feito por missionários norte-americanos sobre as línguas
<dd>indígenas brasileiras, com resultados bastante discutíveis (em
muitos
<dd>casos, bastante lamentáveis). Aliás, aquelas experiências históricas
são
<dd>exemplares para demonstrar que não basta saber fonologia (e, ainda
nesse
<dd>aspecto, há muito que se pôr em dúvida: afinal, reduzir Fonologia à
<dd>Fonêmica é uma limitação da qual padecem também lingüistas, não
apenas
<dd>missionários), é preciso saber também de teoria da escrita e de
processos
<dd>de alfabetização.A outra questão é a que remete às queixas de
professores “representantes”
<dd>de muitos povos indígenas quanto às publicações e ortografias de
suas
<dd>línguas. Todos nós que trabalhamos nesse campo já ouvimos queixas
<dd>semelhantes em várias situações e de várias etnias, e costumamos
trabalhar
<dd>isso com os interessados, tomando o necessário cuidado de
reconhecer:
<dd>– que as sociedades indígenas não são unanimidades, nem antes e,
muito
<dd>menos, depois das relações de contato cultural, político e econômico
com a
<dd>nossa sociedade. Assim, sempre é preciso relativizar a
<dd>“representatividade” de indivíduos, de modo que ela não substitui a
<dd>relação direta e demorada nas aldeias, com o conjunto das
comunidades.
<dd>– que as questões ortográficas nunca estão separadas das relações
sociais
<dd>e políticas internas e externas às comunidades indígenas. Muitas
vezes
<dd>elas podem refletir profundas cisões estabelecidas antes e fora da
<dd>escrita, por outras razões e interesses, incl uindo questões de
<dd>(reivindicação de) identidade étnica, em algum momento sufocadas:
por
<dd>exemplo, quem definiu que X era dialeto de Y, e não outra língua?
Isso não
<dd>é uma mera questão “técnica” da lingüística!
<dd>– que, fruto da situação de contato lingüístico, o professor indígena
(com
<dd>freqüência, alfabetizado em Português), apresenta demandas sobre a
<dd>representação escrita de sua língua que nem sempre são as do nativo
<dd>“leigo” (esse, sim, o melhor representante da consciência fonológica
de
<dd>sua comunidade).<br><br>

<dd>Por tudo isso, acho simplista e de um tom anti-dialógico, uma
postulação
<dd>categórica, externa às comunidades indígenas, que afirma: “Somos
<dd>contrárias à publicação de materiais que contenham inconsistências”.
Não
<dd>pretendo defender o que se chamou ali de “inconsistência”
ortográfica,
<dd>como objetivo ou ideal de escrita. Mas não abomino as situações das
<dd>comunidades – e as atuações de assessores lingüistas –  que, por
razões
<dd>várias, acei tam imprimir materiais sem que ainda esteja estabilizada
uma
<dd>forma ortográfica para determinadas palavras. Ainda que as situações
e
<dd>contextos sejam diferentes, não podemos ignorar a história da
apropriação
<dd>da escrita por línguas como o Galego e o Português: é curioso que não
se
<dd>tenha encontrado qualquer texto (pré-imprensa) ou, ao menos, alguma
linha
<dd>escrita por alguém entre os séculos XIII e XVI, queixando-se da
<dd>inconsistência da escrita do Português por seus conterrâneos 
(quando
<dd>sabemos que essa “inconsistência” perdurou com vigor por mais de 400
anos
<dd>na escrita da língua portuguesa). O primeiro texto que defende
alguma
<dd>“consistência” ortográfica aparece quando a língua Portuguesa já
tinha
<dd>mais de 350 anos de tradição escrita (!) e, sem dúvida, ele já 
tinha
<dd>relação com preocupações (e interesses) dos impressores.
<dd>Isso não significa que não concorde com um ponto importante também
<dd>expresso por Luciana e Filomena: a necessidade de um diálogo
verdadeiro
<dd>com a comunidade (!) sobre sua língua e o seu sistema fonológico
para
<dd>assessorá-la (segundo minha maneira de ver, e minhas experiências
nesse
<dd>campo) a decidir (com autonomia) sobre a escrita daquela língua.
Acho,
<dd>porém, pouco claro o sentido do que elas dizem a respeito do
lingüista
<dd>“propor formas (...) de utilizar a escrita na documentação não
trivial da
<dd>cultura e da língua”; na verdade, a dúvida vem da exemplificação:
“por
<dd>exemplo, em coletâneas de narrativas tradicionais contadas no 
estilo
<dd>tradicional”. Transpor narrativas tradicionais para a escrita, em
minha
<dd>opinião, não é nem pode ser a regra; antes, é a exceção. Ou seja,
<dd>aplica-se apenas quando uma série de condições dadas justificam 
esse
<dd>“congelamento” (que a escrita promove) sobre a narrativa oral. Essa
<dd>questão, especificamente, já mencionei em um texto publicado em 
1997
<dd>(capítulo inicial de “Leitura e Escrita em Sociedades Indígenas”) e
<dd>retomei, com profundidade, em um trabalho defendido no IV Encontro
<dd>Nacional de Língua Falada e Escrita, em Maceió, nov. 2002 (“Como
nasce e
<dd>por onde se desenvolve uma tradição escrita em língua indígena?”).
<dd>Na mesma mensagem, as colegas se ancoram na experiência de Ken
Halle.
<dd>Sinceramente, no meu caso, não autorizo os alunos a invocar a minha
<dd>experiência em seu favor. São coisas que não se transferem. Por 
isso
<dd>mesmo, dirijo uma crítica à compreensão de Luciana e Filomena, antes
que a
<dd>Ken Halle, cujas idéias, nesse aspecto, não conheço: é 
absolutamente
<dd>simplista e, por isso, equivocada, a afirmação de que “o ensino da
língua
<dd>indígena escrita nas escolas aumenta o prestígio da língua...”. Sou
um
<dd>defensor inveterado da construção de programas de ensino bilíngüe
<dd>adequados às situações diversas das comunidades indígenas no 
Brasil.
<dd>Acredito que o mesmo vale para as professoras citadas. Por isso mesmo
é
<dd>fundamental conhecer, como lingüistas, as diferentes abordagens e 
os
<dd>diferentes tipos de programa bilíngüe, assim como, as variáveis de
<dd>situação que emprestam eficácia diferente aos distintos tipos de
programa.
<dd>Como lingüistas que intervêm em programas de educação escolar
indígena e
<dd>pretendem atuar mais nesse campo, é indispensável que as colegas se
<dd>informem sobre os efeitos perniciosos de alguns programas de
bilingüismo
<dd>de transição implantado no Brasil pelo empreendimento
<dd>“científico-missionário” do SIL – Summer Institute of Linguistics
(alguma
<dd>menção podem encontrar em um texto meu publicado na revista Liames n.
2).
<dd>Em outras palavras: alfabetização em língua indígena não significa,
<dd>necessariamente, valorização (e, menos ainda, fortalecimento) da
língua
<dd>minoritária.
<dd>Por fim, “sobre a importância de ensinar conceitos lingüísticos aos
<dd>falantes envolvidos em trabalho com a sua língua, na medida do
possível, e
<dd>em formar linguistas nativos”, não pretendo subestimar as posições de
Ken
<dd>Halle, mas as colegas poderiam igualmente aprender sobre isso
colocando
<dd>maior atenção e estabelecendo diálogo com experiências frutificadoras
que
<dd>se vêm fazendo aqui mesmo, em nosso país, por lingüistas brasileiros,
e
<dd>que têm defendido essa posição publicamente em diferentes
oportunidade.
<dd>Não mencionarei alguns dos nomes que me ocorrem, para não cometer
<dd>injustiças com algum colega que porventura possa omitir. Mas quem
tenha
<dd>uma visada dos trabalhos de formação de professores indígenas no
Brasil,
<dd>sabe de que experiências estou falando.
<dd>Enfim, não sei se era isso que os moderadores da Etnolingüística
entendiam
<dd>como o debate necessário. Para encerrar, volto ao ponto das listas
<dd>quilométricas: a professora Marília e eu nos propusemos a atuar 
como
<dd>representantes da Abralin junto ao MEC, para as questões de 
educação
<dd>escolar indígena, porque temos uma longa história de trabalho e
<dd>convivência com sociedades indígenas no Brasil (pessoalmente, atuei
como
<dd>indigenista por 10 anos, antes de iniciar minha formação como
lingüista),
<dd>e uma razoável contribuição à reflexão teórica sobre educação
escolar
<dd>indígena, vinda de nossa práxis. Não precisamos demonstrar nossa
<dd>competência ou nossa experiência como lingüistas ou como fonólogos
(nossos
<dd>trabalhos são públicos), e por isso mesmo entendemos que o debate
sobre
<dd>educação escolar indígena é pobre e equivocado, se restrito a esse
tópico.<br><br>

<dd>Wilmar R. D´Angelis<br><br>
<br><br>
<br><br>
</b></tt><br><br>
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uso da lista, favor dirigir-se ao endereço
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</dl><br><br>
Eduardo Rivail Ribeiro<br>
Department of Linguistics (University of Chicago)<br>
Museu Antropológico (Universidade Federal de Goiás)<br>
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