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<DIV><FONT size=1>Mais lenha na fogueira das controvérsias sobre as origens do homem americano. A matéria abaixo foi publicada na edição de hoje da Folha Online. O link para a matéria é o seguinte:</FONT></DIV>
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<DIV><A href="http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u12410.shtml">http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u12410.shtml</A></DIV>
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<DIV><STRONG><FONT size=1></FONT></STRONG> </DIV>
<DIV><STRONG><FONT size=1>14/09/2004<!--/DATA--> - <!--HORA-->05h05<!--/HORA--> </FONT></STRONG></DIV>
<H1><!--TITULO-->"Luzia" mexicana agita ocupação da América<!--/TITULO--> </H1>
<DIV><!--TEXTO--><B>CLAUDIO ANGELO</B><BR>Editor de Ciência da <B>Folha de S.Paulo</B><BR><BR>Uma nova análise do fóssil humano mais antigo do México está ajudando a confirmar a hipótese de que os primeiros americanos eram mais parecidos com os aborígenes da Austrália do que com os índios atuais. E, ao mesmo tempo, causando um racha entre os cientistas sobre a rota que esses pioneiros usaram para migrar até a América: a pesquisadora que estudou o crânio mexicano afirma que eles vieram da Austrália.<BR><BR>O fóssil em questão é um crânio conhecido como Mulher de Peñón, desenterrado no deserto da Baixa Califórnia. Com 12,7 mil anos, Peñón é estatisticamente contemporânea de outro fóssil feminino ilustre: Luzia, de cerca de 13 mil anos, desenterrada numa gruta em Lagoa Santa (MG). As datações fazem de ambas os esqueletos humanos mais antigos já descobertos nas Américas.<BR><BR>Examinando o crânio de Luzia e de outros esqueletos antigos de Lagoa Santa e da Colômbia, o bioantropólogo
mineiro Walter Neves, da USP, e seu colega argentino Héctor Pucciarelli descobriram que eles não tinham nada das feições mongolóides (asiáticas) dos índios americanos. Eles se pareciam muito mais com populações da África, com os aborígenes australianos e com os melanésios, o que sugeria que o povoamento do continente americano foi um processo muito mais complexo do que se imaginava.<BR><BR>Se os esqueletos mais antigos eram tão diferentes --e eles aparentemente não deixaram traço na população indígena atual--, raciocinou a dupla, essa primeira leva de migrantes deveria ter sido substituída por uma segunda onda, de mongolóides, num evento que pode ter envolvido competição por recursos e até violência.<BR><BR><B>Pistas escassas</B><BR><BR>O modelo de Neves e Pucciarelli, no entanto, tem sido olhado com reservas pela comunidade científica. A principal crítica, feita por antropólogos americanos, diz respeito à falta de esqueletos antigos na América do Norte.<BR><BR>Provável porta de
entrada para os grupos humanos que emigraram da Ásia durante o Pleistoceno (período encerrado há cerca de 10 mil anos, também conhecido como Idade do Gelo), a parte norte do continente ainda não havia fornecido restos humanos de idade comparável à de Luzia.<BR><BR>O quadro começou a mudar com a datação da mulher de Peñón, publicada no fim de 2002 pela arqueóloga mexicana Silvia González, da Universidade John Moores, no Reino Unido.<BR><BR>González e sua equipe realizaram medições no fóssil que confirmam a hipótese de Neves e Pucciarelli. Ela apresentou seus resultados na última semana em dois congressos científicos, um no Reino Unido e outro na Cidade do México.<BR><BR>O grupo de Liverpool e o da USP chegaram a escrever juntos um artigo científico --que deve ser publicado até o fim deste ano-- descrevendo o fóssil de Peñón e quatro outros crânios mexicanos do Pleistoceno, todos eles parecidos com Luzia.<BR><BR>"Na questão da morfologia, pelo menos por escrito, ela concorda comigo",
disse Neves à Folha.<BR><BR><B>Rotas alteradas</B><BR><BR>Mas os dois grupos partem companhia quando o assunto é a rota de migração dos paleoíndios (como são chamados os primeiros americanos) da Ásia para a América. Em uma de suas apresentações, González afirmou que havia forte evidência apontando para uma migração transpacífica, a partir da Austrália, via Polinésia.<BR><BR>Essa hipótese já foi descartada por quase todos os estudiosos do povoamento da América, inclusive por Neves --que acredita que os paleoíndios vieram mesmo pelo estreito de Bering, entre Alasca e Sibéria, a mesma rota usada pelos ancestrais dos índios atuais.<BR><BR>"[Ela] é um perigo ambulante, e seria melhor que deixasse de nos defender", afirmou o argentino Rolando González-José, antropólogo do Centro Nacional Patagônico que trabalha em colaboração com a equipe de Neves e analisou os crânios mexicanos.<BR><BR>González também afirmou que havia semelhanças entre os paleoíndios do México e uma tribo da Baixa
Califórnia, os pericus, extintos durante o período colonial. Ela prometeu evidências de DNA que confirmariam suas idéias, mas, segundo González-José, elas são inconclusivas. "O anúncio que ela está fazendo com pompa e circunstância não condiz com a evidência", disse.<BR><BR>Furioso com a confusão, Neves resumiu: "Esse artigo foi a nossa última colaboração."<BR></DIV><BR><BR><DIV>
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<DIV><FONT face=verdana size=1>Eduardo Rivail Ribeiro</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=verdana size=1>Museu Antropológico, Universidade Federal de Goiás</FONT></DIV>
<DIV><FONT face=verdana size=1>Department of Linguistics, University of Chicago</FONT></DIV>
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