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<div><font size="2">Publicado em <em><a href="http://www.comciencia.br/comciencia/?">ComCiência</a></em> (Revista Eletrônica de Jornalismo Científico)</font></div>
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<div><font face="Arial" size="4"><strong>Língua indígena do Amazonas ganha dicionário</strong></font></div>
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<div><font face="Arial" size="2">Por Cauê Nunes<br>12/04/2006<br><br>O rápido desaparecimento de línguas indígenas brasileiras explica por que muitos pesquisadores estão correndo para documentá-las e registrá-las. Para se ter uma idéia, das mais de 170 línguas faladas no Brasil, somente cerca de 25 possuem algum tipo de registro. Com o objetivo de preservar uma das línguas que corre o risco de desaparecer, a ONG Saúde Sem Limites, em parceria o antropólogo Renato Athias, da Universidade Federal de Pernambuco, o lingüista Henri Ramirez, da Universidade Federal de Rondônia, e a comunidade local elaboraram um dicionário da língua dos Hupd'äh, uma etnia de 1600 indivíduos que vivem na Terra Indígena Alto Rio Negro, na bacia do Rio Uaupés, no Amazonas.
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<div><br><font face="Arial" size="2">"O principal objetivo da produção do dicionário foi possibilitar a educação específica e diferenciada para os Hupd'äh e assim garantir que a educação escolar indígena seja de fato efetuada", diz Athias. Atualmente, as pessoas em idade escolar freqüentam escolas Tukanas, um grupo étnico vizinho, mas Athias acredita que a partir do dicionário será possível desenvolver uma educação Hupd'äh.
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<div><br>Como a etnia Hupd'äh ocupa um lugar baixo na escala hierárquica da região, a língua é desvalorizada e considerada "feia" pela demais etnias e por isso corria o risco de desaparecer. "O dicionário valoriza a língua e estabelece um elemento poderoso no fortalecimento da identidade do grupo", diz o antropólogo. Isso quer dizer que além de ser um objeto voltado para educação, o dicionário também tem um papel político importante.
<br>Para Athias, a introdução da escrita em uma língua, que foi durante muito tempo transmitida pela oralidade, tem elementos positivos, como a preservação da língua e a possível educação na língua nativa. Mas por outro lado, pode trazer riscos de descaracterização da cultura da etnia. "Muitos missionários a utilizam, por exemplo, para traduzir os evangelhos e provocar mudanças nos comportamentos. Mas se for bem utilizada, a língua pode ser inclusive uma arma", afirma.
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<div><br>De acordo com o professor de letras da USP e pesquisador de línguas indígenas, Waldemar Ferreira Netto, é difícil prever os riscos envolvidos na introdução da escrita, mas os benefícios para a etnia são evidentes. "A tendência dos povos indígenas é ser bilíngüe. Se eles não aprenderem a escrita na língua nativa, aprenderão em outra língua, então a função do dicionário é possibilitar a educação na língua-mãe", diz.
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<div><br>De acordo com o antropólogo Mauro Almeida, da Universidade Estadual de Campinas, o surgimento de publicações voltadas para os grupos étnicos nos últimos anos é uma demanda das próprias etnias que querem preservar a língua. "Além da demanda por dicionários, existe também um interesse por publicações de mitos", diz Almeida. O antropólogo ressalta ainda que, em muitos casos, a preocupação dos índios é de resgatar uma língua que está sendo esquecida pela etnia.
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<div><br><strong>Construção coletiva</strong> <br><br>Por mais de três anos, os pesquisadores viajaram freqüentemente para a região do Alto do Rio Negro com o objetivo de encontrar índios que fossem bilíngües (aproximadamente 40 Hupd'äh falam português como segunda língua). Durante essas viagens, os pesquisadores analisaram como os índios constroem frases, usam verbos e compõem o alfabeto. Após isso, em um trabalho coletivo, os pesquisadores e os Hupd'äh iniciaram a construção do dicionário. "Nós nos reunimos nas aldeias para escolher quais símbolos escritos serviriam para representar a língua e as letras escolhidas foram as do alfabeto português", diz Athias.
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<div><br>Atualmente 42 Hupd'äh estão fazendo cursos de preparação para o magistério e quando se formarem professores poderão ensinar as crianças na língua nativa, integrando a etnia no sistema nacional de ensino.</div>
<div><br>Segundo Athias, inicialmente o dicionário será utilizado somente para a educação indígena, mas no futuro haverá uma edição que será lançada comercialmente. De acordo com Netto, há pouco interesse das editoras brasileiras em publicar dicionários indígenas, e também pouco incentivo do governo nesse sentido. "É mais fácil publicar fora do país do que aqui", diz. De acordo com Netto, dicionários para a educação indígena são importantes porque fortalecem a auto-estima dos índios. "Esse tipo de dicionário contribui muito para a construção da identidade da etnia porque a língua é um marcador identitário muito poderoso", afirma Netto.
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<div><br>Segundo a ONG Saúde Sem Limites, a produção do dicionário foi financiada pela organização não governamental espanhola Manos Unidas e Cooperación Al desarrollo Generalitat Valenciana.</div></font>
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