<!DOCTYPE HTML PUBLIC "-//W3C//DTD HTML 4.01//EN" "http://www.w3.org/TR/html4/strict.dtd">
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<p><!DOCTYPE HTML PUBLIC "-//W3C//DTD HTML 4.01 Transitional//EN" "http://www.w3c.org/TR/1999/REC-html401-19991224/loose.dtd">
<DIV><FONT face="Georgia">Prezados listeiros,</FONT></DIV>
<DIV><FONT face="Georgia"></FONT> </DIV>
<DIV><FONT face="Georgia">Li com interesse a contribuição da profa. Ceci, e
gostaria de informar que a SIL tem sempre colocado os resultados das suas
pesquisas à disposição de todos, tanto na área de lingüística como nas de
antropologia, educação, e outras. Como já tem sido divulgado aqui, oferecemos
para download muitos dos trabalhos publicados através dos anos na nossa página
na internet </FONT><A href="http://www.sil.org/americas/brasil/PortTcPb.htm"><FONT face="Georgia">(http://www.<wbr>sil.org/americas<wbr>/brasil/PortTcPb<wbr>.htm</FONT></A><FONT face="Georgia">), junto com outros trabalhos novos inéditos. Na medida que
dispomos de pessoal, estamos também colocando os trabalhos que fazem parte do
nosso Arquivo Lingüístico. Por exemplo, recentemente foram colocados quatro
trabalhos de Roberto Dooley: </FONT></DIV>
<DIV><FONT face="Georgia"></FONT> </DIV>
<DIV>
<DIV><SPAN style="FONT-SIZE: 12pt;FONT-FAMILY: 'Times New Roman';"><FONT face="Georgia">Participants in Guarani Narrative (1976)</FONT></SPAN></DIV>
<DIV><SPAN style="FONT-SIZE: 12pt;FONT-FAMILY: 'Times New Roman';"><SPAN style="FONT-SIZE: 12pt;FONT-FAMILY: 'Times New Roman';"><FONT face="Georgia">Períodos Guarani (1977)</FONT></SPAN></SPAN></DIV></DIV>
<DIV><SPAN style="FONT-SIZE: 12pt;FONT-FAMILY: 'Times New Roman';"><FONT face="Georgia">Pronouns and Topicalization in Guarani Texts
(1978)</FONT></SPAN></DIV>
<DIV><SPAN style="FONT-SIZE: 12pt;FONT-FAMILY: 'Times New Roman';"><FONT face="Georgia">Apontamentos Sobre Ñandéva Guaraní Contemporâneo
(1991)</FONT></SPAN></DIV>
<DIV><SPAN style="FONT-SIZE: 12pt;FONT-FAMILY: 'Times New Roman';"><FONT face="Georgia"></FONT></SPAN> </DIV>
<DIV><SPAN style="FONT-SIZE: 12pt;FONT-FAMILY: 'Times New Roman';"><FONT face="Georgia">Os trabalhos mais antigos nunca foram em forma digital, e estamos
escaneando-os e preparando-os como documentos PDF "searchable"<wbr>, para serem mais
úteis aos leitores (do que se fossem apenas imagens). Em alguns casos a versão
atual reflete pequenas revisões dos autores, mas na maioria dos casos, o
conteúdo é essencialmente igual ao da versão original do Arquivo
Lingüístico.</FONT></SPAN></DIV>
<DIV><SPAN style="FONT-SIZE: 12pt;FONT-FAMILY: 'Times New Roman';"><FONT face="Georgia"></FONT></SPAN> </DIV>
<DIV><SPAN style="FONT-SIZE: 12pt;FONT-FAMILY: 'Times New Roman';"><FONT face="Georgia">Alan Vogel</FONT></SPAN></DIV>
<DIV><SPAN style="FONT-SIZE: 12pt;FONT-FAMILY: 'Times New Roman';"><FONT face="Georgia">Coordenador de Pesquisas Lingüísticas</FONT></SPAN></DIV>
<DIV><SPAN style="FONT-SIZE: 12pt;FONT-FAMILY: 'Times New Roman';"><FONT face="Georgia">SIL - Brasil</FONT></SPAN></DIV>
<DIV><FONT face="Georgia"></FONT> </DIV>
<BLOCKQUOTE style="BORDER-LEFT: #000000 2px solid;">
<DIV style="FONT: 10pt arial;">----- Original Message ----- </DIV>
<DIV style="BACKGROUND: #e4e4e4;FONT: 10pt arial;"><B>From:</B>
<A title="renato.athias@gmail.com" href="mailto:renato.athias@gmail.com">Renato
Athias</A> </DIV>
<DIV style="FONT: 10pt arial;"><B>To:</B> <A title="etnolinguistica@yahoogrupos.com.br" href="mailto:etnolinguistica@yahoogrupos.com.br">etnolinguistica@<wbr>yahoogrupos.<wbr>com.br</A>
</DIV>
<DIV style="FONT: 10pt arial;"><B>Sent:</B> Wednesday, May 21, 2008 9:02
AM</DIV>
<DIV style="FONT: 10pt arial;"><B>Subject:</B> [etnolinguistica] "ACERVOS
LINGÜÍSTICOS: Para compreender as línguas indígenas"</DIV>
<DIV><BR></DIV>
<DIV id="ygrp-text">
<P>
<DIV><STRONG><FONT color="#ff0000" size="2"></FONT></STRONG> </DIV>
<DIV> <A href="http://www.observatoriodaimprensa.com.br/ofjor/ofc05072000.htm">http://www.observat<WBR>oriodaimprensa.<WBR>com.br/ofjor/<WBR>ofc05072000.<WBR>htm</A></DIV>
<P><A name="ofjor06"></A>ACERVOS LINGÜÍSTICOS<FONT face="Times New Roman" color="#ff0000" size="2"> <BR></FONT><FONT face="Times New Roman"><FONT size="5">Para compreender as línguas indígenas<BR><BR></FONT>Ceci Maria
Aparecida Honório (*)</FONT></P>
<P>Desde as primeiras publicações sobre o tupinambá ou tupi antigo, entre as
quais destacamos a <I>Arte de gramática da língua mais usada na costa do
Brasil </I>– obra do Padre Anchieta datada de 1595 –, outros estudos
descritivos foram sendo produzidos, sustentando sobretudo os trabalhos de
tradução da literatura religiosa nesta e em outras línguas indígenas. Os
relatos de missionários e viajantes da época passam a constituir, por outro
lado, material de base para a elaboração de dicionários bilingües
(português/línguas indígenas) e para a construção de uma historiografia
brasileira. Destes estudos decorrem outros subseqüentes, compondo um vasto
conjunto de documentação sobre as línguas do Brasil, hoje diluído em alguns
arquivos públicos ou incorporado a acervos, na forma de "coleções". </P>
<P>Vamos nos centrar aqui no modo de organização de dois arquivos que, ao lado
de outros não menos importantes, estão representados como centros de
referência para pesquisas em línguas indígenas. Trata-se do antigo acervo de
Plínio Ayrosa, atualmente incorporado ao acervo do MAE (Museu de Arqueologia e
Etnologia da USP), e da Coleção Línguas Indígenas do Brasil, que hoje integra
o Cedae (Centro de Documentação Cultural Alexandre Eulálio), no Instituto de
Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp. </P>
<P>Queremos mostrar que o arquivo tem uma direção: o gesto de organização de
arquivo, ao incorporar um documento, rejeitar outros, exerce um determinado
controle da memória social, projeta leitores possíveis nos acontecimentos de
linguagem. Assim, tais arquivos tornam ou não visíveis certos saberes acerca,
neste caso, das línguas do Brasil. O acesso a este tipo de conhecimento não se
dá, pois, pelo mero fato de o arquivo ter uma existência real. E sim pelo
processo histórico de sua constituição, modo de constituição de saberes. Deste
ponto de vista, o arquivo é, ao mesmo tempo, lugar de constituição e de
institucionalizaçã<WBR>o destes saberes. Lugar de regulação do conhecimento,
que, portanto, não é neutro. </P><B>
<P>Plínio Ayrosa: pesquisa e divulgação</P></B>
<P>Em 1934, introduzindo a cadeira de Etnografia e Línguas Tupi-Guarani na
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, Plínio Ayrosa passou a se
dedicar aos estudos do tupi, vindo a fundar o Museu de Etnografia que levou
seu nome. Neste arquivo estão organizadas documentações coordenadas,
prefaciadas, comentadas ou traduzidas por Ayrosa, referentes aos trabalhos
lingüísticos de missionários e viajantes: relatos, vocabulários, dicionários
bilingües (português-tupi)<WBR>, literatura religiosa (orações, catecismos,
diálogos, poemas etc). De sua autoria são também os estudos dos designativos
de origem tupi-guarani empregados na língua portuguesa do Brasil, encontrados
nos relatos de missionários, viajantes, na literatura alencariana, na
perspectiva geográfica (toponímias) e etimológica. </P>
<P>Ao organizar um certo saber sobre o tupi, o arquivo cria condições para uma
maior visibilidade dessa língua no país, pela veiculação deste conhecimento na
imprensa. Grande parte desta produção foi publicada, principalmente no Arquivo
Municipal de São Paulo e no jornal <I>O Estado de S.Paulo</I>. Já em 1933 o
autor havia publicado suas "Primeiras noções de tupi" no <I>Diário Oficial</I>
do Estado de São Paulo.</P>
<P>Este modo de circulação de saberes, que apresenta a língua tupi como "a
língua indígena", produz um certo controle da memória social acerca das outras
línguas faladas no Brasil Colonial, ao mesmo tempo em que contribui na
construção de um imaginário de língua indígena. É importante lembrar que a
língua representada neste arquivo corresponde ao tupi gramatizado, ou seja,
aquele que resultou da sistematização das línguas da família tupi. Desse
trabalho de gramatização feito pelos jesuítas, resulta também outras obras
escritas em Tupi: poesias, teatro, compondo a literatura religiosa. A formação
deste corpo lingüístico assim organizado produz um estatuto diferenciado a
esta língua relativamente as outras línguas indígenas faladas no país: o tupi
antigo passa a funcionar como língua de transição entre culturas. Torna-se, ao
lado do latim, língua de catequese, lugar de possibilidade da expansão da
doutrina católica e do projeto colonialista. </P><B>
<P>Coleção de línguas</P></B>
<P>Passemos agora ao arquivo organizado pelo professor Aryon Dall'Igna
Rodrigues, em um trabalho mais recente. O arquivo, que compõe a intitulada
"Coleção Línguas Indígenas do Brasil", foi criado em 1973, no Instituto de
Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp, por iniciativa do professor. Nele
constam, quase que exclusivamente, documentos produzidos por missionários do
SIL (Summer Institute of Linguistic). Tendo iniciado seus trabalhos no país na
década de 50, auge da lingüística sincrônica, o Summer produziu um volumoso
material descritivo sobre as línguas indígenas, relativamente a outros estudos
de lingüistas brasileiros. A serviço das Novas Tribos do Brasil (igrejas
fundamentalistas americanas), no que concerne à tradução do novo testamento em
línguas indígenas, para evangelização dos povos que as falam, divulgou seu
Arquivo Lingüístico, com sede própria em Porto Velho (RO), com algumas
instituições (científicas ou não), sendo acolhido também em centros de
documentação, tais como o da Funai e o do Museu Nacional, duas grandes
referências sobre o assunto, só para se ter uma idéia. </P>
<P>Os documentos pertencentes a esse arquivo se dividem em estudos
sincrônicos, vocabulários, dicionários bilingües, textos indígenas,
vocabulário padrão para estudos comparativos nas línguas indígenas
brasileiras. Há também os textos indígenas que incluem temas do cotidiano,
lendas, sendo muitos destes textos com tradução bilingüe não só na língua
indígena/portuguê<WBR>s como também em língua indígena/inglê<WBR>s. Levando-se
em consideração a presença de muitos missionários-<WBR>lingüistas em área
indígena já há mais de 40 anos, chama-nos a atenção o fato de que grande parte
do material lingüístico que compõe o arquivo se apresenta em versões
incompletas e rascunhadas. É relevante ainda notar que o trabalho de tradução
do <I>Novo Testamento</I>, embora bastante representativo em termos
quantitativos, não consta da Coleção do Cedae – à exceção da documentação
referente à língua catalogada como Mawé (Sateré), em que se encontram os
textos <I>Questions on God</I> e <I>Sateré biblie terms</I>, em inglês e sem
data. Segundo dados da Associação das Missões Transculturais Brasileiras
(AMTB, 1999), já foram traduzidas ou estão em processo de tradução para as
línguas indígenas cerca de cinqüenta bíblias, o que significa que mais de um
quarto das populações indígenas brasileiras já têm o <I>Novo Testamento</I> na
sua língua. </P>
<P>O procedimento que exclui este tipo de texto religioso por aporte do SIL,
ao mesmo tempo em que controla a cientificidade do arquivo, restringe o acesso
aos processos históricos que determinaram sua constituição. Esse procedimento
se faz tanto explicitamente, negando-se ao texto a sua inclusão no acervo,
quanto implicitamente, pelo modo de categorização deste arquivo – intitulado
<I>Línguas Indígenas do Brasil</I> – que não refere o SIL no processo de sua
nomeação. Este gesto de leitura acoberta o discurso religioso pela
transparência do discurso científico. Além disso, a incorporação de alguns
poucos textos/artigos relativos a estudos de pesquisadores brasileiros, dos
quais destacamos o do próprio professor Aryon Rodrigues, e de um missionário
salesiano, o padre Casimiro Beksta, parece favorecer a legitimação deste
arquivo como um outro, que não corresponde ao arquivo do SIL. Rejeitar alguns,
incorporar outros. Gesto de leitura que implica responsabilidade. </P><B>
<P>Institucionalizaçã<WBR>o de saberes </P></B>
<P>Como vimos, a visibilidade de um certo tipo de produção lingüística como
trabalho científico se constrói pela própria instituição que acolhe este
arquivo. Constata-se a utilização de dados do arquivo do SIL fundamentando
trabalhos acadêmicos concernidos ao estudo das línguas indígenas. O livro de
Aryon Rodrigues, <I>Línguas Brasileiras – para o conhecimento das línguas
indígenas</I>, referência bastante significativa nos cursos de Lingüística
Indígena e/ou Lingüística Antropológica, como são chamados, apresenta também
ampla divulgação do material produzido pelo SIL, tendo em vista a escassez de
trabalhos científicos concernidos por lingüistas brasileiros especializados na
área até a década de 70. </P>
<P>Outro aspecto relevante a ser considerado no processo de constituição do
arquivo é que no próprio momento em que ele se organiza para exercer também um
papel na divulgação de seu material, ele projeta alguns leitores possíveis:
"As equipes do SIL estão preparando para arquivamento e possível futura
publicação, coleções de textos indígenas em formato interlinear com análise
morfêmica e tradução livre. Este material será de grande interesse para
etnólogos (o conteúdo dos textos) e lingüistas (a gramática dos textos.)". Sem
nos esquecer da projeção de um outro leitor: aquele que domina a língua
inglesa. Muitos desses estudos estão escritos nesta língua. </P>
<P>Este gesto de organização produz um efeito de regulação do trabalho de
leitura de arquivo: quem deve ler o quê? A memória desses saberes fica assim
reservada a certos especialistas. </P>
<P>Um outro lugar de divulgação deste tipo de produção científica, não
caracterizado como instituição acadêmica, tem sido as OGNs que desenvolvem
projetos com as comunidades indígenas. Através da mídia eletrônica,
particularmente a internet, o Instituto Socioambiental (ISA), por exemplo,
apresenta em seu site o item "Quadro dos Povos", uma classificação atualizada
(setembro/1997) das línguas indígenas baseada na revisão do livro <I>Línguas
Brasileiras – para o conhecimento das línguas indígenas</I>, do Prof.
Rodrigues, já referido. Quando consultamos ainda o Arquivo da Funai, em seu
<I>site</I>, encontramos somente a indicação de pesquisa: "Consultar o livro
de Rodrigues acima citado". É interessante notar que justamente o hipertexto,
que simula "abrir" muitos arquivos, funciona de modo a dirigir o movimento do
leitor sempre para o mesmo arquivo. O movimento entre "o dado" e (aquilo que
aparece como) "o novo", ao mesmo tempo em que amplia as possibilidades de
acesso aos saberes, pela sua introdução em outros suportes de divulgação,
produz os mecanismos de seu controle, re-apresentando o que já se encontra
autorizado. </P><B>
<P>Cientificidade e controle da memória</P></B>
<P>Mais do que uma divisão de trabalho de arquivo, organizada por critérios
acadêmicos de divisão dos campos do saber, a filologia, de um lado, e os
estudos sincrônicos, de outro, a constituição dos arquivos apresentados deixa
antever a determinação do discurso religioso sobre o discurso científico.
Neste modo de circulação do saber, observamos um movimento que
transforma/dissimul<WBR>a o trabalho missionário de evangelização em trabalho
científico, garantindo-se um espaço de idoneidade e neutralidade política.
</P>
<P>Neste processo, lembramos ainda que o trabalho de classificação das
línguas, e, conseqüentemente, classificação dos povos, foi e continua sendo
instrumento útil no controle da diversidade lingüístico-cultural no país,
tanto por agentes internos quanto externos. Podemos referir aqui o
levantamento realizado pela já citada AMTB, denominado <I>A situação das
tribos brasileiras</I>, que mapeia o "número de tribos, situação quanto à
distribuição da população" e categoriza os povos em três tipos: "Povo A –
Grupo etnolingüístico não evangelizado"<wbr>, "Povo B – Grupo etnolingüístico
evangelizado, porém não-cristão", e "Povo C – Grupo etnolingüístco cristão",
classificação que servirá para a planificação das ações evangelizadoras.</P>
<P>Diante das reflexões apresentadas, perguntamos: que saberes podem ou não
ser disponibilizados, ou seja, de que perspectiva se organiza esse arquivo?
Podemos dizer que o trabalho de classificação, de categorização, enfim, a
prática metodológica, ao organizar formalmente um campo da documentação,
produz uma certa assepsia no processo de construção do conhecimento,
selecionando e reorganizando um campo de memória, a partir de uma certa
conjuntura histórica. </P>
<P>Do nosso ponto de vista, é preciso que a organização dos "dados"
lingüísticos funcione não como um depósito de informações materializadas nos
documentos, mas como um espaço de saber organizado pela relação entre
diferentes memórias que compõe o social. Relação que, ao movimentar o arquivo,
produz sua significação histórica no acontecimento de linguagem. </P><B>
<P>Línguas e a história no Brasil</P></B>
<P>Acompanhar uma parte do processo histórico de construção destes arquivos
nos leva a dizer, sobre estes arquivos, os quais constituem um campo de saber,
que, ao distribuir a palavra, numa certa medida, ora para um Deus católico,
que legitima o tupi como língua que saiu da barbárie, ora para um Deus
evangélico, que proclama a salvação de todos os homens pela tradução do
"testamento"<wbr>, legitima estes discursos em nome da ciência. Neste espaço de
constituição de saberes, a imagem de um arquivo, significado como depositário
de um conhecimento científico sobre as línguas indígenas, naturaliza e
neutraliza as próprias línguas e seus falantes, pelo apagamento do processo de
sua constituição. </P>
<P>Queremos chamar a atenção para o fato de que esses arquivos têm uma
histórica, que tem a ver com a história da constituição das ciências e a
história das sociedades. Do nosso ponto de vista, a ciência deve se colocar
como um espaço democrático de circulação de conhecimento, espaço que se
configura não só de alianças mas também de confrontos. </P>
<P>Da perspectiva dos estudos lingüísticos, consideramos que o entendimento do
"espetáculo" dos 500 anos de Brasil se faz pela memória histórica dos povos
que o geraram. E não de sua exclusão. </P><FONT size="2">
<P>(*) Lingüista, pesquisadora associada na Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar)</P></FONT>
<P></P></DIV><!--End group email --></BLOCKQUOTE>
</p>
</div>
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