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<p><div dir="ltr"><div class="gmail_quote"><br>
<div bgcolor="#ffffff">
<div><img src="http://stat.correioweb.com.br/imagens/logocw.gif"><br><font>Especial para impressão:<a href="http://www2.correiobraziliense.com.br/cbonline/brasil/pri_bra_91.htm?" target="_blank">http://www2.<wbr>correiobrazilien<wbr>se.com.br/<wbr>cbonline/<wbr>brasil/pri_<wbr>bra_91.htm?</a><br>
</font><br>
<div align="right"><a href="http://www2.correiobraziliense.com.br/cbonline/brasil/print.htm#" target="_blank"><img src="http://stat.correioweb.com.br/correiobraziliense/imagens2/envie.gif" border="0" height="24" width="72"></a> <a href="http://www2.correiobraziliense.com.br/cbonline/brasil/print.htm#" target="_blank"><img src="http://stat.correioweb.com.br/correiobraziliense/imagens2/print.gif" border="0"></a></div>
<table align="center" width="99%">
<tbody>
<tr>
<td>
<table width="100%">
<tbody>
<tr>
<td><br><font>QUESTÃO INDÍGENA </font><br><font>A guerra pelas almas</font><br><br><font>Projeto de lei criado por evangélicos busca criminalizar
o infanticídio nas tribos. Para especialistas, proposta é reflexo da
atuação de entidades que tentam converter os índios ao cristianismo
sem respeitar sua cultura</font><br>
<hr>
<font>Leonel Rocha</font><br><font>Da equipe do Correio</font>
<p><font><a href="http://stat.correioweb.com.br/cw/EDICAO_20080724/fotos/a16-01.jpg" target="_blank"><img src="http://stat.correioweb.com.br/cw/EDICAO_20080724/fotos/a16-1.jpg" align="right" border="0"></a>A disputa entre católicos e os vários
segmentos evangélicos chegou à taba. O Projeto de Lei nº 1057, que
considera criminosa a pessoa que praticar ou conhecer e não
denunciar o infanticídio indígena, é a parte visível da guerra pelas
almas dos índios brasileiros. Prevista para ser votada no segundo
semestre pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da
Câmara dos Deputados, a proposta divide religiosos, indigenistas e
antropólogos sobre a prática de alguns povos que sacrificam crianças
portadoras de necessidades especiais e comprometimento cerebral,
entre outros casos. A disputa para cristianizar os índios coloca, de
um lado, missionários católicos e, do outro, alguns segmentos
evangélicos que patrocinam o projeto. <br><br>Apresentado no ano
passado pelo deputado evangél ico Henrique Afonso (PT-AC), o PL não
tem data para ser votado no plenário da Câmara. Há uma semana, uma
manifestação no Congresso levou grupos de militantes evangélicos de
várias denominações a reivindicar a aprovação da lei. O parecer da
deputada Janete Pietá (PT-SP) descarta a criminalização do
infanticídio indígena. Pietá optou por um texto, ainda a ser votado
na CDHM, prevendo a criação de um conselho tutelar indígena e a
adoção de uma campanha educativa para evitar o infanticídio, ainda
mantido por povos como os Suruwará. Eles vivem entre os rios Purus e
Juruá, no Amazonas, e consideram a morte de crianças um instrumento
de controle de natalidade. A prática foi tema do filme Hakani,
produzido pelo escritório brasileiro da organização evangélica
Jovens com um ideal (Jocum), como parte de uma campanha
internacional pelo fim do infanticídio nas tribos.
<br><br><b>Batalha</b> <br>A disputa pelas almas dos Suruwará
motivou uma batalha judicial entre católicos e evangélicos. Em
contato com os índios desde 1980, há cinco anos o Conselho
Indigenista Missionário (Cimi), da Igreja Católica, entrou com uma
representação no Ministério Público Federal contra a atuação da
Jocum na aldeia. A representação foi motivada por um "diário de
campo" deixado pelos evangélicos na aldeia e encontrado por
missionários do Cimi. Segundo a entidade, o texto continha uma
doutrina que considera as religiões indígenas uma manifestação
demoníaca, o mesmo princípio usado historicamente pela Igreja
Católica desde o Descobrimento e abandonado na década de 1960. A
Procuradoria da República em Manaus conseguiu que a Justiça
determinasse a saída dos missionários da Jocum da aldeia. Mas a
organização resiste em deixar a área, alegando que está ali para
combater o sacrifício de crianças doentes. <br><br>"Qualquer
religião é perversa com os indígenas. Os missionários tentam
colonizar os índios impondo o pecado e o medo do inferno", critica
Gersem Baniwa, doutor em antropologia e indígena que viveu até os 10
anos na aldeia Yakirana, no Amazonas. "As religiões ocidentais
surgiram para dominar cultural e espiritualmente o mundo e também os
índios. É o imperialismo religioso que acaba com a convivência
coletivista das aldeias", lamenta. Entre as conseqüências da atuação
religiosa nas aldeias está a mudança de hábitos e rotinas dos
indígenas. Uma delas é a guarda de um dia de descanso depois de uma
semana de trabalho, como está na Bíblia. Poucos índios adotam o
calendário ocidental, mas a lguns grupos estão sendo convencidos a
adiar pescarias ou caças por ser sábado ou domingo.
<br><br><b>Arsenal</b> <br>Para transformar índios em cristãos,
católicos e evangélicos não medem esforços. Montaram um arsenal para
a tarefa. Fundado na década de 1970, o Cimi conta com cerca de 350
missionários padres e leigos, possui rádio, revista e jornal. Os
evangélicos fundaram a Associação de Missões Transculturais
Brasileiras (AMTB), que reúne 600 missionários e abriga diferentes
entidades. A organização da AMTB, que tem 25 agências entre os
índios brasileiros, chega ao detalhe de fazer um levantamento sobre
quais tribos já foram evangelizadas e quantas ainda estão isoladas.
A ONG detalha em seu site quais etnias possuem a Bíblia completa no
próprio idioma e define como objetivo levar os princípios
evangélicos a 120 outros povos. Na internet, a AMTB chega a oferecer
a adoção de vários povos que, segundo eles, não conhecem a palavra
de Deus. <br><br>Nessa guerra, evangélicos e católicos apresentam
estratégias diferentes. O antropólogo e pastor presbiteriano Ronaldo
Libório, um dos coordenadores da AMTB, nega que os missionários da
associação obriguem os índios a adotarem o cristianismo como
religião, abandonando suas culturas. Segundo ele, os valores do
evangelho não são incompatíveis com nenhuma sociedade humana, muito
menos os índios. Revela que, no processo de conversão dos indígenas,
há batismo, mas ressalva que a principal atividade dos missionários
é aliviar o sofrimento dos povos das florestas com a implantação de
projetos sociais nas áreas de saúde e educação. <br><br>Já os
missionários do Cimi não consideram o infanticídio uma prática
selvagem dos índios e defendem que essa cultura tem lógica nas
aldeias com pouco contato com a cultura ocidental. "Não podemos
tratar os índios que têm essa prática como bandidos", argumenta
Saulo Feitosa, secretário adjunto do Cimi. A entidade inaugurou há
alguns anos um novo método de evangelização. Não batiza as crianças
indígenas e aceita a teologia e os rituais dos diversos povos. Os
católicos adotam o que chamam de "missão calada" e esperam que só
com o exemplo possam conquistar almas dentro das florestas.
<br><br>O proselitismo cristão nas aldeias assusta estudiosos e
indigenistas. O antropólogo Rubem Thomaz de Almeida defende que o
governo estabeleça regras para a entrada e permanência dos
missionários nas aldeias. "Os missionários católicos adotam a
educação clássica como método de dominação política. Os evangélicos
impõem proibições que impedem o diálogo cultural com os índios",
analisa. O ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai),
Mércio Pereira, defende a saída dos missionários da convivência
direta com os indígenas. Ele entende que, antes da Bíblia, os índios
deveriam ter uma educação formal laica para evitar práticas como o
infanticídio, por exemplo. "O que esses missionários cristãos querem
mesmo é salvar as próprias almas", critica.</font> </p>
<hr>
<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" width="100%">
<tbody>
<tr>
<td><img src="http://stat.correioweb.com.br/correiobraziliense/imagens2/aspaabre.gif" align="bottom" height="15" width="15"> <font>Os missionários
tentam colonizar os índios impondo o pecado e o medo do
inferno </font><img src="http://stat.correioweb.com.br/correiobraziliense/imagens2/aspafecha.gif" align="absbottom" height="15" width="15"></td></tr></tbody></table><br>
<div align="right"><font>Gersem Baniwa,
antropólogo</font></div><br>
<p>
</p><table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" width="100%">
<tbody>
<tr>
<td><img src="http://stat.correioweb.com.br/correiobraziliense/imagens2/aspaabre.gif" align="bottom" height="15" width="15"> <font>O que esses
missionários cristãos querem mesmo é salvar as próprias almas
</font><img src="http://stat.correioweb.com.br/correiobraziliense/imagens2/aspafecha.gif" align="absbottom" height="15" width="15"></td></tr></tbody></table><br>
<div align="right"><font>Mércio Pereira, ex-presidente da
Fundação Nacional do Índio (Funai)</font></div><br></td></tr></tbody></table>
<hr>
<table width="100%">
<tbody>
<tr>
<td><font>Por
um novo modelo</font><br><br><font>O movimento evangélico indígena vai ganhar uma nova
força em setembro e pode mudar de cara. O Conselho de Pastores e
Líderes Evangélicos Indígenas (Conplei), entidade criada em 1990 e
dirigida por representantes de vários povos, vai realizar, em
setembro, no Amazonas, o sexto congresso da instituição para definir
o modelo de cristianismo evangélico que será pregado nas aldeias. A
Bíblia será difundida sem a participação de missionários
"ocidentais"<wbr>. "Defendemos o interc âmbio cultural e religioso, com
respeito às nossas tradições e uma evangelização contextualizada à
nossa vida", explica Eli Ticuna, militante evangélico, teólogo e
estudante de mestrado em administração. <br><br>O conselho funciona
como uma supra-organizaçã<wbr>o nacional de índios evangélicos, espécie
de concorrente direto do Conselho Indigenista Missionário(CIMI)<wbr>, da
Igreja Católica. Um dos principais objetivos é evitar a forma de
atuação de pastores evangélicos que não pertencem às aldeias.
"Queremos uma igreja com a cara do índio, que respeite a nossa
diversidade cultural e não nos imponha conceitos", define Eli. O
diálogo proposto pelo Conplei é mais fácil com as denominações
evangélicas do que com os católicos. </font><br></td></tr></tbody></table></td></tr></tbody></table></div></div>
</div><br></div>
</p>
</div>
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