[etnolinguistica] Prefixos pessoais e 'pan-americanismos': um levantamento
Eduardo Rivail Ribeiro
erribeir at MIDWAY.UCHICAGO.EDU
Wed Jul 14 19:08:26 UTC 2004
Prezados colegas,
Um dos problemas comuns na investigação de relações genéticas distantes entre as línguas do nosso continente é a existência dos chamados 'pan-americanismos' -- ou seja, propriedades lexicais e gramaticais comuns a várias línguas para as quais a possibilidade de relacionamento genético ou geográfico é improvável.
A existência de pan-americanismos tem implicações interessantes para os estudos de hipóteses de relações genéticas de longo alcance, como é o caso do tronco Macro-Jê. Se uma dada característica gramatical ou lexical tem ampla distribuição no continente, sendo encontrada em línguas para as quais não haveria quaisquer indícios adicionais de parentesco, tal característica apresenta pouco ou nenhum valor como prova de parentesco genético (a menos que seja corroborada por evidências adicionais).
Entre os itens gramaticais que teriam ampla distribuição na América do Sul, Greenberg (1987) menciona a seguinte série de prefixos pessoais:
i- '1a. pessoa'
a- '2a. pessoa'
i- (antes de consoante) ~ t- (antes de vogal) '3a. pessoa'
Estes exemplos são particularmente relevantes para a investigação da hipótese Macro-Jê, uma vez que séries semelhantes ocorrem em várias línguas do tronco (incluindo até mesmo a alomorfia envolvendo o prefixo de terceira pessoa). Uma série semelhante pode ser provavelmente reconstruída para o Proto-Jê (*ic-, *a-, *i- ~ *z-), ocorrendo também em Kariri (hi-, a- ~ e-, i- ~ s-) e, parcialmente, em Karajá (a- '2a. pessoa', i- ~ t- '3a. pessoa'), bem como em outras famílias (Maxakali, Ofayé etc.). Assim, enquanto é extremamente provável que tais prefixos são geneticamente herdados no caso de línguas mais estreitamente aparentadas, como as da família Jê, o uso de tais semelhanças como argumentos para se postularem relações mais distantes deve ser considerado com cautela.
Uma vez que Greenberg se baseia em dados (e, convenhamos, métodos) nem sempre confiávies, gostaria de fazer um levantamento das línguas em que séries de prefixos pessoais semelhantes à listada acima ocorrem (seja com nomes, verbos ou adposições), com base em fontes e análises confiáveis, fornecidas, sempre que possível, por especialistas em línguas e famílias específicas.
Para tanto, recorro aos colegas membros desta lista, a quem desde já agradeço por quaisquer informações que possam me fornecer. Como de costume, enviarei à lista um resumo dos resultados obtidos.
Abraços a todos,
Eduardo
Referências:
Greenberg, Joseph. 1987. Language in the Americas. Stanford, California: Stanford University Press.
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Eduardo Rivail Ribeiro
Museu Antropológico, Universidade Federal de Goiás
Department of Linguistics, University of Chicago
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