M úsica, poesia e vitalid ade lingüística
Pedro Viegas Barros
peviegas2003 at YAHOO.COM.BR
Wed Sep 21 00:19:24 UTC 2005
Estimado Eduardo:
Uno de mis consultantes mapuches, miembro de la comunidad Millaín Kurikal en el norte de la provincia de Neuquén (un área donde la lengua mapudungun parece conservar un grado mayor de vitalidad que en otras partes de la Argentina), me dijo --en enero de 2000-- que él había compuesto rocks y raps en esa lengua.
También me aseguró que había compuesto chamamés en mapudungun. El chamamé es un género musical folklórico, que actualmente tiene una vigencia extraordinaria en las áreas rurales de prácticamente toda la Argentina, es originario de la zona de influencia guaranítica (entre los ríos Paraná y Utruguay) y sus letras típicamente suelen ser parte en español, parte en guaraní.
Desafortunadamente, yo no pude escuchar ninguna de estas composiciones: la casa de mi consultante se había incendiado y se le habían quemado los instrumentos musicales.
J. Pedro Viegas Barros
Eduardo Ribeiro <kariri at gmail.com> escreveu:
Prezados,
Ultimamente venho lendo com interesse notícias sobre o surgimento de canções em línguas indígenas em gêneros populares como o rap. Um caso interessante -- o de um rap na língua norte-americana Dakota -- foi divulgado na imprensa recentemente ( http://www.bismarcktribune.com/articles/2005/09/13/news/state/102069.txt). Alguém conheceria exemplos semelhantes envolvendo línguas sul-americanas?
Uma situação mais ou menos inversa (mas não menos interessante) é o uso de gêneros musicais e poéticos tradicionais para tratar de temáticas atuais (como no caso das canções do wèru, entre os Karajá, a que eu me referi em outra ocasião; neste caso, um objetivo comum destas canções é a crítica social, particularmente a censura a comportamentos tidos como não-Karajá, "de branco").
Além disso, tenho observado o surgimento de uma "nova" poesia em língua indígena, em moldes mais ou menos "ocidentais", cuja temática parece seguir temas populares entre as populações não-indígenas das regiões onde as comunidades indígenas se localizam. É o caso de poemas e canções românticas compostos por intelectuais Karajá. Conversando com outros colegas que lidam com línguas do Centro-Oeste, fiquei sabendo de casos semelhantes entre outros povos da região; reforçando minhas suspeitas, uma colega sugere que uma provável influência seria a da música sertaneja, tão apreciada no Brasil Central.
Entre as várias questões interessantes que vêm à tona, nestes diálogos etnopoéticos, está a da vitalidade lingüística e cultural. No caso dos Karajá, é justamente nas aldeias em que a cultura indígena permanece vigorosa que se notam tais 'experimentos'. Assim, neste caso, tais diálogos seriam -- parece-me -- um sinal de vitalidade lingüística e cultural (ao contrário do que pode parecer à primeira vista). Bem, estas são conjecturas minhas. Cada caso será um caso, e eu gostaria muito de ouvir opiniões diferentes e relatos sobre fenômenos parecidos entre outros povos indígenas do continente.
Alguém poderia me sugerir exemplos semelhantes, tanto na literatura, quanto de sua própria experiência de trabalho? Fico, desde já, muito agradecido. [Na internet, os poucos exemplos que encontrei dizem respeito não a iniciativas de membros das comunidades indígenas, mas a atividades de cunho proselitista por parte de missionários cristãos. É o caso, por exemplo, entre os Pirahã, descrito em http://www.canadianchristianity.com/cgi-bin/bc.cgi?bc/bccn/0101/supgod, e os Canela, descrito em http://www.wycliffe.org/ethnomusic/canela.htm). Os exemplos em que estou interessado, naturalmente, não seriam deste tipo.]
Abraços,
Eduardo
--
Eduardo Rivail Ribeiro
Museu Antropológico, Universidade Federal de Goiás
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