Imprensa: Ana Carla Bruno é escolhida para o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas

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Thu Nov 23 20:29:21 UTC 2006


*Pesquisadora do Inpa é escolhida para fazer parte do Instituto Geográfico e
Histórico do Amazonas (IGHA)
*
*Ana Carla Bruno ocupará a cadeira cujo o patrono é o pesquisador alemão
Curt Unkel. Ele é uma das pessoas mais importantes da história da etnologia
brasileira.*

Uma mulher ocupará a 16ª cadeira do Instituto Geográfico e Histórico do
Amazonas (IGHA) e será a quinta mulher a fazer parte do grupo formado por 41
homens.

A escolhida foi a doutora em Antropologia e Línguas pela Universidade do
Arizona (EUA) e pesquisadora do Núcleo de Pesquisas em Ciências Humanas e
Sociais do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (NPCH/Inpa), Ana
Carla Bruno.

Ela ocupará a cadeira de Antropologia que estava vazia há oito anos e que já
tinha sido ocupada pelo professor do Departamento de Comunicação Social da
Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Antônio Braga Teixeira.

Ana Carla Bruno ocupará a cadeira cujo o patrono é o alemão Curt Unkel.
Segundo Bruno, ele é uma das pessoas mais importantes da história da
etnologia brasileira.

"Foi um dos primeiros pesquisadores no Brasil a realizar esse tipo de
trabalho", ressaltou. Ela disse que para a escolha do ocupante é necessário
que o mesmo tenha um trabalho semelhante ao do patrono. A solenidade
acontecerá nesta quarta-feira (22/11), às 19h30, na sede do IGHA.

Bruno trabalha no projeto de Documentação Lingüística e Cultural de sete
etnias indígenas do Estado. A pesquisa é uma parceria entre o Inpa, a
Fundação Estadual dos Povos Indígenas (FEPI) e a Secretaria de Estado da
Educação (Seduc).

O objetivo é fazer a documentação da cultura de povos, como, os tenharim,
parintintin, torá, diahoi, mura, apurinã e mundurucu os quais vivem nos
municípios de Humaitá e Manicoré, distantes de Manaus em linha reta 590 e
332 km, respectivamente. Além disso, ela também elaborou o dicionário dos
Waimiri-Atroari.

"O projeto é o resultado da própria solicitação dos povos indígenas, pois
eles queriam que a herança cultural e a língua fossem passadas para as
outras gerações por meio da educação nas escolas indígenas", destacou.

Em relação a indicação, ela disse que "não imaginava que fosse ser escolhida
para ocupar a cadeira, o que farei com grande satisfação e honra, mas sob o
peso da responsabilidade", afirmou.

Isso porque Curt Unkel realizou diversos trabalhos com os índios guarani, no
Oeste paulista, os quais conviveu a partir de 1907 e foi batizado pelos
mesmos com o nome Nimuendajú que significa aquele que faz sua própria casa.

Ana Carla disse que muitas das áreas em que Curt fez descrições
etnográficas, coincidentemente, ela também trabalhou, está trabalhando e
ainda trabalhará, por exemplo, com o grupo Xukuru, localizado no município
de Pesqueira (PE).

"Trabalhei com o mesmo grupo, com educação indígena, depois de 70 anos que
Curt passou pelo local", esclareceu. No Amazonas, ela disse que Curt
realizou trabalhos com indígenas do rio Madeira, da família Tupi.

Hoje, a pesquisadora trabalha com a mesma família e com os Mura por meio de
um projeto aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
(Fapeam).

"Ele já tinha a preocupação relativa à perda das características da língua,
das cerimônias religiosas, dos costumes dos Mura. Por isso, havia cuidados
em se registrar tudo e não aculturá-los. Também questionava-se, naquela
época, se o trabalho do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) ou as práticas
dos missionários católicos, que os proibiam de realizar as manifestações
culturais, iriam influenciar a cultura indígena. Hoje, vemos que está
acontecendo o mesmo com muitos grupos, que sofrem com as missões
evangélicas, na ausência do Estado", lamentou.

De acordo com Ana Carla, muitas obras de Curt Unkel foram traduzidas para o
português. Além disso, os pesquisadores do Museu Nacional do Rio de Janeiro
estão tentando fazer o levantamento, no arquivo, das obras do etnólogo.

Também existem muitos livros em alemão e inglês, pois ele mantinha parceria
com a Universidade de Berkley, na Califórnia (EUA).

"Ele não fez apenas monografias ou registros etnográficos, mas pesquisas
arqueológicas, principalmente, devido às parcerias com os museus
estrangeiros. Muitos artefatos encontrados eram enviados para fora do país
como dos parintintins e tenharin. Ele teve a preocupação que a última
coleção elaborada por ele ficasse no Brasil, isso já no final de sua vida",
explicou.

IGHA - O Instituto Geográfico e Histório do Amazonas (IGHA) foi fundado em
março de 1917 e tem por finalidade promover os estudos relacionados a
geografia, história, arqueologia, sociologia, antropologia cultural e
lingüística, além das demais ciências correlatas do Amazonas. O seu estatuto
proclama que lutará contra quaisquer movimentos tendentes à sua
internacionalização.

A pesquisadora Ana Carla Bruno irá compor o time feminino formado pela
professora Ednéia Mascarenha, pela Secretária de C&T do Estado do Amazonas,
Marilene Corrêa, pela jornalista Regina Melo e pela professora Marita
Socorro Monteiro.

(Luís Mansuêto, da Assessoria de Comunicação do Inpa)
[Reproduzido do JC email 3147, de 22/nov/2006)]

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