l ínguas descobertas?
Victor Petrucci
vicpetru at HOTMAIL.COM
Mon Dec 15 14:16:18 UTC 2008
Caros amigos listeiros
Realmente, há uma parcela dos Kariri de Alagoas que se preocupa com a perda da língua e declara que gostariam muito de retomá-la. Tentei ajudá-los de longe. Missão impossível. Questões outras que não lingüísticas forçam a pressionam a postura desse povo e os coloca numa prostração quase sem saída. Em nenhum instante indicaram que há alguma parcela de seu povo que tenha conhecimento da língua.
Há dois anos incentivei que eles, frente ao interesse dos mais jovens e a pedido deles próprios, tentassem uma coleta de palavras "não-portuguesas" existentes na comunidade (da Cafurna AL) principalmente entre os mais idosos. Podemos ver na lista abaixo que a quase totalidade das palavras vem do português, uma pelo menos da língua geral ou de alguma língua Tupi, provavelmente através do português. A coleta deveria ser aprofundada, penetrando nos recônditos da nomenclatura biológica (nomes de árvores, peixes, animais, aves, insetos), dos costumes e crenças, retomada de algum pronome, de ualguma influência ou resquício da fala dele na ordem e estrutura do português local, etc.
Mas, como fazer isso se a sobrevivência e o ronco da barriga falam mais alto?
Alguns poucos termos recolhidos foram:
ANDAÇO DIARREIA
BADALO BOCA
BUGAIO OLHO GRANDE
DIFUÇÓ GRIPE
FUNDIO ANUS
FUTE DIABO
GÃO VAGINA
GERMANA INDISPOSIÇÃO
GUENZO CACHORO
LATRINA MAU CHEIRO
LETÊI MANCO,
COCHOPACOVÁ BANANA
PATUÁ CARA LARGA
( ROSTO GRANDE)
PÊTA PÉ
PIONGO TRISTE
PITININZIM PEQUENINO
PUNGÁ POUCO
QUIBACA ORELHA
RUMA PORÇAO
VENTA NARIZ
Não apenas a língua está perdida, parte da esperança também.
Contudo, consegui dialogar que eles têm uma posição privilegiada entre os povos que perderam sua língua. Uma Gramática feita pelo Pe. Mamiani com extenso vocabulário. Esse seria um possível recomeço, tal qual israelitas retomando o hebráico depois de séculos sem ser falado fora das Sinagogas. Faltaram as condições necessárias e o projeto abortou.
Um abraço a todos,
Victor A. Petrucci
Campinas - Brasil
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To: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
From: borges.carioca at yahoo.com.br
Date: Mon, 15 Dec 2008 04:46:15 +0000
Subject: [etnolinguistica] Re: línguas descobertas?
Caro Denny e demais colegas,
A família Karirí atualmente é considerada extinta, já que não é mais
usada por seus falantes, nem faz parte de rede comunicativa alguma
entre diferentes comunidades indígenas.
Existem membros das etnias Kirirí, Karirí-Xocó e Xukurú-Karirí que
somam cerca de 3000 pessoas, segundo o Instituo Socio-Ambiental (ISA).
Ainda, o colega listeiro, Victor Petrucci, informou-me que algumas
pessoas dessas comunidades conhecem somente algumas palavras.
Finalmente, não há projeto algum de revitalização linguistica para essa
família e o "ethnolog" eu não recomendo, pois esse sítio traz
informações algumas vezes inexatas (Exemplo: estudos recentes já
comprovaram a inserção da família Karirí no tronco Macro-Jê).
Abraços,
Davi Borges
--- Em etnolinguistica at yahoogrupos.com.br, "diinibii" <moore at ...>
escreveu
>
> Caros Colegas,
>
> Um lingüista da Europa me disse recentemente que ele ouviu relatos da
> possível existência ainda de falantes de línguas não geralmente
> reconhecidas como vivas. Duas seriam em Ceará: Tapeba e Pitaguará.
Na
> Bahia seria Kariri. Em Roraima seriam Monoiko e Sapará.
> Alguém tem informções definitivas sobre essas línguas-- localização,
> número de falantes, grau de manutenção da língua?
>
> Abraços,
>
> Denny
>
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