-BA'E: tonicidade e nasalisa ção?
Wolf Dietrich
dietriw at UNI-MUENSTER.DE
Sun Feb 8 17:39:14 UTC 2009
Prezado Emerson,
É sempre precário saber alguma coisa sobre uma língua morta já que só dispomos
das grafias utilizadas anteriormente. Acho que, até certo ponto, podemos
tentar uma reconstrução a partir das línguas existentes atualmente: O sufixo
"-va'e" é clítico, isto é átono, em Mbyá, como o "-va" do Guarani paraguaio e
do Guarani boliviano (Chiriguano), o "-wa'e" do Asurini do Tocantins. Não há
informação sobre a tonicidade em outros trabalhos modernos sobre línguas
Tupi-Guarani, nem sequer na "Comparative Tupi-Guarani Morphosyntax" de Cheryl
Jensen, in: Desmond C. Derbyshire/Geoffrey K. Pullum (eds.), Handbook of
Amazonian Languages, Berlin-New York: Mouton de Gruyter, 1998, págs. 542-543.
Do citado artigo da Ch. Jensen resulta no entanto que o sufixo tem dois
alomorfes, "-va'e" e "-ma'e". Não está certo como funcionavam em Tupinambá,
parece que "-ma'e" não era uma forma nasalizada que aparecia regularmente com
verbos nasais. Nas línguas modernas não há nasalização, mas existe uma
distribuição complementar: As línguas que têm "-va'e" não conhecem uma
nasalização em "-ma'e" e as línguas que apresentam "-ma'e" não conhecem a
forma oral "-va'e". Cada língua tem uma única forma mecanizada.
Um abraço,
Wolf Dietrich
Emerson José Silveira da Costa schrieb am 2009-02-07:
> Saudações, preclaros participantes desta lista.
> Tenho estudado tupi antigo (tupinambá) por meio do MÉTODO MODERNO DE
> TUPI
> ANTIGO do prof. da USP Eduardo Navarro, e tenho também uma cópia do
> CURSO DE
> TUPI ANTIGO do pe. Lemos Barbosa e da ARTE DE GRAMMATICA... do pe.
> José de
> Anchieta.
> Em nenhuma dessas obras encontrei uma explicação clara sobre se o
> sufixo
> "-ba'e" é átono ou tônico, ou se se nasalisa após um verbo nasal.
> A princípio eu tomava "-ba'e" como sendo tônico. Mas alguns indícios
> me
> levaram a suspeitar que pudesse ser diferente:
> 1) Lemos Barbosa coloca hífen antes de partículas átonas ao citá-las
> isoladamente, e ele escreve "-ba'e" (como faz com "-reme", "-ramo",
> "-pe"...) em vez de "ba'e" (assim como "pyra", "bora", "bé"...)
> 2) Em guarani moderno o sufixo correspondente é "-va" (átono): TPN
> "osoba'e"
> = GN "ohóva".
> Então fica a dúvida: "-ba'e" é tônico ou átono?
> Depois vem a questão da nasalização. A regra geral dada nas obras
> acima é
> que "-ba'e" após consoante faz aparecer um "-y-" eufônico para evitar
> o
> encontro consonantal:
> - "(s)epîak" > "osepîakyba'e"
> - "(s)aûsub" > "osaûsubyba'e"
> - "sem" > "osemyba'e".
> Anchieta aí (p. 31) diz que no caso destes dois últimos se usa mais
> "osaûsuba'e" e "osemba'e", sendo que neste segundo caso porque "mb"
> "recte
> concurrunt", isto é, é um "encontro consonantal" que a língua admite.
> Mas na verdade a grafia "mb" representa um fonema único.
> Parece-me então que nesse caso ocorre: "osem" perde o "-m" e fica
> "ose~";
> "-ba'e" se nasaliza (?) e fica "-mba'e", e então temos "osemba'e".
> Só que não lembro de ter visto nenhum exemplo de "-ba'e" sendo usado
> com
> outros verbos nasais (terminados em vogal nasal ou "-n"). Temos
> "onupãba'e"
> ou "onupãmba'e"? Temos "onhan(y)ba'e" ou "onhamba'e"?
> Ocorre a nasalização ou "ba'e" continua não-nasal (com som /β/),
> apenas
> justaposto?
> Agradeço vossa ajuda.
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