O Tupí nosso de cada dia

eduardo_rivail kariri at GMAIL.COM
Fri May 15 04:56:17 UTC 2009


Caro Renato,

Muito obrigado pelo apoio e o incentivo. Obrigado, também, ao Nonato Costa, ao Victor Petrucci e ao Beni Borja, pela acolhida. Esperamos contar com a participaçăo de todos. Sim, "quarar" foi o primeiro lexema registrado (simbolicamente, até; afinal, o objetivo é, de certa forma, pôr algumas velhas idéias para quarar). Dę uma olhada:

http://www.etnolinguistica.org/tupi:quarar

Quanto ŕ provável origem do cumprimento "oi", tendo a concordar com a explicaçăo do colega Geraldo Faria. Interjeiçőes tendem a coincidir em línguas as mais diversas e, por outro lado, podem variar bastante dentro de uma mesma língua. A exemplo das chamadas "palavras de berçário" (papa, mama, caca), săo pouco confiáveis para o estabelecimento de relaçőes genéticas ou de contato lingüístico. A propósito: alguém sabe se algo parecido com "oi!" teria ocorrido em Tupinambá?

Agora, em resposta a algumas das questőes levantadas pelo Victor, seria mesmo interessante incluir, na discussăo dos verbetes, informaçőes sobre o seu tratamento por outros autores (tanto a definiçăo, quanto sugestőes etimológicas). É o que faço, a título de ilustraçăo, no verbete 'quarar' (citando Amadeu Amaral). No caso de 'jirau', pode ser que afinal o Aurélio é que estivesse correto (no possível original Tupí que menciono, com base em Lemos Barbosa, fica sem explicaçăo a semivogal final). Colegas com acesso a fontes mais completas -- sem falar nos vários especialistas em Tupinambá e na família Tupí-Guaraní, membros desta lista -- podem ajudar a esclarecer este e outros pontos duvidosos (e esta é uma das vantagens de um trabalho cooperativo como este).

Há, claro, centenas de termos de origem Tupí cujo uso é restrito (inclusive nomes científicos de plantas e animais). Embora estes lexemas sejam também importantes, eu sugiro, no entanto, que cada entrada a ser introduzida se baseie no repertório lingüístico do autor do lexema, como falante nativo de uma dada variedade do portuguęs brasileiro. É isso que tenho em mente ao falar do Tupí nosso de cada dia. Por exemplo, embora a forma de dicionário seja algo como "teiú", a forma que adquiri desde menino é "tiú" (um lagarto preto, comestível, que tem uma predileçăo por ovos, dando prejuízo ao dono do galinheiro). Posso afirmar, com um certo grau de certeza, que essa é a forma usada em Goiás. Colegas falantes de outros dialetos podem acrescentar informaçőes sobre sua própria pronúncia. Assim, pouco a pouco, vamos tendo uma visăo mais precisa da distribuiçăo e variaçăo de um determinado lexema.

Achei bacana a idéia do texto do Victor, como ferramenta didática. Mas, para os nossos propósitos atuais, é bom deixar inicialmente de lado palavras cuja difusăo se deu muito mais por meio literário e escolar. Por exemplo, Tupă, saci e curupira săo, para mim, termos puramente escolares (ou seja, năo fazem parte do meu universo etnolingüístico de caipira goiano; só aprendi sobre eles nos velhos livros de Educaçăo Moral e Cívica e no Sítio do Pica-Pau Amarelo, na TV). Por outro lado, perebas, catapora e taturanas (infelizmente) e paçoca, beiju, arapuca e pirăo (felizmente), sim, fazem parte do meu universo lingüístico extra-escolar. Certas palavras, inclusive, fazem parte de provérbios ou "dizeres", o que ajuda a ilustrar seu valor etnolingüístico. Por exemplo: "Por vocę, fulana, eu carrego água em jacá."

Aqui vai, a propósito, uma pequena lista de palavras (Tupi, será?) que me ocorreram (e cuja etimologia ainda năo pude encontrar nas fontes de que disponho no momento):

suă
capiau
catira
potoca
coró
jia (ou gia?)
curau

Se tais termos fazem parte do repertório lingüístico de qualquer um de vocęs (e se sua origem e, talvez, etimologia podem ser determinadas), por favor, sintam-se "cordialmene intimados" a incluí-los como verbetes.

Uai, entăo "cambota" também seria Tupí? Se for, que maravilha. Fazia tempo que năo ouvia esta palavra; valeu, Victor, pelo presente!

Abraços,

Eduardo

--- Em etnolinguistica at yahoogrupos.com.br, Renato Athias <renato.athias at ...> escreveu
>
> Eduardo,
> GENIAL! PARABENS pela iniciativa.
> Năo vi a palavra QUARAR no vocabulario.... quem vai colocar?
> A palavra  "oi" também na seria de origem tupi?
> 
> Renato
> 
> 2009/5/14 eduardo_rivail <kariri at ...>
> 
> >
> >
> > Prezados,
> >
> > Recentemente, eu e o colega Emerson José Silveira da Costa (que mantém,
> > entre outras iniciativas, o site http://tupi.wikispaces.com/) demos início
> > a um projeto de compilaçăo do vocabulário de origem Tupí que ocorre no nosso
> > portuguęs do dia-a-dia. A participaçăo é aberta a todos os interessados. O
> > endereço é o seguinte:
> >
> > http://www.etnolinguistica.org/tupi
> >
> > Usuários do Twitter podem se manter informados acerca de novos verbetes
> > acompanhando-nos no seguinte endereço:
> >
> > http://twitter.com/abanheenga
> >
> > Cada verbete deverá incluir informaçőes etimológicas, indicaçăo de fontes
> > bibliográficas e exemplos concretos de uso (năo apenas literários ou da
> > mídia, mas também exemplos pessoais fornecidos pelos usuários e membros do
> > projeto), com a devida indicaçăo de sua distribuiçăo geográfica. A exemplo
> > dos demais recursos disponíveis em Etnolinguistica.Org, cada verbete pode
> > ser comentado por qualquer um que se cadastre no site.
> >
> > Um dos objetivos principais é fornecer, ao público geral, uma fonte
> > confiável (e interativa) sobre a presença da herança cultural indígena no
> > cotidano do brasileiro. Além disso, o projeto pode vir a ter resultados
> > científicos igualmente relevantes, contribuindo para esclarecer a
> > distribuiçăo geográfica dos vocábulos de origem Tupí, detectar diferenças
> > regionais em pronúncia e escopo semântico, etc.
> >
> > Esperamos poder contar com a participaçăo de todos os interessados!
> >
> > Atenciosamente,
> >
> > Eduardo
> >
> >  
> >
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