Oi
eduardo_rivail
kariri at GMAIL.COM
Sat May 16 05:26:13 UTC 2009
Muito interessante, Waldemar. Obrigado pela dica. Caso se confirme que "oi" de fato ocorria em Tupinambá, acho que valeria a pena incluí-lo no vocabulário. Mesmo que, pelas razões mencionadas antes, não seja possível provar com certeza absoluta que a origem é Tupí, é uma possibilidade que vale a pena levar-se em consideração.
Abraços,
Eduardo
--- Em etnolinguistica at yahoogrupos.com.br, Waldemar Ferreira Netto <waldemar.ferreiranetto at ...> escreveu
>
> Caros,
> Se não me falha a memória (o que é bem possível que ocorra), a
> expressão "oi" ocorre no Auto de São Lourenço, quando o autor
> (Anchieta) quer caracterizar a entrada de alguma das persogens. Não
> tenho o texto aqui, mas creio que é possível se certificar disso na
> edição da IV Centenário, organizada por Maria de Lourdes de Paula
> Martins, que colocou uns míni fac-símiles. Com uma lupa poderosa, acho
> que dá para ver.
> Abraços,
> Waldemar
>
> 2009/5/15 eduardo_rivail <kariri at ...>:
> > Caro Renato,
> >
> > Muito obrigado pelo apoio e o incentivo. Obrigado, também, ao Nonato Costa, ao Victor Petrucci e ao Beni Borja, pela acolhida. Esperamos contar com a participaçao de todos. Sim, "quarar" foi o primeiro lexema registrado (simbolicamente, até; afinal, o objetivo é, de certa forma, pôr algumas velhas idéias para quarar). De uma olhada:
> >
> > http://www.etnolinguistica.org/tupi:quarar
> >
> > Quanto ´r provável origem do cumprimento "oi", tendo a concordar com a explicaçao do colega Geraldo Faria. Interjeiç"oes tendem a coincidir em línguas as mais diversas e, por outro lado, podem variar bastante dentro de uma mesma língua. A exemplo das chamadas "palavras de berçário" (papa, mama, caca), sao pouco confiáveis para o estabelecimento de relaç"oes genéticas ou de contato lingüístico. A propósito: alguém sabe se algo parecido com "oi!" teria ocorrido em Tupinambá?
> >
> > Agora, em resposta a algumas das quest"oes levantadas pelo Victor, seria mesmo interessante incluir, na discussao dos verbetes, informaç"oes sobre o seu tratamento por outros autores (tanto a definiçao, quanto sugest"oes etimológicas). É o que faço, a título de ilustraçao, no verbete 'quarar' (citando Amadeu Amaral). No caso de 'jirau', pode ser que afinal o Aurélio é que estivesse correto (no possível original Tupí que menciono, com base em Lemos Barbosa, fica sem explicaçao a semivogal final). Colegas com acesso a fontes mais completas -- sem falar nos vários especialistas em Tupinambá e na família Tupí-Guaraní, membros desta lista -- podem ajudar a esclarecer este e outros pontos duvidosos (e esta é uma das vantagens de um trabalho cooperativo como este).
> >
> > Há, claro, centenas de termos de origem Tupí cujo uso é restrito (inclusive nomes científicos de plantas e animais). Embora estes lexemas sejam também importantes, eu sugiro, no entanto, que cada entrada a ser introduzida se baseie no repertório lingüístico do autor do lexema, como falante nativo de uma dada variedade do portugues brasileiro. É isso que tenho em mente ao falar do Tupí nosso de cada dia. Por exemplo, embora a forma de dicionário seja algo como "teiú", a forma que adquiri desde menino é "tiú" (um lagarto preto, comestível, que tem uma predileçao por ovos, dando prejuízo ao dono do galinheiro). Posso afirmar, com um certo grau de certeza, que essa é a forma usada em Goiás. Colegas falantes de outros dialetos podem acrescentar informaç"oes sobre sua própria pronúncia. Assim, pouco a pouco, vamos tendo uma visao mais precisa da distribuiçao e variaçao de um determinado lexema.
> >
> > Achei bacana a idéia do texto do Victor, como ferramenta didática. Mas, para os nossos propósitos atuais, é bom deixar inicialmente de lado palavras cuja difusao se deu muito mais por meio literário e escolar. Por exemplo, Tupa, saci e curupira sao, para mim, termos puramente escolares (ou seja, nao fazem parte do meu universo etnolingüístico de caipira goiano; só aprendi sobre eles nos velhos livros de Educaçao Moral e Cívica e no Sítio do Pica-Pau Amarelo, na TV). Por outro lado, perebas, catapora e taturanas (infelizmente) e paçoca, beiju, arapuca e pirao (felizmente), sim, fazem parte do meu universo lingüístico extra-escolar. Certas palavras, inclusive, fazem parte de provérbios ou "dizeres", o que ajuda a ilustrar seu valor etnolingüístico. Por exemplo: "Por voce, fulana, eu carrego água em jacá."
> >
> > Aqui vai, a propósito, uma pequena lista de palavras (Tupi, será?) que me ocorreram (e cuja etimologia ainda nao pude encontrar nas fontes de que disponho no momento):
> >
> > sua
> > capiau
> > catira
> > potoca
> > coró
> > jia (ou gia?)
> > curau
> >
> > Se tais termos fazem parte do repertório lingüístico de qualquer um de voces (e se sua origem e, talvez, etimologia podem ser determinadas), por favor, sintam-se "cordialmene intimados" a incluí-los como verbetes.
> >
> > Uai, entao "cambota" também seria Tupí? Se for, que maravilha. Fazia tempo que nao ouvia esta palavra; valeu, Victor, pelo presente!
> >
> > Abraços,
> >
> > Eduardo
> >
> > --- Em etnolinguistica at yahoogrupos.com.br, Renato Athias <renato.athias@> escreveu
> >>
> >> Eduardo,
> >> GENIAL! PARABENS pela iniciativa.
> >> Nao vi a palavra QUARAR no vocabulario.... quem vai colocar?
> >> A palavra "oi" também na seria de origem tupi?
> >>
> >> Renato
> >>
> >> 2009/5/14 eduardo_rivail <kariri@>
> >>
> >> >
> >> >
> >> > Prezados,
> >> >
> >> > Recentemente, eu e o colega Emerson José Silveira da Costa (que mantém,
> >> > entre outras iniciativas, o site http://tupi.wikispaces.com/) demos início
> >> > a um projeto de compilaçao do vocabulário de origem Tupí que ocorre no nosso
> >> > portugues do dia-a-dia. A participaçao é aberta a todos os interessados. O
> >> > endereço é o seguinte:
> >> >
> >> > http://www.etnolinguistica.org/tupi
> >> >
> >> > Usuários do Twitter podem se manter informados acerca de novos verbetes
> >> > acompanhando-nos no seguinte endereço:
> >> >
> >> > http://twitter.com/abanheenga
> >> >
> >> > Cada verbete deverá incluir informaç"oes etimológicas, indicaçao de fontes
> >> > bibliográficas e exemplos concretos de uso (nao apenas literários ou da
> >> > mídia, mas também exemplos pessoais fornecidos pelos usuários e membros do
> >> > projeto), com a devida indicaçao de sua distribuiçao geográfica. A exemplo
> >> > dos demais recursos disponíveis em Etnolinguistica.Org, cada verbete pode
> >> > ser comentado por qualquer um que se cadastre no site.
> >> >
> >> > Um dos objetivos principais é fornecer, ao público geral, uma fonte
> >> > confiável (e interativa) sobre a presença da herança cultural indígena no
> >> > cotidano do brasileiro. Além disso, o projeto pode vir a ter resultados
> >> > científicos igualmente relevantes, contribuindo para esclarecer a
> >> > distribuiçao geográfica dos vocábulos de origem Tupí, detectar diferenças
> >> > regionais em pronúncia e escopo semântico, etc.
> >> >
> >> > Esperamos poder contar com a participaçao de todos os interessados!
> >> >
> >> > Atenciosamente,
> >> >
> >> > Eduardo
> >> >
> >> >
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