Arara do Rio Branco e o tronco Tup í
Marcelo Jolkesky
marjolkesky at YAHOO.COM.BR
Wed Nov 10 14:08:06 UTC 2010
Prezado Pedro,
Fico realmente muito feliz que tenhamos chegado aos mesmos resultados para o Arara do Rio Branco. Como os dados disponíveis não são muitos, é realmente complicado conseguir estabelecer correspondências sistemáticas. Também não contamos com bons dicionários para línguas das famílias Arikém, Puruborá e Ramaráma, o que dificulta o trabalho comparativo. Além disso, a língua Arara enfrenta um grave processo de obsolescência e isto pode tormar o quadro mais complexo, pois nestes casos acredito que processos de mudança tornem-se mais acelerados e menos sistemáticos.
Recentemente tenho trabalhado num outro caso, que divulgarei na lista logo a seguir. Trata-se de uma hipótese de relação entre as línguas das famílias Timote-Cuica, Jirajára e Arutani-Sapé. Como se verá, os dados são escassos e muitas vezes provenientes de fontes antigas (Timote-Cuica e Jirajára), e isto dificulta igualmente uma arguição mais apropriada sobre correspondências, principalmente dos segmentos vocálicos. De qualquer forma, acho que o esforço sempre é válido e sempre traz um pouco mais de luz sobre as relações entre os povos e as línguas sul-americanas.
um abraço!
Marcelo
--- Στις Δευτ., 08/11/10, ο/η Pedro Viegas Barros <peviegas2003 at yahoo.com.br> έγραψε:
Από: Pedro Viegas Barros <peviegas2003 at yahoo.com.br>
Θέμα: Re: [etnolinguistica] Arara do Rio Branco e o tronco Tupí
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Ημερομηνία: Δευτέρα, 8 Νοέμβριος 2010, 19:01
Estimado Marcelo:
Por pura casualidad (o no, vaya uno a saber), yo también he estado encontrando últimamente algunas semejanzas léxicas Tupí-Arára do Rio Branco, aunque yo no había hallado más que unas veinte; y en su mayoría coinciden con similitudes encontradas independientemente por Ud. Otras son:
AR tu- ‘3ª. pessoa’: Karo (Gabas Jr. 1994: 137) to- ‘3ª. pessoa (correferencial)’
AR -nhAN ‘nariz’: Puruborá (Rodrigues 2007: 184) ni-waN ‘nariz’ (Proto-Tupí *t’y ‘moco’).
AR setka ~ se’ka ‘estrela’: Káro (Gabas Jr. 2000: 77, 78) *cigamo ‘estrela’.
AR juNmba ‘cipó para cesto’: Kuruáya (Rodriguez 1978: 200) idZiby, Mundurukú iSiby, Proto-Tupí (da Silva 2007: 236) *ytSypo ‘cipó’.
AR mbiri- ~ mbere- ~ bri- ~ wirib- ~ wrib- ~ wri- ‘peixe’ (en: mbiripaj ‘pintado’, mberewa ‘pacu’, briptupi ‘esp. de peixe pequeno’, wiribdak ~ wribdag ‘arraia’, mbriwi ~ wriwi ‘piranha’): cf. Paitér (Aragon y Cabral 2005: 1537) morip ‘peixe’ (família Mondé).
AR bebE ‘porco grande’, bebEtik ‘porquinho’: cf. (Moore 2005: 520) Salamãy bebetíNíNk, Aruá, Gavião, Zoró bebekot, Cinta-Larga mbebekot, Suruí meNbekot ‘caitetu’ (família Mondé).
Para ‘arára’, ‘morcego’ y ‘pedra’, las comparaciones más impresionantes en lenguas Tupí serían –em mi opinión-:
AR korot ~ korod ‘arára’: Aruá (Moore 2005: 520) gádót ‘arára’ (familia Mondé).
AR miSep ‘morcego’, miSebM ‘borboleta’: cf. Salamãy, Cinta Larga (Moore 2005: 520) Zííp ‘morcego’ (família Mondé).
AR ija ‘pedra’: Káro (Rodrigues 2007: 177) ija-’a‘pedra’
Desconozco si existe etimologia a nivel Proto-Tupí de la forma Aruá del primer caso y de las formas Salamãy y Cinta Larga del segundo; para el tercero Rodrigues reconstruye Proto-Tupí *wita ‘pedra’.
Un abrazo,
Pedro
Símbolos: A vocal baja posterior, bM oclusiva labial sonora post-nasalizada, dZ africada sonora palatal, E vocal media anterior abierta, N nasalización de vocal precedente, nh nasal palatal, S fricativa sorda palatal, tS africada sorda palatal, y vocal alta central, Z fricativa sonora palatal, ’ oclusiva glotal (tras consonante, glotalización).
Referencias:
Aragon, Carolina Coelho y Ana Suelly Arruda Câmara Cabral (2005): A posição do Akuntsú na família lingüística Tuparí, Anais do IV Congresso Internacional da Abralin, p. 1533-1539. www.abralin.org.br
da Silva, Beatriz Carreta Corrêa (2007): Mais fundamentos para a hipótese de Rodrigues (1984/85) de um Proto-Awetí-Tupi-Guaraní. Línguas e Culturas Tupi, Vol. 1: 219-240.
Gabas Jr., Nilson (1994): O sistema pronominal de marcação de pessoa na língua Karo (Arara de Rondonia), Revista Latinoamericana de Estudios Etnolingüísticos, vol. VIII: 135-150.
Gabas Jr., Nilson (2000): Genetic relationship among Ramaráma family of Tupí stock (Brazil), Indigenous Languages of Latin America (ILLA), 1: 71-82. http://etnolinguistica.wdfiles.com/local--files/illa%3Avol1n6/illa_vol1n6_gabas.pdf
Moore, Dioney (2005): Classificação interna da família lingüística Monde, Estudos Lingüísticos, 34: 515-520.
Rodrigues, Aryon Dall’Igna (1978): Tupí-Guaraní e Mundurukú: evidencias lexicais e fonológicas de parentesco genético. Estudos Lingüísticos, 3: 194-209.
Rodrigues, Aryon Dall’Igna (2007): As consoantes do Proto-Tupi. Línguas e Culturas Tupi, Vol. 1: 177-203.
--- Em sáb, 6/11/10, Marcelo Jolkesky <marjolkesky at yahoo.com.br> escreveu:
De: Marcelo Jolkesky <marjolkesky at yahoo.com.br>
Assunto: [etnolinguistica] Arara do Rio Branco e o tronco Tupí [1 Anexo]
Para: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
Data: Sábado, 6 de Novembro de 2010, 20:14
Prezados colegas,
Uma série de possíveis cognatos emergiram a partir de uma comparação preliminar dos dados do Arara do Rio Branco (D'Angelis 2010) com o proto-Tupí (Rodrigues 2007) e dão suporte a uma provável filiação daquela língua a este tronco. Dados suplementares do proto-Tupí-Guaraní (Schleicher 1998) e das línguas Mundurukú (Mendes Jr. 2007), Kuruáya (Mendes Jr. 2007), Tuparí (Alves 2004), Suruí (Bontkes & Bontkes 1978; Meer 1982), Makurap (Braga 1992), Satere-Mawe (Silva 2005), Karitiana (Landin 2005) e outras (Petrucci 2007) também foram levados em consideração. Os resultados seguem abaixo:
PT proto-Tupí
PTG proto-Tupí-Guaraní
AR Arara do Rio Branco
SM Satere-Mawe
KU Kuruáya
MU Mundurukú
SU Suruí (Paiter)
TU Tuparí
MK Makurap
KA Karitiana
PT **ɨ → AR [i]
Os dados de AR não estão fonemizados.
ARARA DO RIO BRANCO
TUPÍ
1.SG (livre)
AR [nu]
PT **unu
abelha arapuá
AR [abɛka]
SM a:wiʔa
água
AR [i] ([i-tik] água-pequeno=igarapezinho)
PT **ʔɨ
algodão
AR [biripta]
KU maroða; MU bõrõbu (linha de algodão)
aranha caranɡuejeira
AR [piʃõ{ba}]
TU abẽsã
banana
AR [ukuɐ̃]
SU mokoba, MU akoba
batata doce
AR [batʃĩɲ]
PT **wetjɨk
beiju
AR [mɨ̃ɲ]
SM man
boca
AR [be{ʃab}]
KU, MU bi; Aweti embe
cabeça
AR [ba]
PT **ʔa; TU apapʔa; MU, KU oʔa; Xipaya taba
cabelo
AR [bab]
PT **ap
canoa
AR [{mũnũ}ʃjob]
MU kobe; TU kype
casa
AR [miʔab]
PT **tˀap (aldeia); SM metap
céu
AR [arumbe]
SM a:tɨpɨ
chicha de patauá
AR [aropetak] (arop-e-tak) ?
TU arop (comida) + toko (massa de chicha)
chorar
AR [{hɔ}wa]
PT **wak; MU wa
coruja 1
AR [fofob]
TU poppopʔa; MK popoβa
coruja 2
AR [{b}arakɐ̃]
SM urukut
costela
AR [kũbɛ]
PTG *kupe (costas)
dedo
AR [piʔa]
PTG *pwã; MU bə
dente
AR [ĩɲ]
PTG *ãj; SM h-ãĩn
doer
AR [{kum}ãdzi]
PT **acɨ
esposa
AR [{i}kunã]
PTG *kujã
esteira
AR [supɛ]
TU siep
fígado
AR [pitã]
PT **pɨʔa; Mekens opita
foɡo
AR [areka]
SM a:ria
folha
AR [{ɡu}rep]
PT **epw; MU dəp
grande
AR [paj]
SU ipoy
homem
AR [baja]
PTG *kwimaʔe
joelho
AR [{k}erebewi]
PTG *enɨpɨʔã
língua
AR [bekiʔat]
PTG *apekũ; TU ʔõpeotʔa (ponta da língua)
macaco(guariba)
AR [piko]
KA pikkõm; SU pɛkoa
madeira
AR [{ᴣa}kupi]
PT **kˀɨpˀɨ
madeira
AR [ib{ɛ}]
KU, MU ʔip
mandioca
AR [jupa]
PTG *apo (raiz)
mel
AR [wɨr{ib}]
PT **ewɨt
milho
AR [{j}apit]
PTG *aβati; TU opap
montanha
AR [betaw]
PTG *atɨt, SM witog
morcego
AR [{mi}ʃep]
SU li:p
nambu
AR [mĩɲɐ̃]
KA misỹ (mutum)
onça
AR [beko]
PT **ameko
orelha
AR [biko]
PT **apɨ
osso
AR [{l}ikaɪ]
PTG *ikaŋwe; TU akanʔa
pama
AR [abi]
TU abiʔa
papagaio
AR [korod]
PT **aworo; PT **arat; PT **karu
pato
AR [{t}upija]
PT **ɨpek; SU i:pejaʔ
pé
AR [piʔat]
PT **pɨ; MK mit (pé dele)
pedra
AR [ija]
SU iʃaʔa
pium
AR [bib]
PT **piʔũ
preto
AR [kup{e}]
MK kõp
rato
AR [motop]
TU patop; Puruborá bado
relâmpago
AR [bereʋi]
SM merepmerepʔe
rio
AR [ade]
PT **ɨcˀɨ; MU idi; KA ese
roçado
AR [{i:}ɡa]
KA, SU ɡa; PT **ŋo (chácara)
sangue
AR [ajed]
TU ej
sol
AR [ɡod]
PT **ŋwatˀ; SU gad
surubi
AR [{ju}pira]
PTG *pira (peixe)
tatu
AR [{k}atu]
PT **tˀa(j)tˀu
veado
AR [tʃip]
PT **ɨcɨ; KU iʤi, MU dapsem
abraços,
Marcelo
Referências:
Alves, Poliana M. (2004). O léxico do Tuparí: proposta de um dicionário bilíngüe. Araraquara: UNESP (Tese de Doutorado)
Bontkes, Willem; Bontkes Carolyn (2009) [1978]. Phonemic Analysis of Surui. Anápolis: Associação Internacional de Linguística.
Braga, Alzerinda de O. (1992). A fonologia segmental e aspectos morfofonológicos da língua Makurap (Tupi). Campinas: UNICAMP (Dissertação de Mestrado)
D'Angelis, Wilmar, da R. (2010). Arara do Rio Branco (MT), tb Arara do Aripuanã - Tentativa de estabelecer algumas raízes, morfemas e relações semânticas. http://www.etnolinguistica.org/data:arara
Landin, David (2005). Dicionário e Léxico Karitiana/Português Cuiabá: Sociedade Internacional de Lingüística.
Meer, Tine van der (1982). Fonologia da Língua Suruí Campinas: UNICAMP (Dissertação de Mestrado)
Mendes Jr., Djalma G. (2007). Comparação fonológica do Kuruáya com o Mundurukú. Brasília: UnB (Dissertação de Mestrado)
Petrucci, Victor A. Línguas Indígenas 2007. http://www.oocities.com/indianlanguages_2000/tupi.htm
Rodrigues, Aryon D. (2007). As consoantes do Proto-Tupí. Em: Rodrigues, Aryon D. & Ana Suelly Arruda Câmara Cabral (orgs.), Línguas e culturas Tupí, 1:167-203. Campinas: Curt Nimuendajú; Brasília: LALI/UnB.
Schleicher, Charles O. (1998). Comparative and internal reconstruction of the Tupi-Guarani language family. Madison: University of Wisconsin (Tese de Doutorado)
Silva, Raynice G. P. da (2005). Estudo fonológico da língua Satere-Mawe. Campinas: UNICAMP (Dissertação de Mestrado)
--- Στις Δευτ., 01/02/10, ο/η Wilmar R. D'Angelis <dangelis at unicamp.br> έγραψε:
Από: Wilmar R. D'Angelis <dangelis at unicamp.br>
Θέμα: [etnolinguistica] Arara Rio Branco (MT) ainda
Προς: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
Ημερομηνία: Δευτέρα, 1 Φεβρουάριος 2010, 14:11
Caros amigos da lista
volto ao tema da língua dos Arara do Rio Branco (Mun. Aripuanã, MT), que
já frequentou essa lista há muito tempo.
Postei hoje, na página da Etnolingüística (no Yahoo grupos) uma pasta
intitulada "Arara do Rio Branco (MT)" contendo 2 arquivos: um pequeno
vocabulário seleto, organizado tematicamente; e um pequeno arquivo com
informações etnográficas e lingüísticas (uma prévia análise fonológica).
Peço, aos que puderem ou se interessarem, uma passada de olhos para ver
se, com os elementos assim organizados, se pode ter alguma luz acerca da
filiação lingüística do Arara do Rio Branco.
Agradeço toda e qualquer pista ou sugestão. O trabalho em questão está
sendo feito a pedido e por interesse dos Arara, tão somente.
Obrigado
Wilmar R. D'Angelis
--
Wilmar R. D'Angelis
Professor Doutor - Depto de Lingüística
Instituto de Estudos da Linguagem - IEL
UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas)
Estado de São Paulo - Brasil
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