a l íngua assoviada dos bororo
julmeyer@ymail.com
jmeyer at MUSEU-GOELDI.BR
Wed Sep 22 17:55:06 UTC 2010
Prezados,
Como indicou Eduardo, em 2008 lancei uma discussão em etnolinguistica sobre as formas assobiadas das línguas do Brasil. Eu estava montando um projeto de documentação, analise e descrição destas formas da fala em duas línguas de Rondônia (depois de um doutorado sobre esse assunto em línguas da Europa o da Asia). Este projeto está em andamento no Museu Goeldi.
A fala assoviada emula a fala normal para dialogar quando o falante está isolado do seu interlocutor (Busnel & Classe 1976). Pode ser por causa da distância, do barulho, mas também uma estratégia de caça para deixar o ataque despercebido. Assoviar a fala é realizar uma redução do sinal acústico, sempre adaptada às regras fonológicas da língua, selecionando índices acústicos salientes da fala normal que são imitados em assovios para o ouvinte. Cada vez que uma nova língua é inserida na comparação entre formas assoviadas do mundo ela revela novas possibilidades de assovio de linguagem e permite precisar a descrição fonológica desta língua.
Na Amazônia é muito comum para os indígenas de usar também assovios para imitar animais durante a caça, usando as vezes onomatopéias. O uso do mesmo tipo de sinal acústico no mesmo contexto da caça pode criar confusão entre os dois fenômenos.
aproveito para sinalar que tera uma palestra sobre o assunto o dia 01/10/2010, sexta-feira, às 15:00. O local sera o auditório do Instituto de Letras na UFPA em Belém. Titulo: 'Formas assoviadas de línguas: presença no Brasil e interesse para linguística'
Abraços,
Julien Meyer
--- Em etnolinguistica at yahoogrupos.com.br, "Eduardo Rivail Ribeiro" <kariri at ...> escreveu
>
> Prezados,
>
> O assunto "fala assobiada" foi levantado antes aqui na lista por Julien Meyer (Universitat Politecnica de Catalunya). Dêem uma olhada na mensagem original dele (e nas respostas que se seguiram):
>
> http://lista.etnolinguistica.org/1330
>
> Eu também estaria interessado em saber mais a respeito deste assunto, principalmente entre os Karajá e os Krahô, também mencionados na literatura.
>
> Algum outro colega que estuda o Karajá já ouviu algo a respeito? E os especialistas em Timbíra?
>
> Abraços,
>
> Eduardo
>
>
> --- Em etnolinguistica at yahoogrupos.com.br, Antonio Marcos Pereira <antoniomarcospereira@> escreveu
> >
> > Tem razão, Geraldo: Everett comenta uma tal de "hum speeech" Pirahã e logo
> > na sequencia fala tb de uma "whistle speech". Isso era a única coisa que eu
> > saberia dizer a respeito da pergunta do Rafael.
> >
> > Agora, difícil pensar em alguém mais persona non grata no MIT que Everett,
> > hein? Só se a disputa for com o pessoal da semântica gerativa. :-)
> >
> > Sorte em seu trabalho, Rafael - lamento não poder contribuir mais.
> >
> > Antonio
> >
> > Em 17 de setembro de 2010 09:12, Geraldo Faria
> > <faria_geraldo@>escreveu:
> >
> > >
> > >
> > > Rafael Nonato,
> > >
> > > Daniel Everett também relata fato idêntico entre os Pirahã. Ele fez PosDoc
> > > aí no MIT, se não me engano, e você ler um pouco mais nas publicações dele,
> > > ou no livro *Don't Sleep, there are snakes *2008 (páginas 185-6, 189)*, *ou
> > > até mesmo entrando em contato com ele.
> > >
> > > Sem mais,
> > > Geraldo
> > >
> > >
> > > ------------------------------
> > > To: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br; nevins.andrew@
> > > From: rafaeln@
> > > Date: Thu, 16 Sep 2010 21:06:23 -0400
> > > Subject: [etnolinguistica] a língua assoviada dos bororo
> > >
> > >
> > >
> > > Olá todos.
> > >
> > > Recentemente um colega me chamou a atenção para um texto escrito em 86
> > > sobre a língua assobiada dos caçadores Bororo e Karajá
> > > <http://www.ssa-sag.ch/bssa/pdf/bssa50_04.pdf>. Eu trabalho faz alguns
> > > anos com os Bororo da aldeia Córrego Grande, mas nunca ouvi falar da
> > > sua língua assoviada fora desse texto. Meu principal consultor, Dario
> > > Brame, afirma que no passado os caçadores empregavam uma linguagem
> > > assoviada, mas descreveu-a de forma diferente à descrita no texto de
> > > Desidério Aytai. Aytai descreve uma correspondência entre / segmentos
> > > falados e assoviados, e segundo Brame tratava-se apenas de usar certos
> > > cantos de pássaros como mensagens pré-combinadas entre os caçadores. É
> > > verdade que Aytai também notou que a altura das vogais assobiadas
> > > correspondia mais bem a uma melodia fixa que a um correlato
> > > lingüístico qualquer, e pode bem ser que ambos estejam corretos, e que
> > > as mensagens assobiadas fossem disfarçadas melodicamente como cantos
> > > de pássaros.
> > >
> > > Aytai diz no texto que possuía gravações da língua assoviada dos
> > > Bororo, que ele tinha conseguido direto com o padre salesiano César
> > > Albisetti. Será que alguém na lista saberia sobre o possível destino
> > > dessas gravações? Aytai faleceu em 98, e talvez os Salesianos ainda
> > > guardem essas gravações, mas eu não saberia a quem me dirigir.
> > >
> > > abraços
> > >
> > > --
> > > Rafael Nonato
> > > Aluno de doutorado do Departamento de Lingüística do MIT
> > >
> > >
> > >
> >
> >
> >
> > --
> > Antonio Marcos Pereira
> > Prof Adjunto I
> > Departamento de Letras Vernáculas
> > Universidade Federal da Bahia
> > Av. Barão de Jeremoabo, 147 - Ondina
> > Salvador Bahia Brasil
> > 40170-290
> > 00 55 71 32836237 begin_of_the_skype_highlighting 00 55 71 32836237 end_of_the_skype_highlighting
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