Policarpo Quaresma
Eduardo de Almeida Navarro
edalnava at YAHOO.COM.BR
Wed Feb 22 14:58:14 UTC 2012
Senhor Sérgio Cardoso Morales,
Eu não sei quem é o senhor. Só sei que é uma figura obscura e desconhecida, de alguma universidade sem importância.
Está no prelo (Editora Global de São Paulo) o meu "Dicionário de Tupi Antigo", prefaciado pelo maior escritor brasileiro vivo, que é Ariano Suassuna. Tal prefácio foi publicado na "Folha de São Paulo", o maior jornal do Brasil. Veja o que ele diz sobre Policarpo Quaresma, com quem o senhor me comparou:
(...) "Faço essa introdução pessoal e arbitrária para me referir a Eduardo Navarro, cujo excelente trabalho de artista e filólogo de certa maneira reúne aquelas duas vertentes da cultura brasileira a que me referi, das quais normalmente uma é esquecida. (...)
Eduardo Navarro costuma falar na “beleza e musicalidade” do nosso “grego da terra” e da “língua-geral”, uma das causas do infortúnio que acabou por aniquilar o imortal personagem de Lima Barreto, Policarpo Quaresma. Defendendo a cultura brasileira, às vezes zombo de mim mesmo, sentindo-me como um descendente de Quaresma, um Quaresma contemporâneo, mas tão extraviado e inoportuno quanto o primeiro.
Mas recobro o ânimo e sigo adiante. O que importa é teimar na luta, anunciando que agora Eduardo Navarro publica um Dicionário de Tupi Antigo, que vai prestar mais um valioso serviço aos que se interessam pelo povo do Brasil real e desejam vê-lo liberto das cadeias com as quais, desde 1500, o país oficial o vem subjugando e sufocando."
Em quem acreditar? Em Ariano Suassuna, indicado para o prêmio Nobel de 2011, ou no prof. Sérgio, um anônimo?
Em vez de dizer que eu fico a "brincar de Policarpo Quaresma", por que o senhor não se aventura a fazer a réplica às minhas críticas ao livro de Aline Cruz? O senhor tem nível intelectual suficiente para contradizer o que eu escrevi? Por que não o faz, então? Eu sou um homem de ideias, não trato de questões no nível em que o senhor gosta de tratá-las... Eu quero argumentos, não vitupérios. Gostaria de ver a altura de suas ideias, não a sua capacidade de xingar...
No dia em que V.Sa. tiver um livro digno de um prefácio de alguém da magnitude de Ariano Suassuna (e tenho certeza de que nunca o terá), então venha dizer-me que eu estou a brincar. Nesse dia, terá autoridade intelectual para isso...
Atenciosamente,
Prof. Eduardo de Almeida Navarro (USP)
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De: Sergio Morales <sergiocardosomorales at yahoo.com>
Para: "etnolinguistica at yahoogrupos.com.br" <etnolinguistica at yahoogrupos.com.br>
Enviadas: Terça-feira, 21 de Fevereiro de 2012 17:31
Assunto: Re: [etnolinguistica] falta de maturidade
É. Parece que trabalho de fôlego é brincar de Policarpo Quaresma.
Sergio Cardoso Morales
________________________________
De: Eduardo de Almeida Navarro <edalnava at yahoo.com.br>
Para: "liriamon at yahoo.com.br" <liriamon at yahoo.com.br>; "etnolinguistica at yahoogrupos.com.br" <etnolinguistica at yahoogrupos.com.br>
Enviadas: Terça-feira, 21 de Fevereiro de 2012 14:13
Assunto: [etnolinguistica] falta de maturidade
"Me poupem", “a frase é reles, clichê perfeito, chavão repetido mil vezes" (Graciliano Ramos). O Sr. Bagno está fazendo discípulos em todo o Brasil. Em português culto dir-se-ia "poupem-me".
Não me arguam de deselegante. Deselegância, na verdade, é escrever mal assim...
Eduardo de Almeida Navarro
----- Mensagem original -----
De: Lirian Monteiro <liriamon at yahoo.com.br>
Para: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
Cc:
Enviadas: Terça-feira, 21 de Fevereiro de 2012 12:43
Assunto: Re: [etnolinguistica] comentário à crítica da Profa. Maria Carlota Rosa à recensão do livro de Aline Cruz
Que algumas instituições acadêmicas e muitos acadêmicos são medianos hoje em dia é algo que não é tão difícil de se perceber, mas falar do trabalho de uma pesquisadora da forma como está sendo veículado por email é no mínimo deselegante. O que falta mesmo, e aliás não somente nos meios acadêmicos, é maturidade.
Me poupem.
Lirian
--- Em seg, 20/2/12, Eduardo de Almeida Navarro <edalnava at yahoo.com.br> escreveu:
De: Eduardo de Almeida Navarro <edalnava at yahoo.com.br>
Assunto:
[etnolinguistica] comentário à crítica da Profa. Maria Carlota Rosa à recensão do livro de Aline Cruz
Para: "etnolinguistica at yahoogrupos.com.br" <etnolinguistica at yahoogrupos.com.br>
Data: Segunda-feira, 20 de Fevereiro de 2012, 21:24
Prezada professora Carlota,
O livro de Aline Cruz não é ótimo, não. O mal da universidade hodierna é que muitos se contentam com a mediania e mediania no meio acadêmico não merece louvor. Aline Cruz foi paga com dinheiro público para estudar na Europa e, portanto, não praticou nenhuma ação meritória ao escrever uma tese, e tese cheia de erros, como eu mostrei com fatos. Com efeito, idealismo é o que menos se vê na universidade de hoje, onde não se dá um passo sequer sem financiamentos, bolsas etc. Produtivismo, desinteresse pelo ensino, carreirismo, avidez por cargos burocráticos e verbas, corporativismo, essa é a universidade brasileira e a de muitos países atualmente.
O grande problema dessas análises estruturalistas que pululam nas academias (nome honroso para uma realidade tão medíocre...) é que aderem a uma retórica da análise e da descrição em completo menoscabo da normatividade. Despreza-se o estudo dos textos escritos e encarece-se a importância de trabalhos de campo para o conhecimento das línguas vivas. Efetivamente, gramáticas sincrônicas importam aos especialistas, à ciência pura, mas o interesse social delas é, amiúde, muito pequeno. Elas são feitas mais para esses autores arranjarem emprego que para darem uma efetiva contribuição à sociedade. Com efeito, vários caboclos do Rio Negro relataram-me o descaso que os
pesquisadores de campo têm para com eles. Depois de escritas suas teses, nada retorna em benefício dos falantes das línguas que aqueles pesquisam.
Se a autora do livro quer fazer Filologia (o que ela chama de "incursões diacrônicas"), então que se prepare adequadamente para isso. Com efeito, o pouco prestígio de que goza a Filologia entre os que se deixam fascinar por modismos explica-se pelo muito trabalho necessário a quem se dedica àquela: domínio de línguas clássicas, estudo diuturno dos seus textos etc. Os tempos de hoje são infensos a isso... Tempos de coisas rápidas, de muita informação, muito conhecimento de INTERNET, pouca profundidade e nenhuma erudição. Ser estruturalista é muito mais fácil e mais rápido que ser filólogo. É como dizia Dante : “In picciol tempo, gran dottor si feo” (“Em pouco tempo fez-se grande doutor.”). Nem mesmo a norma culta do
português é ainda respeitada nos textos especializados das Letras e da Linguística e o livro de Cruz é um bom exemplo disso...
A senhora pode sentir alegria em ver a autora "tornar-se uma pesquisadora com um trabalho dessa envergadura". Trabalho de envergadura, na verdade, é outra coisa. Elogios fáceis como os que a senhora teceu só reforçam o espírito corporativista numa instituição dominada pelo tecnicismo e pela desumanização crescente do conhecimento.
Atenciosamente,Eduardo de Almeida Navarro (USP)
----- Mensagem original -----
De: "carlota at ufrj.br" <carlota at ufrj.br>
Para: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
Cc:
Enviadas: Domingo, 19 de Fevereiro de 2012 22:53
Assunto: [etnolinguistica] Livro de Aline Cruz sobre o Nheengatu
Prezado Professor:
Sua resenha ficou a nos dever a exploração dos aspectos que refere no parágrafo inicial:
que o trabalho é "contributo inegável a um campo de estudos onde são escassas as pesquisas";
que, "no que tange à fonologia, é certamente o estudo mais alentado que há sobre o Nheengatu"
Estou com o trabalho em mãos e concordo com o Sr.: é um trabalho de fôlego ( que se propõe a uma descrição da "variedade
moderna"). E certamente se torna de citação obrigatória a partir de agora.
Adiciono um comentário: é com grande alegria que vejo que a menina que conheci num Encontro de Linguística ainda aluna
de IC tenha-se
tornado uma pesquisadora com um trabalho dessa envergadura, fazendo linguística de campo.
At.
Maria Carlota Rosa
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