[etnolinguistica] Resumo: Sumar ã 'inimigo' em Kariri e Tupinamb á

Eduardo Rivail Ribeiro erribeir at MIDWAY.UCHICAGO.EDU
Sun Mar 28 05:06:10 UTC 2004


Caros colegas,

Há algumas semanas, enviei à lista uma mensagem a respeito da provável origem da palavra sumarã 'inimigo', que ocorre em Kariri (tronco Macro-Jê) e Tupinambá (família Tupi-Guarani, tronco Tupi). Considerando-se o grande número de empréstimos Tupinambá existentes em Kariri, não seria surpreendente se esta palavra fosse de origem Tupinambá. O interessante, no entanto, é que sumarã é morfologicamente analisável em Kariri (s-u-marã [3-POSS-inimigo]), mas não em Tupinambá, o que sugere que sua origem teria sido, enfim, o Kariri.

Minha pergunta era, então, se tal palavra ocorreria em diversas línguas da família Tupi-Guarani (sendo talvez reconstruível para a proto-língua), ou se seria restrita ao Tupinambá (o que reforçaria a idéia de uma origem Kariri).  Agradeço muito aos colegas Pedro Viegas Barros e Wolf Dietrich, que responderam gentilmente a minha mensagem, fornecendo informações bastante úteis.

Pedro Viegas menciona exemplos muito interessantes demonstrando a grande extensão geográfica de etnônimos de origem Tupi (para 'homem branco' e 'homem negro') nas regiões meridionais da América do Sul. Como ele demonstra em sua mensagem, tais empréstimo teriam chegado, através de difusão lexical, a territórios tão distantes quanto o Estreito de Magalhães.

Wolf Dietrich, em mensagem que reproduzo abaixo (com sua devida autorização), confirma minhas suspeitas com relação à origem de sumarã.  Segundo ele, "a palavra não existe em outras línguas Tupi-Guarani" além do Tupinambá; portanto, "a única hipótese aceitável é que é de origem Karirí no Tupinambá, não vice-versa."

Abraços,

Eduardo

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Prezado Professor Rivail,
finalmente posso dar-lhe uma resposta com respeito ao sustantivo "sumarâ", depois de minha conversas com Aryon Rodrigues: A palavra nâo existe em outras línguas Tupi-Guarani senao no Tupinambá. Nâo se deixa analizar em Tupinambá, mas sim em Karirí. Por isto, a única hipótese aceitável é que é de origem Karirí no Tupinambá, nâo vice-versa. O contato estreito entre ambas línguas permete aceitar esta hipótese como históricamente possível. É verdade que nâo sabemos nada com certeza absoluta neste caso.
Um abrac,o,

Wolf Dietrich




Eduardo Rivail Ribeiro
Museu Antropológico, Universidade Federal de Goiás
Department of Linguistics, University of Chicago
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"[...] genetic prehistory is not the only kind of linguistic prehistory.  In terms of the overall prehistory of unwritten languages it is as rewarding to uncover evidence of earlier contact as it is to find evidence of genetic relationship."
(Mary Haas, The Prehistory of Languages)






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