[etnolinguistica] Convite para palestra na UNICAMP (IEL): Músicas dos Povos Timbira. Breve introdução ao tema.

[Monica Veloso Borges]

Prezados membros do grupo 'Etnolingüística',

A pedido da colega Flávia Alves, repasso o convite abaixo.
Atenciosamente,
Mônica Veloso Borges





Palestra: MÚSICAS DOS POVOS TIMBIRA: BREVE INTRODUÇÃO AO TEMA


 Profa. Dra. Kilza Setti



Local: Sala dos Colegiados do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), UNICAMP

Data e horário: 05/11/2004 (sexta-feira), às 14:30h


Descrição:

Entre os habitantes do cerrado brasileiro incluem-se os povos Timbira,
distribuídos entre sete grupos, falantes da mesma língua da família
lingüística do grupo Jê, tronco Macro-Jê e que ocupam regiões do Maranhão,
Tocantins e sul do Pará, em áreas descontínuas e vizinhas a fazendas e
pequenos povoados. Apesar das perdas culturais resultantes dos mais de 150
anos de contato, continuam mantendo seu idioma e sistema musical vivos,
atuantes e indispensáveis à realização dos ritos. Os Timbira vivem o ano
inteiro em ambiente ritual, o que lhes garante a manutenção de constante
atividade musical.

Ainda que se reconheça a música Timbira ou sistema musical Timbira com
visível vigor e identidade próprios, é preciso considerar que há sutis
nuanças dialetais entre as cantigas dos vários grupos. Estas diferenças de
grupo para grupo, entretanto, não enfraquecem, ao contrário, fortalecem e
reafirmam a extraordinária unidade desse povo, que abrange os Krahô,
Krinkatí, Gavião-Pykobjê, Gavião-Parkatejê, Canela-Apãniekrá,
Canela-Ramkokamekrá e Apinajé.

Essencialmente cantores, a prática vocal entre os Timbira desenvolve-se
num continuum que se estende pelas noites e madrugadas, como um celeiro
onde se conserva e se reproduz um rico repertório de cantigas
associadas aos ritos.

Com esta palestra ilustrada, procura-se apresentar um breve panorama da
atividade musical dos índios Timbira. Um primeiro contato iniciado em
pesquisa numa aldeia Krahô do Tocantins em 1994, estendeu-se em convívio
intensificado por projetos de educação criados desde 1995 pelo Centro de
Trabalho Indigenista/CTI, para formação e capacitação de professores
indígenas, em que a Música foi incluída como disciplina na grade
curricular. Nesses 10 anos foram desenvolvidos vários programas didáticos,
entre outros, apreciação musical, análise das cantigas Timbira e criação
de um Arquivo Musical Timbira, de responsabilidade dos próprios
professores, encarregados do registro, identificação e intercâmbio dos
repertórios entre todas as aldeias.

O Projeto Arquivo Musical Timbira, inscrito em 2002 no Programa Petrobrás
Música e contemplado no mesmo ano, teve seu ponto alto num grande e
inesquecível evento que marcou o êxito dos trabalhos: O 1° Encontro de
Cantadores Timbira em fevereiro de 2004, realizado no Centro de Ensino e
Pesquisa Pënxw`yj Hëmpejx`y, em Carolina, Maranhão. Esse encontro
possibilitou momentos de muita beleza, já que reuniu mais de cem
cantadores e mulheres encarregadas dos corais hõcrepöj, além da presença
de velhos e importantes cantadores de aldeias Timbira do Maranhão e
Tocantins. O farto material coletado em registro digital nutrirá o Arquivo
Musical e cumprirá um dos objetivos do projeto, que é a elaboração de um
CD duplo das músicas rituais Timbira, com patrocínio da Petrobrás, a ser
lançado provavelmente até início de dezembro.

Fases dos trabalhos de coleta, identificação e arquivo dos documentos
musicais registrados em cassetes pelos professores/pesquisadores
indígenas, e fragmentos dessas músicas serão mostrados e comentados como
ilustração à palestra que aqui se anuncia.

Kilza Setti
São Paulo, outubro de 2004




Mônica Veloso Borges
Universidade Federal de Goiás
Faculdade de Letras/ Museu Antropológico
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