Kuré 'porco' em Tupí-Guaraní

Wolf Dietrich dietriw at UNI-MUENSTER.DE
Sat Aug 23 08:48:09 UTC 2008


Prezado Eduardo,

As minhas consultas produziram o seguinte resultado, provisório até agora:
A palavra "kuré" no sentido de 'porco' tem uma distribuicao muito restrita.
Existe só no Guaraní paraguaio moderno e no Mbyá. Nao figura ainda nos
dicionários de Montoya (1640) e Restivo (1687 e 1722). O primeiro testemunho
de kuré 'porco' encontra-se no "Diccionario gramatical Guaraní-Espanhol" de
Florêncio Vera, Asunción 1903.
O que se encontra, porém, em todos os dicionários de Montoya, os dicionários
do Tupinambá até as línguas Tupí-Guaraní modernas é a raiz "kurer" 'migalhas,
pedacinhos, resto, sobra'. Montoya diz "Lo gruesso que queda después de aver
cernido la harina". A explicacao semântica poderia ser que o porco é aquele
animal doméstico que come os restos, especialmente os que sobram depois da
trituracao do graos. No Tupinambá temos "coréra" 'aparas de qualquer cousa,
argueiro, farello, farellagem, prgama, rebotalho, restos', na Língua Geral
Amazônica (Tatevin, 1910) "kurera" 'restes, miettes, rebut, marc, bagasse', no
Asuriní do Tocantins (Cabral-Rodrigues 2003), "korét, i-koréra" 'resto,
sobra', no Wayampi (Grenand 1989) "kule" 'morceau, restes', no Guarayo
(Hoeller 1932) "curér" 'triturado', Chiriguano (Dicionário Hable Guaraní,
1996) "kure" 'chala, afrecho, frangollo menudo, granulada'.

Um abrac,o,

Wolf Dietrich
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