N úmerais em Macro-Jê

Eduardo Rivail Ribeiro kariri at GMAIL.COM
Sun Dec 6 15:29:24 UTC 2009


Desculpem. Na minha última mensagem, faltou mencionar, nas referências, a tese de Ludoviko dos Santos (1997), de onde provêm os exemplos Suyá que menciono:

Santos, Ludoviko C. dos. 1997. Descrição de aspectos morfossintáticos da língua Suyá/Kisêdjê (Jê). , Universidade Federal de Santa Catarina.


--- Em etnolinguistica at yahoogrupos.com.br, "Eduardo Rivail Ribeiro" <kariri at ...> escreveu
>
> Prezados,
> 
> Algumas pequenas observações que talvez venham a ser úteis:
> 
> 1. Davis (1966), em sua reconstrução do Proto-Jê, mistura três palavras que provavelmente não são cognatas. A forma Jê Central (Xavante miNtsi), com vogal e consoante nasais, é certamente não cognata. As formas com vogal central alta nas línguas Jê do Norte, mencionadas pelo Francisco, o Lucivaldo e a Luciana, certamente não são cognatas das formas Jê Meridionais (Kaingáng pir, Xokléng pil). É que há duas palavras semelhantes, uma significando "um" (por exemplo, Suyá wyti), a outra "só, somente" (Suyá wit). Esta última, que encontra cognatos em Jê do Norte e do Sul, eu reconstruo como *pit para o Proto-Jê (Suyá wit, Kaingáng pir, etc.).
> 
> 1. Vale lembrar que a palavra para "um" em Djeoromitxí (família Jabutí, Rondônia), uici (Pires 1992:66), é um possível cognato de formas encontradas em outras famílias do tronco. Em nosso estudo comparativo (Ribeiro & van der Voort, no prelo), a deixamos de fora porque a consoante inicial não batia inicialmente com as correspondências, mas a semelhança é notável.
> 
> 2. Léia, ao mencionar sua análise para o Rikbáktsa, tocou em um assunto importante. É comum falar-se de "numerais" em estudos sobre línguas Macro-Jê, mas em geral não se encontram justificativas gramaticais para se postular a existência de numerais como uma classe de palavras à parte. Afinal, pode ser que (a) não haja numerais (como na análise da Léia) ou (b) correspondendo a numerais em outras línguas, haja uma mistura de palavras pertencentes a diferentes classes de palavras (alguns sendo nomes, outros verbos, etc.). Em Karajá, "palavras numéricas" simples (de um a cinco) tendem a se comportar como "descritivos" (que eu analiso como sendo nomes); mas o que dizer de construções mais complexas? Números mais altos são expressos por verdadeiras sentenças (com verbos como "atravessar, passar para", em Karajá, ou "pegar" em Kipeá).
> 
> Só isso, por enquanto.
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> Abraços,
> 
> Eduardo
> 
> Referências:
> 
> Davis, Irvine. 1966. Comparative Jê phonology. Estudos Lingüísticos: Revista Brasileira de Lingüística Teórica e Aplicada, vol. 1, n. 2, p. 10-24. http://biblio.etnolinguistica.org/davis-1966-comparative
> 
> Pires, Nádia Nascimento. 1992. Estudo da gramática da língua Jeoromitxi (Jabuti). Mestrado, Unicamp. http://www.etnolinguistica.org/tese:pires-1992
> 
> Ribeiro, Eduardo R. & Hein van der Voort. No prelo. Nimuendaju was right: the inclusion of the Jabutí language family in the Macro-Jê stock. International Journal of American Linguistics (special volume on historical linguistics in South America, edited by Spike Gildea and Ana Vilacy Galucio). http://www.wado.us/paper:jebuti
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> 
> --- Em etnolinguistica at yahoogrupos.com.br, "borges.carioca" <borges.carioca@> escreveu
> >
> > Caros colegas da lista, 
> > 
> > em uma comparação dos numerais Macro-Jê, o número 'um' parece ser cognato na maioria das línguas desse tronco. Porém achei para o numeral 'um' as seguintes paavras: em Rikbatsa 'estuba' e Karaja 'sohoji', que são bem diferentes das demais.
> > 
> > Penso que poderia ser um caso de empréstimo de outra língua, gostaria de perguntar se algum dos colegas reconhecem essas formas em outras línguas indígenas que não possuem parentesco com as línguas Macro-Jê, pois isso poderia nos dizer alguma coisa a respeito do contato entre esses povos.
> > 
> > Grato,
> > 
> > Davi B. Albuquerque.
> >
>


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