[etnol inguistica ] O Tup í n osso de ca da dia

Victor Petrucci vicpetru at HOTMAIL.COM
Thu May 14 23:53:47 UTC 2009


Eduardo e demais colegas da lista

Há já muitos anos escrevi um texto hipotético para mostrar a um jovem quantas palavras de origem tupi podemos usar no dia-dia. Vai como exemplo e se alguém se animar podemos ir acrescentando e construindo um texto coletivo.

Depois de uma cambota Moacir, um menino sapeca de cabelo pichaim, pegou a cuia com um tiquinho de café. Em seguida, foi jogar peteca. Quando o dia já ia para a cucuia cutucou a folhagem para ver se havia algo na arapuca, sobre esta uma peluda taturana; ao lado saltou uma perereca. A arapuca pendia de uma taquara. Havia caído na armadilha uma juriti. Desejava, um dia, pegar um tucano ou quem sabe um socó, um mutum ou uma arara. Na capoeira um bando de caititus chafurdava a terra. De longe sua tia, uma velha coroca e cheia de nhenhenhens, chamava para o banho no rio. Foi correndo e socando o pé cheio de perebas na tabatinga molhada. Ao passar na encruzilhada arrepiou-se pensando no saci pererê, no boi tatá e no caipora. Ainda por cima tinha que passar por uma tapera que todos juravam ser assombrada. O céu mais escuro anunciava um toró para breve. Tupã devia estar bravo.

Chegando em casa sentiu o cheiro gostoso das frutas pegadas no capão de mato. Havia caju, araticum, banana pacová e araçá, todas sobre um jacá raso. Do curral vinha uma catinga de estrume fresco e da casa ao longe vinha o som alegre de uma batucada onde uma maraca marcava o ritmo. Ao pé da porta estava Jaguar, seu cão jururu. A tia havia preparado bucho para o jantar, contudo, ele pediu mingau com mel de jatai e pipoca doce.

Moacir estava por conta da tia. Seu pai Guaraci e sua mãe Moema estavam de viagem num igapó distante. Comendo rápido quem sabe daria tempo para pescar um piau, um pacu, um cará ou uma piquira qualquer. Foi para a beira do igarapé. Subiu na ubá ancorada. Agora era só ficar de tocáia. Nessa época de piracema pescar era uma facilidade. Um curimbatá mordeu a isca. Ao lado um teiú passou correndo e ainda deu para ver um tatu entrando em sua toca. Eta bichinho danado corre mais que tamanduá, pensou ele. Moacir não via a hora de levar o peixe para sua irmã Jaci sapecar. Ela adorava peixe com pirão de içá e biju de mandioca. Esse seria o almoço do dia seguinte. Para a semana haviam guardado carne moqueada que ainda curava em um jirau, o mesmo que era usado para quarar a roupa.

Quem sabe alguns termos não sejam exatamente tupi.

Abraços


Victor A. Petrucci
Campinas - Brasil
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To: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
From: kariri at gmail.com
Date: Thu, 14 May 2009 05:06:37 +0000
Subject: [etnolinguistica] O Tupí nosso de cada dia




















    
            
            


      
      Prezados,



Recentemente, eu e o colega Emerson José Silveira da Costa (que mantém, entre outras iniciativas, o site http://tupi.wikispaces.com/) demos início a um projeto de compilação do vocabulário de origem Tupí que ocorre no nosso português do dia-a-dia. A participação é aberta a todos os interessados. O endereço é o seguinte:



http://www.etnolinguistica.org/tupi



Usuários do Twitter podem se manter informados acerca de novos verbetes acompanhando-nos no seguinte endereço:



http://twitter.com/abanheenga



Cada verbete deverá incluir informações etimológicas, indicação de fontes bibliográficas e exemplos concretos de uso (não apenas literários ou da mídia, mas também exemplos pessoais fornecidos pelos usuários e membros do projeto), com a devida indicação de sua distribuição geográfica. A exemplo dos demais recursos disponíveis em Etnolinguistica.Org, cada verbete pode ser comentado por qualquer um que se cadastre no site.



Um dos objetivos principais é fornecer, ao público geral, uma fonte confiável (e interativa) sobre a presença da herança cultural indígena no cotidano do brasileiro. Além disso, o projeto pode vir a ter resultados científicos igualmente relevantes, contribuindo para esclarecer a distribuição geográfica dos vocábulos de origem Tupí, detectar diferenças regionais em pronúncia e escopo semântico, etc.



Esperamos poder contar com a participação de todos os interessados!



Atenciosamente,



Eduardo





 

      

    
    
	
	
	
	


	


	
	
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