[etnolinguistica] Re: Algumas notas sobre prefixos relacionais

Andres P Salanova kaitire at MIT.EDU
Tue Feb 4 03:30:26 UTC 2003


Alo Eduardo
Muito obrigado pelos seus esclarecimentos. Porem, ainda devo perguntar,
o "relacional verdadeiro", o que tem de especial? Se e so o fato
de que ha uma alternancia entre duas consoantes distintas no lugar de uma
aferese, entao por que nao dar um passo a mais na analise que enriquece a
morfologia, e dizer que no lugar da aferese ha alguma manipulac,ao
sub-segmental, ou algo parecido? E o que e necessario dizer mesmo em
Mebengokre, no caso de uma-pyma, une-pyne, etc., pois a labialidade da
consoante permanece mesmo apos a aferese.
Entendo que essa consoante inicial possa ser o vestigio de um
aplicativizador nominal; mas na medida em que ha uma alternancia entre sua
forma quando o possuidor ou objeto direto e "contiguo" ou nao, ha mais
envolvido do que marcac,ao de posse alienavel. A nao ser que a proposta de
analise seja (2) abaixo.
Por outro lado, o /z/ de Davis pode ser qualquer coisa. Se ele so aparece
nos ambientes #_V e V_V, ele pode ser tambem um segmento epentetico para
quebrar hiatos, etc. Nao e raro que estes segmentos sejam consoantes
coronais, e a palatalizac,ao de coronais tambem nao e um fenomeno pouco
comum. Portanto acho que a distancia entre a aferese do Mebengokre e a
alternancia consonantal do Panara e de outras linguas nao e tao grande.

Voltando aos "relacionais" no sentido mais amplo, uma afirmac,ao do tipo
"o morfema X indica contiguidade do complemento e o nucleo" pra mim so tem
tres traduc,oes possiveis: (1) X nao e um morfema, senao um fenomeno
fonologico que ocorre em determinada fronteira, e nao em outras (tipo
liaison), ou (2) e um morfema que altera a valencia do verbo, talvez como
os marcadores de voz das linguas austronesias (e neste caso nao se
trataria da "contiguidade" do argumento, senao da sua posic,ao
estrutural), ou (3) ele e pura e simplesmente flexao de pessoa. Se
interpreto bem sua proposta, os "relacionais verdadeiros" sao (2), e os
falsos relacionais sao (3), e ambos estariam relacionados diacronicamente.
Acho que e uma hipotese sumamente interessante, mas nao confiaria a priori
nisto como diagnostico para estabelecer parentesco, ja que relac,oes entre
flexao de pessoa e afixos de mudanc,a de valencia existem em linguas nao
aparentadas (o antipassivo em certas linguas Maias talvez seja um exemplo
disto). O que e curioso e a morfologia nao-concatenativa como meio de
expressar estas duas relac,oes, se e que a ha nos casos que sao
claramente (2).

Bem, nao conhec,o muito da literatura sobre relacionais, portanto posso
estar passando por alto algum fato que realmente os torna unicos e
distintos das possibilidades que considerei acima. Se assim for, eu
ficaria muito contente de conhecer os dados relevantes.

Eduardo, sinta-se a vontade para incluir qualquer artigo meu na biblioteca
virtual da lista, ou de incluir o vinculo a minha pagina:
http://mit.edu/kaitire/www/Docs/

Saudac,oes a todos,
		Andres

Andres Pablo Salanova
http://mit.edu/kaitire/www











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