[etnolinguistica] =?x-user-defined?Q?Sugest=F5es_de_leitura?=
Eduardo Rivail Ribeiro
erribeir at MIDWAY.UCHICAGO.EDU
Fri Feb 7 18:28:09 UTC 2003
Prezados colegas,
Àqueles de vocês que se interessam pela questão da classificação das línguas indígenas sul-americanas e que conheçam português, eu tomaria a liberdade de sugerir a leitura de dois artigos que escrevi recentemente sobre as línguas Macro-Jê e que arquivei na página do grupo. Quaisquer críticas e comentários baseados na leitura dos artigos serão muito bem-vindos. Um deles, escrito originalmente como exame de 'minor field' na Universidade de Chicago, sugere a possibilidade de que certos morfemas, tradicionalmente chamados 'prefixos relacionais', podem ser reconstruídos para o Proto-Jê (e, muito provavelmente, também para o Proto-Macro-Jê). Apesar de ter sido um estudo de caráter preliminar e escrito às pressas (exames são escritos ao longo de um final de semana e as perguntas, naturalmente, não são conhecidas de antemão), pareceu ser suficientemente convincente para aqueles que o avaliaram -- lingüistas que, presumo, conhecem bem lingüística em geral e o método comparativo, em particular. A versão disponível na página do grupo é, infelizmente, bastante sucinta, já que foi escrita para publicação nos anais do II Encontro Macro-Jê. Portanto, o artigo se limita a apontar evidências, cabendo àqueles lingüistas interessados a tarefa de consultar as fontes originais. Mas, como dizemos no Brasil, "ao bom entendedor, meia palavra basta". O 'link' para o artigo é o seguinte:
http://br.groups.yahoo.com/group/etnolinguistica/files/Textos/Eduardo_Rivail_Ribeiro/Relacionais_em_Je_e_Karaja_preliminar.PDF
No que diz respeito ao Jê, em particular, talvez a principal contribuição do artigo seja o fato de demonstrar que prefixos relacionais claramente existem em Jê Meridional. As poucas evidências fornecidas por Aryon Rodrigues, a respeito do Kaingáng, são plenamente corroboradas por dados do Xokléng, descrito por Jules Henry. Como em Mundurukú, descrito por Dioney Gomes, poucas raízes em Kaingáng preservam prefixos relacionais sincronicamente segmentáveis. No caso do Mundurukú, para aqueles que não acompanharam as mensagens de Dioney para esta lista, apenas raízes como 'casa' e 'flecha' fornecem evidências para a existência dos relacionais como prefixos. Algo semelhante se dá em Kaingáng, onde tanto o prefixo relacional, quanto o marcador de terceira pessoa, acabaram sendo reanalisados como parte da raiz na maioria do léxico. Como em Mundurukú, as poucas palavras que preservaram resquícios do prefixo relacional são nomes alienáveis. Mas em Xokléng, língua estreitamente aparentada ao Kaingáng, a alternância envolvendo prefixos relacionais ainda tem um caráter produtivo, com verbos, posposições e 'descritivos'. As correspondências fonológicas (e morfológicas) comprovam que prefixos relacionais devem ter existido em Proto-Jê-Meridional, tendo se perdido quase que completamente em Kaingáng. Se a existência da raiz 'nua' (sem afixo algum) é a única prova irrefutável da existência dos relacionais como prefixos, estas evidências são fornecidas pelo Jê Meridional.
O outro artigo trata do 'marcador de posse alienável', um morfema (descrito inicialmente por Aryon Rodrigues) que encontra prováveis cognatos em várias línguas Macro-Jê, fornecendo evidências adicionais para sua existência (e produtividade) em Kariri. O artigo descreve ainda a existência de um outro morfema de funções semelhantes em algumas línguas Jê, que encontra provável cognato também em Tupí. O interessante é que trabalho de campo posteriormente realizado entre os Ofayé comprova a existência de um provável cognato deste morfema também nessa língua, que constitui uma família à parte dentro do tronco Macro-Jê. O 'link' para este artigo é o seguinte:
http://br.groups.yahoo.com/group/etnolinguistica/files/Textos/Eduardo_Rivail_Ribeiro/O_marcador_de_posse_alienavel_em_Kariri.PDF
Agradeço desde já por quaisquer comentários e críticas sobre os artigos.
Abraços,
Eduardo
Eduardo Rivail Ribeiro
Department of Linguistics (University of Chicago)
Museu Antropológico (Universidade Federal de Goiás)
http://br.groups.yahoo.com/group/etnolinguistica
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