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Andres P Salanova kaitire at MIT.EDU
Wed Jan 29 18:54:30 UTC 2003


Alo Eduardo
	Achei muito interessante a conexao que voce propoe entre o
reflexivo e o "aplicativizador" -nhi-, especialmente se voce tem
argumentos em favor de dizer que "o 'possuidor' com o morfema õ é, de
fato, possuidor do nome de significado específico." Voce proporia portanto
que "meu-nho cachorro" seria algo assim como myself's dog? Isto calharia
bem com a proposta, mas resulta um pouco contraintuitivo que para possuir
um objeto alienavel seja o possuidor que tenha que se alienar de si mesmo,
e nao o objeto ser relacionado ao possuidor mediante um "classificador"
possuivel, ou algo assim (meu instrumento arco, ou meu bicho-de-estimac,ao
cachorro, como em algumas linguas Yutonahuas), certo?
	Do ponto de vista do Mebengokre em si, nao acho que
"possuidor+nho" seja por sua vez um possuidor, pois nesse caso se
esperaria encontrar "prefixos relacionais" no nome possuido, o que nao
acontece.
	Am Apinaye (?) e Timbira, o reflexivo e "amnhi-", o que e bastante
plausivel como uma forma mais conservadora. Suponhamos portanto que amnhi
(reflexivo) = am (?) + nhi (aplicativo). Apesar da semelhanc,a fonetica, a
func,ao de "nhi-" e de fato oposta a do reflexivo, pois o ultimo satura um
argumento, enquanto que o primeiro introduz. Isto e claro em Mebengokre,
pois (1) nao ha quaisquer restic,oes de coocorrencia entre o reflexivo e o
prefixo "nhi-" de certos verbos, alem de que o "-i-" do reflexivo nao
ocorre com as pessoas nao reflexivas; (2) o mesmo reflexivo ocorre com
posposic,oes (que sao inherentemente relacionais, e portanto nao
precisariam ser "aplicativizadas") (uma variante do argumento anterior).
	Portanto ficam de fato duas possibilidades para a estrutura de
"i-nho rop"; ou "nho" e o nucleo e "rop" e o adjunto, ou ao contrario.
(Resta tambem explicitar o que e a adjunc,ao, e claro.) Como voce sugere,
a possibilidade de sofrer incorporac,ao e um bom teste para saber o que e
nucleo de um sintagma nominal. No entanto acho que nao e possivel aplicar
este teste de maneira muito clara em uma lingua como o Mebengokre, que e
estritamente SOV. Talvez ha alguma maneira de traduzir os testes de
extrac,ao a esta situac,ao, mas nao me ocorre como. Por outro lado, para
manter a analogia com outros sintagmas nominais, em que os adjuntos
aparecem sempre a esquerda (com uma excec,ao importante) e na qual os
"quantificadores", diminutivos e outros constituintes perifericos do SN
aparecem imediatamente a direita do nucleo, parece-me que e mais razoavel
supor que e "inho" que esta em adjunc,ao: "inho rop-re", "inho rop-'o",
meu cachorrinho, um meu cachorro; "ba-kam mry", "kax-o rara" animal do
mato, caixa de metal.

	Mas gostei mesmo da ideia, pois e curioso que muitos verbos
transitivos em Mebengokre costumam ser detransitivizados para logo ser
transitivizados de novo (o aj-kame, o aj-kate: empurrar, quebrar). Parece
analogo com o que voce descreve, mutatis mutandis.
	Espero seguir ouvindo novidades sobre este tema. (Espero nao ter
malinterpretado sua proposta).
	Um abrac,o,
		Andres


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