Ainda Kaingang (Brasil e Argentina)
Wilmar R. D'Angelis
dangelis at UNICAMP.BR
Thu Nov 30 12:08:12 UTC 2006
Pedro, Victor, Eduardo e demais colegas da lista
fiquei contente com a recordação de Pedro, disponibilizando os dados de
Patiño.
Esses dados, no Brasil, estão disponíveis numa lista comparativa que
Telêmaco Borba publicou em "Atualidade Indígena" (1908 - livro que deve
ter re-edição em breve pela mesma Ed. Curt Nimuendajú) e, antes dele, no
artigo "Os Índios Guayanãs", de Benigno Martinez, publicado na Revista do
Museu Paulista, n. 6 (1904).
Sobre essa e sobre as fontes citadas por Victor, e todas as outras fontes
relevantes antes de 1950 para a língua Kaingang, sugiro acessarem um
artigo meu no Portal Kaingang. Trata-se de um texto que apresentei em 2003
no III Macro-Jê (Brasília: UnB), e disponibilizado na internet desde abril
de 2005, que se chama:
"O PRIMEIRO SÉCULO DE REGISTRO DA LÍNGUA KAINGANG (1842-1950):
VALOR E USO DA DOCUMENTAÇÃO ETNOGRÁFICA"
Encontra-se em
www.portalkaingang.org > Bibliografia > Bibliografia Crítica
Ou diretamente pelo atalho:
http://www.portalkaingang.org/Primeiros100anos.pdf
Abraços
Wilmar R. D'Angelis
> Caro Viegas e demais amigos da lista
>
> Ainda no tema Kaingang, vocabulários antigos e semelhanças, acho que vale
> a
> pena citar algumas obras históricas, por seu valor histórico e potencial
> para estudos diacrônicos. Desculpem-me os que já conhecerem as obras
> citadas.
>
> Comecemos pelo vocabulário Kaingang - Yakwä(n) Dagtéye, recolhido por
> Nimuendaju e "levantado pela índia Mariana, do Rio do Peixe, na Fazenda
> Mattão do Crl.. Sanches de Figueredo, perto de Plastina, em 1909" conforme
> transcrito numa brilhante carta de Curt Nimuendaju a Rosário Farani Mansur
> Guérios, datada de Belém do Pará em 16 de Dezembro de 1944. Curiosamente
> esse vocabulário só foi publicado devido à "desobediência" de Guérios que
> não cumpriu o pedido de Nimuendaju para que não o publicasse (Revista do
> Museu Paulista, N.S., Vol II; 221-223). São cerca de 250 entradas
> (incluídas
> aí algumas frases). Infelizmente não o tenho digitado. Creio ser um bom
> material para estudo diacrônico pois remonta a essa língua a quase 100
> anos
> atrás.
>
> Um outro aspecto é que essas cartas (12 datadas entre 4 de maio de 1943 e
> 7
> de dezembro de 1945) trazem um interessante conteúdo, num tempo em que os
> estudos lingüísticos eram bem mais singelos, espontâneos e extremamente
> ecléticos. Há 63 anos atrás o mestre Aryon Rodrigues já era citado...
> Aliás,
> pelo que me consta Guérios foi seu professor em Curitiba. As cartas de
> número 11 e 12 são do Prof. Aryon endereçadas ao Nimuendaju. Parecem ser o
> primeiro contato entre eles.
>
> Lembramos que em 1942 numa separata dos Arquivos do Museu Paraense (Vol II
> -
> Artigo IX; 97 a 178 "dado à publicidade em julho de 1942", Guérios já
> publicava seus "Estudos sobre a língua Caingangue" notas histórico
> comparativas: dialeto de Palmas e dialeto do Tibagí - Paraná". O texto é
> uma
> fonte fantástica da etnografia Kaingang do século passado. Como discípulo
> de
> Trombetti, Guérios se lança em estudos de "glotologia comparada" que, se
> hoje podem ser considerados fantasiosos, nem por isso deixam de ser
> interessantes para se ler.
>
> Ainda dos Arquivos do Museu Paranaense, do qual Guérios era consultor de
> lingüística, há no Vol VI 1947. a reedição da obra "Apuntes sobre el
> idioma
> Caingangue de los botocudos de Santa Catarina, Brasil" de autoria de Wanda
> Hanke. A obra consta de vocabulário estruturado (parentesco, natureza,
> partes do corpo, coisas e produtos, "abstracta", poronomes, adjetivos,
> numerais, advérbio, verbo, esboço gramatical, pequenas frases e saudações)
> e
> de textos extensos em Kaingangue e Português (não sincronizados), etc e
> etc.
>
> Esse artigo é seguido por um outro da mesma autora. "Vocabulário del
> Dialeto
> Caingangue de la Serra do Chagú , Paraná. Embora menos extenso, é
> estruturado de forma semelhante ao anterior.
>
> Finalmente acho interessante citar o texto "Indios Caingangs (Coroados de
> Guarapuava) Monographia acompanhada de um vocabulário do dialeto que usam
> por Alfredo d'Escragnolle Taunay. Infelizmente não consigo precisar a data
> de edição mas deve ter sido redigido por volta de 1886 enquanto Taunay era
> "presidente" do Paraná e Senador do Império. O vocabulário é acompanhado
> por
> texto etnográfico.que descreve os Kaingang do final do século XIX,
> portanto
> a bem mais de 100 anos.
>
> Um abraço a todos.
>
>
> Victor A. Petrucci
> Campinas - Brasil
> ----------------------------------------------------------
> Visite meu site / Visit my site / Visite mi sitio
> http://geocities.com/indianlanguages_2000
> 530 línguas indígenas / lenguas indígenas / indigenous languages
> 28.000 palavras / palabras / words
>
>
>
>
>>From: Pedro Viegas Barros <peviegas2003 at yahoo.com.br>
>>Reply-To: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
>>To: etnolinguistica at yahoogrupos.com.br
>>Subject: Re: [etnolinguistica] Sobre Kaingang na Argentina
>>Date: Wed, 29 Nov 2006 01:49:29 -0300 (ART)
>>
>>Estimados colegas:
>>
>> En el mail anterior hubo problemas con algunos números. No son 64 las
>>palabras "guayanás" de Patiño publicadas por Lista, sino 55. Y no so 9
>> sino
>>11 las que este último autor agregó.
>> En la parte final del mail, donde está escrito "durante los siglos XV
>> a
>>XVII" léase "durante los siglos XVI a XVIII".
>> Finalmente, en la referencia, omití las páginas del libro del tomo I
>> de
>>las Obras de Ramón Lista en que aparece su trabajo "El territorio de las
>>Misiones", y que son: p. 275-347.
>> Dusculpen estas erratas.
>>
>> Cordialmente,
>>
>> J. Pedro Viegas Barros
>>
>>
>>
>>Pedro Viegas Barros <peviegas2003 at yahoo.com.br> escreveu:
>>
>> Estimados colegas:
>>
>> Quiero felicitar públicamente a los responsables de la traducción y
>>publicación del trabajo de Ambrosetti. Me parece muy importante que este
>>trabajo se publique en el único país donde actualmente se habla Kaingáng,
>>Brasil, aunque la lengua también se habló en territorios pertenecientes
>>actualmente a Argentina y Paraguay.
>> Si no me equivoco (no soy especialista en la lengua), para el Kaingáng
>>que se habló en la Argentina, el de Ambrosetti sería el único registro
>>existente.
>> Con respecto al Kaingáng de Paraguay (que posiblemente haya sido un
>>dialecto distinto a los demás), lo único que conozco es el reducido
>>vocabulario guayaná, de 64 palabras, publicado por primera vez en 1883
>>por Ramón Lista (Lista 1998: 344-45), el cual habría sido compilado por
>>
el teniente del Ejército paraguayo, D. Domingo Patiño, que practicó en
>>1863 un rápido reconocimiento del Alto Paraná, dando cuenta a su Gobierno
>>de los resultados de su comisión, en un extenso informe publicado en 1881
>>por la imprenta de ''La Reforma'' de la Asunción, con el título de
>> ''Diario
>>de un viaje por el Paraná'' (Lista 1998: 344, nota al pie de página). A
>>estas palabras, Lista agregó 9 términos recogidos por él mismo en 1882 en
>>Villa Azara (hoy Domingo Martínez de Irala).
>> Dado que estos materiales del Kaingáng paraguayo parecen ser poco
>>conocidos, creo que puede ser de algún interés reproducirlos aquí. Los
>>términos entre paréntesis son los que habrían sido recogidos por Lista,
>> los
>>demás son los de Patiño, siguiendo el mismo orden y con las mismas
>> grafías
>>y las mismas glosas con que Lista los publicara bajo el título de
>>Vocabulario de la lengua Guayaná (de acuerdo a la edición de 1998):
>>
>> Agua Cran (pranl)
>> Arroyo Ramuel
>> Anzuelo Amiriyá
>> Boca Amincá
>> Brazo Aguá (ammá)
>> Cabeza Aparé (ancai)
>> Cabellos Ñamignai
>> Collar Amintao
>> Canoa Neá
>> Camisa Unamá
>> Cuchillo Chambrá (cochá)
>> Cejas Aspingrá
>> Ceniza Nmará
>> Cielo Asó (ard)
>> Dientes Amiyao
>> Estrella Prá
>> Frente (la) Acucá (apucá)
>> Fuego Npai
>> Hombre Cuerá
>> Hacha Nerán
>> Hijo Antrá
>> Hija Ambié
>> Indio Quimdá
>> Jabalí Neré
>> Leon (puma) Chichar
>> Leña Amirybiyá
>> Luna Priihí
>> Manos Amincaminuitá (amenencá)
>> Mono Quiñere
>> Monte Cuche
>> Maíz Dan (quengtá)
>> Madre Anñá
>> Miel de abeja Má
>> Muslo Acré
>> Nariz Amiñá
>> Olla Curuguá
>> Ojos Apintá
>> Oreja Aminerá
>> Pescuezo Ambbruy
>> Pescado Ndayá
>> Porongo Lá
>> Pestañas Apitamingay
>> Patillas Amiyuíag
>> Pecho Amintá (amlé)
>> Pala de canoa Yutá (itá)
>> Piedra Queré (quné)
>> Poncho Nlí
>> Quijada Amincrará
>> Rana Ndaú
>> Sol Roiñá
>> Tigre Chuchí
>> Vientre Ndao
>> Víbora Mbechá
>> Zapallo Pohó
>> Zapo Npaó
>>
>> Referencia:
>> LISTA, Ramón (1998): El territorio de las Misiones, Obras, tomo I
>>(1877-1886). Buenos Aires: Editorial Confluencia.
>>
>>
>>
>> Voy a aprovechar la presente incursión en este foro para hacer una
>>pregunta que hace algún tiempo quiero formular a los especialistas en
>>Kaingáng.
>> Algunos autores han especulado con que ciertos grupos aborígenes de
>> las
>>provincias argentinas de Corrientes y Entre Ríos durante los siglos XV a
>>XVII, de los cuales casi no hay más datos que los etnónimos, podrían
>> haber
>>estado emparentados lingüísticamente con los Kaingáng
>> Se dice entre otras cosas- que el gentilicio Cainaróes
significa
>> algo
>>así como "Cabelludos" en idioma Cáingang (cito de Los caingang de la
>>Mesopotamia argentina, http://caingang.pais-global.com.ar). En el mismo
>>lugar se continúa diciendo luego que
es indudable que toda esa
>> población
>>precharrúa de la Mesopotamia Argentina era de estirpe cáingang. Por
>>consenso general, lo eran los llamados Gualachies del norte, y lo eran
>>también los Yaróes del sur. Lo fueron igualmente toda un aserie de
>> pequeñas
>>entidades que, cual los Guayquirarós, los Cupizalós y los Eguarós, son
>>mencionados por las fuentes históricas del siglo XVIII en el interior de
>>Corrientes. Y lo son finalmente muchos topónimos de la misma región. Con
>>respecto a esto último, creo el autor debe estar refiriéndose a alguna
>>interpretación hecha originalmente hace unos 70 u 80 años por Antonio
>>Serrano (no tengo aquí la referencia exacta, cito de memoria) de un
>>topónimo como Nogoyá a partir del Kaingáng goj
>> agua
>> Mi pregunta dirigida a los especialistas en Kaingáng es: ¿Qué puede
>>haber de cierto en estas especulaciones?
>>
>> Desde ya, muchísimas gracias por la(s) respuesta(s).
>> Cordialmente,
>>
>> J. Pedro Viegas Barros
>>
>>
>>"Wilmar R. D'Angelis" <dangelis at unicamp.br> escreveu: Peço que
>>divulguem na nossa lista. Obrigado.
>>Wilmar DAngelis
>>
>>A Editora Curt Nimuendajú acaba de lançar (na Feira do Livro de Porto
>>Alegre), mais uma obra de interesse histórico, etnográfico e lingüístico
>>sobre uma população Jê. Trata-se do livro
>>
>>OS ÍNDIOS KAINGANG DE SAN PEDRO (MISSIONES), COM UM VOCABULÁRIO
>>de Juan Bautista Ambrosetti
>>
>>Esse livro torna acessível uma clássica etnografia sobre os Kaingang,
>>publicada originalmente em espanhol (Buenos Aires, 1894). Não há sequer
>>um exemplar da publicação original em bibliotecas e instituições públicas
>>brasileiras.
>>Trata-se do mais importante e original trabalho sobre comunidades
>> Kaingang
>>que habitaram em território argentino (em Missiones), no século XIX. Juan
>>Ambrosetti visitou a última delas, em San Pedro, em suas importantíssimas
>>Viajes a Misiones, àquela época uma região de floresta quase inacessível.
>>Entre seus méritos, esse trabalho de Ambrosetti tem o de ser a publicação
>>etnográfica que divulgou as primeiras fotografias dos Kaingang (presentes
>>no volume).
>>O trabalho de Ambrosetti inclui, além disso, um vocabulário com mais de
>>800 itens (no livro, em versão trilíngüe), o mais importante vocabulário
>>dessa língua publicado antes de 1900. Até o aparecimento do Dicionário do
>>Frei Val Floriana, em 1920, nenhum outro vocabulário publicado havia
>>superado o de Ambrosetti em extensão. Há problemas, certamente, com sua
>>anotação ou transcrição das palavras kaingang, mas isso não reduz sua
>>importância histórica, nem o despoja de valor lingüístico
>>O livro de Ambrosetti também deu divulgação à história do menino
>> Bonifácio
>>Maidana, cujo pai fora morto pelos índios, e que, adotado por um deles,
>>veio a se tornar o último importante cacique Kaingang em território
>>argentino.
>>
>>A publicação da etnografia de Juan B. Ambrosetti sobre os Kaingang de
>>Missiones (Argentina) do século XIX, constitui o segundo lançamento da
>>Série Etnografia e História, da Editora Curt Nimuendajú.
>>Nessa série são publicados textos etnográficos e históricos clássicos
>>sobre populações indígenas brasileiras, e em especial, traduções de
>>trabalhos originalmente divulgados em língua estrangeira, de difícil
>>acesso a pesquisadores brasileiros e às próprias comunidades indígenas.
>>
>>A Editora Curt Nimuendajú é uma editora independente, não subsidiada,
>>totalmente dedicada às questões de interesse das populações indígenas.
>>
>>Acesse: www.curtnimuendaju.com
>>
>>ou escreva para: pedidos at curtnimuendaju.com
>>
>>--
>>
>>
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